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Mostrando postagens de novembro, 2013

O lanche no lixo

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O lanche no lixo O menino começou a devolver a merenda sem comê-la. A mãe estranhou. Normalmente ele era morto de fome, mas o lanche, preparado com tanto carinho, estava voltando intacto. As desculpas habituais "eu tava sem fome", "quis jogar bola no recreio" não colaram. Uma observação atenta e ela percebeu que o adolescente estava com vergonha de levar lanche de casa. Abrir a mochila e enfrentar o olhar da galera diante de um sanduba no pão integral ou de uma fruta, para ele era a morte. Queria comer os salgados da cantina, como os demais colegas.  A mãe, do tipo natureba econômica, argumentou que o lanche que ela fazia era muito mais saudável que o da cantina e, além disso, ela e o marido suavam para pagar a escola particular. Lanche da cantinha era um luxo para os dias em que o despertador falhava e não dava tempo de preparar nada. Um empaca daqui, o outro dali e, passados seis meses de lanches devolvidos, a mãe desiste.  "Olha,

A namorada da filha do Sílvio.

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A namorada da filha do Sílvio. O garoto se aproxima da mãe com cara de aflito. "Mãe, segunda-feira vai ter balada teen no Puxadinho. O Thiago me convidou. Eu posso?" Pela expressão do garoto, a mãe percebe que ele queria muito ir e temia mais ainda que os pais não permitissem. "Balada teeen numa segunda-feira?" "Estamos nas férias, lembra? Deixa mãe, todos os meus amigos vão. E eu nem vou ter que pagar os 25 reais da entrada porque o bar é da namorada da tia do Thiago. Ela coloca nosso nome na lista." O menino continua explicando. Não ia ter álcool, maior de 18 anos não entra etc, etc, etc. Mas a mãe, a partir daí, só vê os lábios dele se movendo e não presta atenção em mais nada. Estava focada na descoberta da namorada, com A no final, da filha do Sílvio, amigo da família e avô do Thiago. Antes que transparecesse o que ia na mente, trata de encerrar o assunto com a resposta padrão para todas as situações saia justa da maternida

"Filho, se vira."

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"Filho, se vira."  O menino sai da escola bravo e muito agitado.  "Mãe, me tira dessa escola! Me tira dessa escola, já!"  "Nossa! O que aconteceu?!"  "Eu não aguento mais uns meninos da minha classe. O Fulano e o Beltrano ficam me zoando! Mãe, me põe noutra escola, hoje!"  O mãe fechou os olhos por alguns segundos. Sempre havia sido muito solidária com as queixas do menino, conhecia seus problemas de relacionamento, mas dessa vez não sabia como reagir. Respirou fundo, seguiu sua intuição e a fala veio como se estivesse tomada por outro ser.  "Filho, senta aqui e preste muita atenção no que vou dizer. Eu e seu pai já fizemos tudo o que podíamos pra te ajudar com os amigos da escola. Já conversamos com professora, com coordenadora, te trocamos de escola o ano passado, tornamos a falar com professoras e coordenadoras dessa nova escola, juntamos a turma pra um cinema, convidamos amigos pra brincar em casa. Voc