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Mostrando postagens de agosto, 2010

Esse não é o meu filho.

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Esse não é o meu filho. O menino de 7 anos entrega pra mãe o bilhete da professora. Os olhinhos repletos de medo e lágrimas. A mãe, empregada doméstica que estudou só até o ginásio, pára de fazer a sopa para ler: "Mãe, seu filho é desatento, apático, desmotivado e irmão de autista. Favor encaminá-lo a um especialista." A mãe senta-se na mesinha da cozinha. Agora é ela quem está engasgada e com vontade de chorar. Olha para o menino assustado. Chama-o para perto de si. "Amanhã, vou na escola falar com sua professora. Vou dizer para ela que vamos rasgar esse bilhete porque ela errou de criança. Eu não conheço este menino que ela escreveu aqui. Este não é o meu filho. A única coisa que ela acertou foi sobre seu irmão. Mas sobre você...tá tudo errado. Vou falar para ela prestar mais atenção e ver que você não é nada disso." O menino dá uma risada gostosa: "Jura, mãe? Você vai falar pra ela que não sou eu?! Rá, rá...nós vamos mostrar pra ela, né, mãe!&quo

Amamentar não é um ato de amor - parte 2.

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Na semana da amamentação, que aconteceu no início de agosto, o texto "Amamentar não é um ato de amor" , voltou a ser tema de algumas discussões na rede. Agradeço a todas a mães, como a Pérola - do Mamãe Antenada , a sensibilidade com que colocaram novamente em debate a ligação entre amamentar e amar. Amamentar é um ato de amor? Claro que é. Assim como muitos outros. Ninar, acalentar, consolar, dar um banho gostoso, fazer shantala, preparar uma comidinha caseira, tocar, proteger...todos são atos de amor. Mas nenhum deles tem hoje a mesma dimensão que a amamentação ocupa na mente e no coração das mães da nossa sociedade. Por isso mesmo, a Vera Pileggi Vinha, minha mãe, quando estava nos últimos anos de uma vida dedicada ao estímulo ao aleitamento, foi contra usar este apelo como tema das campanhas pró-amamentação. Por quê? Porque ela identificou que este apelo tinha dois efeitos devastadores: enchia de ansiedade as mulheres inexperientes de uma sociedade cada vez mais distant

Escola emburrece.

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Escola emburrece. O uso das marcas da Coca-Cola, McDonald's e Objetivo nas apostilas de uma escola cara de São Paulo, acendeu recentemente o discurso sobre o estímulo ao consumismo na sala de aula. Segundo a matéria da Folha Online , os educadores envolvidos foram logo sacando o argumento padrão nº 1 contra pais que questionam: "não se pode criar um filho numa redoma". Como se estudar numa escola cara, recheada de tênis de marcas, aipodes, aifones, aimeubolso e aiminhasantapaciência, fosse mantê-los numa bolha anticonsumo. Querer que, ao menos no material didático, marcas não fiquem desfilando na frente das crianças é ser superprotetor? Me poupem. Mas vamos voltar para o conteúdo da apostila. Vou ser sincera: não me preocupei tanto com o apelo consumista que, obviamente, está presente de forma vergonhosa na atividade. O que me chocou foi a pobreza do exercício! Os pais pagam mil reais por mês e a escola tem a cara de pau de dar um exercício daquele nível gráfico e intelec

Meu pai quer plantar árvores.

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Meu pai quer plantar árvores. Meu pai tem 74 anos e aposentou-se recentemente. Poderia, com louvor, calçar o chinelo e esperar na sombra o bondão passar. Mas quem o conhece sabe que isso dificilmente aconteceria. Este homem que passou a vida toda na urbanidade, resolveu plantar árvores. Não uma ou duas. Hectares de árvores. No momento, procura terras para começar sua plantação de Guanandi. Uma árvore de lei, considerada em extinção, protegida desde os primórdios pela Coroa portuguesa e que leva uns 18 anos pra dar algum retorno ao plantador. "Pai, tem certeza? É nisso mesmo que você quer se meter?" "Filha, certeza absoluta." Ele responde com o entusiasmo de um surfista que descobriu uma praia deserta de ondas perfeitas. "Eu me vejo caminhando por entre as alamedas de árvores. Quero encher pastos e pastos com Guanandi. E vou colocar um pouco de Acácias também, pra ter flores, abelhas e produzir mel." Quando escuto o carinho com que meu pai fala de suas árvo

Desinibidos e desavisados - a exposição adolescente na rede.

Desinibidos e desavisados - a exposição adolescente na rede. A avó me conta, com um riso meio constrangido, que o neto está fazendo sexo virtual. A namorada pede que ele tire a roupa diante da uébicam e diz que está toda "molhadinha". O neto tem 14 anos e a namorada 13. E os pais não sabem direito o que fazer, além de instalar filtros no computador. Não ia publicar este texto. Achei invasivo demais. Incômodo. De uma intimidade que não me pertence. Até que li, domingo passado, a matéria do Estadão sobre a preocupante onda de exposição adolescente na internet . E depois saiu matéria no Fantástico. É um assunto que ainda vai dar muito o que falar. Porque é grave e o fenômeno só cresce. Entendo a curiosidade dos adolescentes. Já fui uma e também tive vontade de tirar fotos nuas. Necessidade de me sentir sexy. Mas era num tempo em que nossas fotos, no máximo acabavam numa caixa de sapato no guarda roupa. Há uma cena hilária no filme "Doidas Demais", em que a Goldie Hawn