Qual o propósito das festas juninas nas escolas?
Festa junina em escola tem o objetivo de manter viva uma importante tradição da nossa cultura ou é só um meio de angariar fundos? Tenho esta dúvida todas as vezes que vou a uma quermesse e vejo pais constantemente assediados por crianças desesperadas por fichas para jogar nas barracas, filas para comprar comidas e tudo girando em torno de dinheiro.
Não questiono a festa em si. Adoro a música, o quentão, os quitutes, o colorido das fitas, a molecada jogando estralinho, as conversas ao pé da fogueira (que nem brilham mais). Mas nas festas que tenho frequentado, a confraternização tem sido claramente ofuscada pelo comércio e me pergunto se isso é adequado no ambiente escolar.
As alternativas existem. Há alguns anos, fui a uma festa em uma escola de São Paulo que era organizada com a participação dos pais. Cada um levava um prato de comida e bebida. Tinha a equipe do quentão e do vinho quente, a equipe da fogueira, a equipe da limpeza. Era tudo de graça. E não havia música sintetizada nos altos falantes: contrataram uma bandinha típica com sanfoneiro, violeiro, percussionista e cantor, que tocava forró e músicas juninas.
As brincadeiras com prendas (também arrecadadas pelos pais) eram gratuitas e foram só no início da noite. No restante, a criançada se entreteve com brincadeiras e danças típicas: pés de lata, corrida de saco, ovo na colher, rodas e quadrilhas que não eram ensaiadas e todos, adultos e crianças, eram convidados a dançar.
Entendo que há escolas que, pelo tamanho, não conseguiriam organizar uma festa tão "caseira". Por isso, o ideal seria pais e educadores se reunirem para debater o assunto e buscar novos formatos de comemorações menos focadas na dinheirama e na jogatina infantil. E com mais foco na tradição junina, no encontro, na confraternização. Sem esquecer é claro, do comprometimento da festa com o meio ambiente. Não dá para valorizar a tradição do campo enchendo a cidade de lixo.
Comentários
Na escolinha do meu filho nem tem festinhas assim, mas sempre fico com a impressão que fizeram para cumprir tabela, pq a participação das crianças de resume a dançar a quadrilha. Tudo foi comprado pronto, feito...
Tudo bem, que eu teria problemas em fazer alguns quitutes para levar por falta de tempo e de habilidades, rsrsrsrs, mas teria um gostinho muito melhor, se fosse feito pela família, ou pelas crianças...
Bjoks
Paula
E as festas que a música é country americano! Essas eu quero morrer. Supertípicas, não?
Bjs!
Perfeito!
Bjus
Mas sabe que a escola das minhas filhas até tem evitado esse comércio todo? Existe a venda de comidas e bebidas, mas a preços bem pequenos, sem que precisemos dar uma contribuição "extra" para isso...
Um beijo!
Renata.
Semana que vem, irei a uma festa caipira em uma escola de Monteiro Lobato, que tb tem este espírito comunitário da roça. É no mato, tem uma fogueira linda e as crianças carregam lanternas caipiras feitas por elas (vidros de maionese, pintados a mão com areia no fundo e uma vela acesa dentro.) As opções do cardápio não são muitas (mas são deliciosas) e é tudo baratinho. Os bons exemplos existem,
Mas hj uma mãe me contou que a escola das filhas dela tem desfile de roupa caipira - DE GRIFE! Eu nem sabia que as grifes caras tinham entrado para o ramo caipira. Os vestidos são comprados em lojas de shoppings centers, por preços altíssimos. É o verdadeiro "xique no úrtimo"! As grifes estão no direito delas de fabricar o que quiserem, mas a escola promover a exibição fazendo até desfile é o fim, não?
Bjs!
Sabe que lendo seus "posts" vejo que não sou uma "et"... rs... este ano meus filhos (7 e 9) não quiseram dançar e decidiram sozinhos... e o mais novo já convenceu o mais velho prá não ir na festa... no final das contas, até achei bom pois essas festa é uma gastança danada e de junina, não tem nada pois eles querem mesmo é ficar pulando na cama elástica... Um abraço e parabéns pelo blog!
Sabe o que me mata nas festas juninas? As prendas. Estimulam um comércio besta de coisas descartáveis. Não prestam pra nada.
Bjins
Hoje por acaso recebi um release do assunto e vou postar aqui caso alguém se interesse pelo outro lado...
Bandeirinhas, paçoca, pé-de-moleque, quadrilha, camisa xadrez. É tempo de festa junina e a Escola de Educação Infantil Ápice, no Morumbi, já começa os preparativos para seu animado arraial. No dia 27 de junho, sábado, a Escola abre a porteira e recebe pais e familiares dos caipirinhas.
O dia será reservado especialmente para as apresentações de danças e do casamento típico, com horários específicos para cada faixa etária (10h, 13h e 15). E é claro que não poderiam faltar os comes e bebes típicos de festa junina.
Segundo Maria Rocha, diretora do Ápice, o objetivo é promover a integração e confraternização das famílias. “É papel da escola trazer os pais para o ambiente escolar da criança e organizar situações em que eles possam interagir entre si”, explica a especialista.
Já no dia 30 de junho, terça-feira, a Escola Ápice organiza as barraquinhas de brincadeiras típicas exclusivamente para as crianças. Nesse mesmo dia, elas também trabalharão com as músicas juninas.
Toda a decoração do arraial é confeccionada com a ajuda dos pequenos e, neste ano, será feita de chita, um tipo de tecido florido, com a temática “chita chique”.
Em época de festa junina, a psicopegadoga Ana Cássia Maturano aproveita para ressaltar a importância da comemoração de eventos culturais na vida da criança. “É uma fora de conhecer e perpetuar as tradições de um país, essenciais para a formação de um povo”, explica a especialista. “As datas comemorativas permitem à criança situar-se dentro de uma cultura e a criar a noção de tempo”.
Por essas razões, Ana Cássia enfatiza que as escolas infantis devem sempre trabalhar essas datas especiais. No entanto, explica, ainda, que devem pensar novas abordagens, “para não cair na mesmice e manter presa a atenção da criança, ano após ano”.
Informações
Escola de Educação Infantil Ápice - Tel. (11) 3721-7690
Acho que sou muito 8 ou 80...
Mas enfim, parece que o mais importante é parecer bonito, né? heheheheh
Ficamos então fechadas que as festas têm que ocorrer, mas o significado delas e a forma com que são trabalhadas é que devem ser cuidadosamente pensados para que se mantenha o interesse dos participantes e a preservação de uma tradição cultural. E não seja apenas um encontro pra cumprir tabela ou um grande mercado enfeitado com bandeirinhas coloridas.
Lúcia, obrigada pelo comentário! Eu também me lembro de sair com a galera da rua arrecadando prenda (era uma festa antes da festa) mas estudava em escola pública e o dinheiro ia para a APM, que promovia melhorias, tais como melhorar a iluminação das salas, colocar ventiladores (em Ribeirão Preto, eram essenciais!). Mas o pior era a eleição da rainha (não sei se era na festa junina ou em que festa) que coroava a que VENDESSE mais votos. Eu queria morrer porque a minha mãe se recusava a nos deixar participar. Meu sonho era desfilar com aquela faixa, hahahahah.
Sílvia, realmente a qualidade das prendas é de doer. Vai tudo pra lata de reciclável no dia seguinte. Antes eles ganhassem pêssego em calda ou ervilha em lata, como no nosso tempo.
Paula e Renata, os desfiles ocorrem em muitas escolas, mesmo que nem sempre assumidos. Mas sempre tem uma mãe que manda os filhos com remendos de verdade ou fantasias de jornal. Nosso objetivo é fortalecê-las para que elas se multipliquem (mesmo ao preço de serem chamadas de "ripongas" ou malucas. Bjs!
Uma coisa eu aprendi nessa troca de escolas. Os pais são fundamentais na forma com que as escolas operam e educam seja qual for a filosofia de ensino.
Escolas particulares fazem de tudo para obter mais alunos até mesmo sacrificando valores tão importantes na educação das crianças para satisfazer pais.
É isso aí Tá, é bom desabafar mesmo tres anos depois...e saber que não estou sózinha!
bjs
Regina
Outro dia uma mãe, que é professora em uma escola bilíngue, me falou que a escola promove uma feira do livro. O problema é que esta feira, na verdade, é um dia em que editoras caríssimas, bilíngues, montam barracas para vender livros a preços inacessíveis. Mas como uma porcentagem dos alunos é bolsista por ser filho de funcionário, eles não têm dinheiro para comprar um livro por 80 reais. Daí fica aquele cenário: os alunos com dinheiro circulando com sacolas cheias de livros. E outros apenas olhando. A escola poderia facilmente resolver este problema, convidando alguns sebos a participarem do evento. Assim ensinariam várias lições: reuso, economia, solidariedade, inclusão, incentivo ao pequeno empreendedor, etc.
Muito bom o exemplo da escola que vc citou. Não imagino uma escola particular nossa de livro de contabilidade aberto. Mas maior participação dos pais não seria tão surreal. Bjs!