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Mostrando postagens de 2007

Raiva no Urbanova

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O Ombudsmãe encerra o ano com raiva. Raiva que me tirou cedo da cama num dia chuvoso de férias. Ontem os ilustríssimos vereadores da minha cidade aprovaram a verticalização do meu bairro. Para quem não conhece, moro num bairro residencial às margens do Rio Paraíba. Muito verde, muitos animais silvestres, matas nativas e minas de água. Por causa disso tudo, o que antes era matagal, agora é o bairro mais valorizado da cidade. Óbvio. Natureza e qualidade de vida viraram artigos de luxo no Brasil. Um luxo que nem a Daslu entrega. Pois valorização atrai como carniça os abutres da especulação imobiliária. Abutres, porque eles chegam, se apoderam, destróem, tampam o sol, estragam o trânsito, secam olhos d’água, roubam o horizonte, o sossego e a beleza. Logo, tudo o que era mais valorizado neste bairro deixará de existir. Seremos mais um bairro como qualquer outro no cenário urbano. Isso tudo me fez pensar no quanto estamos longe, longe, longe de sermos a cidade moderna e tecnológica que tenta

Qual é mesmo o titulo?

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Outro dia li uma frase da incrível Drew Barrymore (qualquer pessoa que aos nove anos leva uma vida de Vera Fischer e sobrevive para contar é, no mínimo, incrível) dizendo que ela é muito esquecida. Que perde cartões de crédito, esquece de abastecer, tranca a chave dentro do carro etc. Passei a gostar ainda mais dela. Sou uma dessas pessoas que também esquecem tudo. Vivo sempre meio desligada e corro pra lá e pra cá tentando tapar os buracos. É a roupa da natação de um dos meninos que não foi, é a rematrícula no violino, é o ingrediente da aula culinária que eu achei que era pra quinta e era pra quarta...enfim, tem sempre um rabicho esquecido me mantendo craque em malabarismo e adaptações. E não adiantam agendas e planilhas. Eu esqueço de anotar e olhar. Tenho uma amiga querida que tem uma planilha com todas as atividades do filho marcadas, do início ao final do mês. Tudo o que ela precisa de lembrar ao alcance dos olhos. Jesus, que inveja!!! Tudo isso pra explicar a encrenca que me met

Educar é ensinar a superar limites

06/11/2006 Educar é ensinar a superar limites Por Rosely Sayão Uma mulher entrou no elevador com a filha de mais ou menos quatro anos. Assim que entraram, a garota se apressou para apertar o botão e a mãe logo informou qual era o número. A garotinha, que era uma graça, respondeu imediatamente: - Eu já “sabo”, mãe. - Não é “sabo”, filha, é sei. - Mãe! Eu “sabo” que é eu sei. Esta é uma boa oportunidade para falar a respeito de uma importante limitação das crianças em relação às regras. Assim que elas descobrem uma regra, seja por conclusão própria ou por aprendizado – elas ficam aprisionadas nas tais regras, Com a idade que tem a garota do diálogo, ela está descobrindo o funcionamento das regras, de todos os tipos. O problema é que, quando descobre ou aprende, ela passa a universalizar o uso, como ela fez com o verbo saber. Se correr resulta em eu corro, se beber em eu bebo e fazer em eu faço, claro que saber só pode resultar em eu “sabo”! O que eu quero dizer é que o maior problema na

Pais dão limites demais e respeitam pouco

São Paulo, quinta-feira, 05 de dezembro de 2002 s.o.s. família rosely sayão Pais dão limites demais e respeitam pouco Discutir a educação é sempre muito estimulante, já que é principalmente por ela que preparamos o futuro. Mas, vira e mexe, volta aquela velha história de que nossas crianças e jovens não têm limites, e parece que esse é nosso maior -se não único- problema na educação. Ora, se faz tempo que ouvimos essa frase e as coisas continuam na mesma, é sinal de que precisamos problematizar a questão e olhar de uma outra ótica. Afinal, qual educador -pai ou professor- não quer praticar uma educação que dê melhores frutos? Todos querem e, se dar limites fosse algo simples, não teríamos tantos problemas. Importante é lembrar que, para impor limites, é preciso exercer autoridade. Desde o início do mundo moderno, vivemos uma crise de autoridade, e não foi a escola -muito menos a família- que a originou. Ao contrário: pais e professores arcam com o fato. Assumir a autoridade sendo mãe,

Neura neles!

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Americano é famoso por neurotizar tudo. Pode reparar. Coisas que eram simples e comuns por centenas de anos, de repente, viram um bicho de sete cabeças porque lá nos EUA é um bicho de sete cabeças. O politicamente correto é um exemplo. Outro dia alguém me disse que não se pode falar que é “desempregado”. O certo é “excluído do mercado de trabalho”. E meu filho acha muito chato o novo Tom e Jerry, que não são mais inimigos. “O outro era bem mais legal, mãe.” Milenarmente, gato persegue rato. Ponto. Quem será que foi o gênio que resolveu dar o bom exemplo? Qualquer criança percebe que fica esdrúxulo. A lista de neuras importadas dava o conteúdo de um site, mas neste texto me concentro em uma: alguém conhece a revista “Men’s Health”? Quem leu o texto "Mulheres Superpoderosas" criticando a disparidade entre revistas femininas e masculinas, vai adorar saber que agora há uma revista made in USA, publicada pela Abril, cheia de neuras e fobias para o “macho” moderno. A capa deste mês

“Não precisa se preocupar”

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Nunca fui fã de celular. Sei que isso soa jurássico, “mais uma daquelas que detestam tecnologia e louvam o LP.” Não é nada disso. Acho chato, inconveniente e difícil de usar. Esse negócio de ter que ficar apertando botãozinho e dar carga é um porre. Mas enfim, me rendi quando tive filhos. Quer dizer, fui rendida. Minha irmã um belo dia apareceu com um Baby (lembra dele?) e disse que uma mãe que se preza jamais poderia ficar sem um celular. Depois do Baby “evolui” para um outro que, um belo dia, caiu no mar de Barra do Sahy. Hoje deve estar na bolsinha de mão da Pequena Sereia. Minha grande amiga Sílvia, testemunha do ocorrido, logo me resgatou do mundo pré-ringtones me dando um celular que ela tinha aposentado. O aparelho está em excelente estado e é bem mais moderno que o meu glub glub, mas apanhei como uma coitada pra usá-lo. Não conseguia ler mensagens, não conseguia aumentar e diminuir volume, enfim, socorro! Aos poucos fui sendo domada e entendendo os humores do aparelho. Já domin

Filhos, o retorno.

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De todas as tarefas árduas da vida, incluindo lidar com pedreiro, discutir a relação e planejar o próximo corte de cabelo, a mais difícil, disparada na liderança do campeonato, é educar uma criança. Antigamente as regras eram mais claras e acredito que tudo era mais fácil. Não podia desobedecer o adulto, tinha que respeitar os mais velhos e aprontou, apanhou. O modelo funcionava? Tem gente que diz que sim e que os métodos modernos de educação são pura frescura estraga criança. Eu assumo que, mais fácil, era. Esse negócio de diálogo e negociações às vezes cansa demais. E nem sempre funciona tão de imediato como uma bela porrada no meio da testa. Mas o fato de ser mais fácil de aplicar, não quer dizer que o método da vovó funcionasse tão bem assim. Quem prega uma volta aos velhos tempos, ignora a legião de adultos absolutamente malucos, desajustados e desestruturados que habita o planeta e circula como gente “normal”. Não precisamos ir longe. Basta olhar de perto a nossa própria família

O cocô e o perfume.

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A Telma Vinha, docente da Faculdade de Educação da Unicamp e minha super irmã, mandou um email comentando que uma escola da Bahia deu nome a um projeto que estuda o sistema digestório (o que houve com o bom e velho sistema digestivo?) de "Será que se eu tomar perfume meu cocô sai cheiroso?". Bárbaro! Um nome infantil, com cara de curiosidade de criança. Pergunte a qualquer uma delas: "Vamos estudar o sistema digestório?" E elas dirão, com toda razão: "Eca! Que chato!". Agora apresente a pergunta acima e todas adorarão descobrir porque o cocô é fedido, porque comemos arroz e não sai arroz, o que é o pum e muitos outros mistérios do corpo e das susbstâncias que saem dele. Quando publiquei o texto sobre a pouca criatividade dos projetos escolares, alguns leitores observaram que o maior problema é a necessidade de se cumprir conteúdos pré-determinados. Este exemplo da Bahia mostra que é possível cumprir com os conteúdos sem perder a graça e a imaginação.

Gostosa

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O Ombudsmãe retorna, com a promessa de que agora as atualizações serão, no mínimo, semanais. Outra novidade é que o endereço ficou mais fácil: www.ombudsmae.com.br Retomo do ponto em que paramos. Revistas femininas completamente fora de sintonia com o universo feminino. E o que é pior, ajudando a derrubar nossa auto-estima e mantendo-nos em constante culpa. Dei uma conferida nas bancas. Há dezenas de revistas dedicadas à mulher. Todas, com fórmulas "simples" e eficazes de obtermos equilíbrio "marido + carreira + filhos + corpo esplêndido" (a única excessão é a Nova, que promete o mapa para o ponto G. Deles. ). Minha pergunta: se fosse tão fácil equilibrar tudo, por que martelam tanto o tema? Se é tão básico, por que tantas mulheres estão enlouquecidas, cansadas e frustradas? Sinceramente, precisamos aprender com os homens. Confiram as revistas masculinas - 70% trazem na capa a gostosa do mês. Outras 20% trazem a moto ou o carro do mês. E as 10% restantes trazem a go

Mulheres Superpoderosas em: “Dia-a-dia, a missão”.

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O Ombdsmãe ficou desatualizado por um motivo cada vez mais comum: não dava tempo! E quando dava, não havia energia para nada, muito menos pra pensar. Parei. E agora retorno fazendo um manifesto contra esta vida de Mulher Maravilha que está mais pra Super Otária. Que é isso, gente?!!! Que revolução foi esta que tirou a gente da cozinha e enfiou no trânsito? Queria mais era ficar em casa, fazendo pão e tortas de abóbora do que ficar indo pra lá e pra cá, descarregando filho, fazendo supermercado, preparando aulas, dando aulas, corrigindo trabalho, participando de simpósios (quem ousa ficar desatualizado?), indo no pediatra e blá, blá, blá. Vou parar antes que me canse novamente e não chegue ao final do texto. A verdade é que ando rezando pra esta semana terminar e entrarmos todos de férias. E decidi que retornarei no próximo semestre decidida a organizar melhor as coisas e aliviar um pouco a missão impossível. Ainda não sei como. Mas tenho um mês inteiro para pensar num plano diabólico p

Grupo de pais

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Aqui em São José dos Campos, estamos organizando um grupo de pais e mães pra discutirmos e trocarmos experiências sobre a árdua tarefa de criar filhos em tempos modernos. Como diz a Rosely Sayão, antigamente, os padrões educativos eram bem estabelecidos e os pais, pra bem ou pra mal, sabiam como agir. Hoje em dia, tudo é questionado, o mundo e as relações humanas mudaram muito. Estamos no meio de uma era de muita confusão. Eu pessoalmente acho que o resultado de tanta ebulição será positivo. Discutir e questionar padrões estabelecidos é sempre benéfico e necessário pra nossa evolução. Mas estar no olho do furacão é complicado e desgastante. Daí a necessidade de fazermos trocas. De apoiarmos uns aos outros. Nosso grupo vai se reunir semanalmente na casa de uma amiga e contará com a mediação de uma psicóloga, especializada nas relações familiares. Iniciaremos lendo "Pais liberados, filhos liberados", um livro muito bom sobre a comunicação entre pais e filhos. De texto leve e c

Alfabetização precoce

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A Ana Paula fez um comentário da maior importância. O que leva tantas escolas a alfabetizarem e “numerarizarem” tão cedo nossas crianças? Já presenciei uma professora dizendo com orgulho que todos os seus alunos de 2 anos terminam o ano sabendo “escrever” o nome! Coloco o verbo entre aspas pois não acredito que uma criatura ainda de fraldas, que mal consegue segurar o lápis, saiba que as formas que copia no papel sejam parte de algo muito maior que é a escrita. Daí vem a explicação chavão “os pais exigem”. Sinceramente, uma escola dizer isso é colocar um atestado de incompetência na porta. Pai e mãe não são educadores. Eles podem ter suas angústias e neuroses (quem não as tem?), mas um educador formado, conhecedor do desenvolvimento infantil e ciente de seu papel na construção do conhecimento, ser conivente com esse comportamento – e até estimulá-lo - é mais do que adaptar-se ao mercado. É irresponsabilidade. Imaginem um pediatra dizendo: “a criança está bem, mas a mãe quer que eu a op

Professor especialista - necessidade ou piroctecnia?

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Hoje levanto uma questão que tem me proporcionado muitas dúvidas e que tem se tornado rotina em muitas escolas de educação infantil. Meu caçula tem 3 anos e…6 professores na pré-escola - duas de sala e 4 especialistas –música, inglês, biblioteca e educação física. O meu outro menino, tem 6 anos e…8 professores – 2 de sala e 6 especialistas – os mesmos do caçula, mais o professor de artes e a de informática. Minha pergunta é: precisa? Quais os ganhos de expormos crianças tão pequenas a uma rotina de troca de professores, antes exclusiva aos alunos mais velhos? Pode-se argumentar que o professor especialista sabe mais da disciplina e, portanto, estaria mais apto pra ministrá-la. Concordo. Mas estaria ele apto para enxergar a plenitude da criança e seu processo individual de aprendizado, como um professor generalista competente e bem treinado? Não acredito. O professor especialista trabalha com muitas turmas e horários pré-determinados. As atividades têm hora para iniciar e acabar, o que,

Projetos - Agua, de novo?

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Água, de novo? Hoje em dia, a maioria das escolas caminha para a educação por projetos. Nada contra. Muito pelo contrário. A dinâmica dos projetos é muito mais rica e significante que o aprendizado decorado e massificante no formato “lousa-livro-prova”. O problema aparece quando observamos a forma como os projetos são escolhidos e montados. De uma escola para outra, os temas variam muito pouco. A impressão que temos é que há um “banco de projetos” pobre e repetitivo de onde os professores tiram suas propostas. É sempre água, solo, “o que é o que é”, reciclagem de lixo, “minha história – minha vida” e outros do gênero. Temas excelentes, mas quando usados à exaustão acabam tornando-se cansativos e repetitivos. A massificação dos temas de projetos afasta-os da proposta inicial que é proporcionar ensino temático personalizado aos interesses e necessidades dos alunos de cada turma. Os defensores do “banco de projetos” podem dizer que, apesar dos temas serem quase sempre os mesmos, a própria