Uma casa feita de histórias.
Hoje é dia de blogar sobre quem me iniciou no mundo da leitura (veja o selinho do Monteiro Lobato, na lateral esquerda). Uma iniciativa bacanuda da Vanessa, do Fio de Ariadne.
Sou daquelas pessoas que adoram ler. Leio na cama, no banheiro, no ônibus, nas salas de espera de médico. Quando fico um tempo sentada sem minha leitura, morro de tédio, fico perdida. Não sou do tipo que se resolve apertando botãozinho no celular. Gosto de livros, jornais, revistas e, na falta deles, rótulos de remédio, embalages de sabonete, folhetos, qualquer coisa que tenha letrinhas e as letrinhas formem palavras.
Quando era pequena, minha casa tinha literatura para todo lado. No escritório do meu pai, prateleiras cheias de livros. Sobre as mesas, livros de mensagens espíritas, que eram lidos nos cultos semanais ou numa prece de emergência. Na cozinha, cadernos de receitas, copiados com a letra da minha mãe ou de minhas tias. Nas cabeceiras, romances, livros "Para gostar de ler" e aqueles pequeninhos das Edições de Ouro. No tacho da sala, o jornal diário e muitas revistas.
Tudo isso, naturalmente, me levou a ler. Mas acho que o fator mais determinante, foi que tive a sorte de ter um Monteiro Lobato na minha vida. E uma Emília.
O Monteiro Lobato foi meu pai. Ele foi o incentivador oficial. Na hora de dormir, lia livros apaixonantes, como "Robson Crusoé", na versão do próprio Lobato. Eu e meus irmãos adorávamos. E comentávamos tanto que ele acabou criando uma regra que não podíamos interromper muito, para conseguir chegar ao final do livro.
Segundo as teorias do meu pai, para formar o hábito da leitura, podíamos ler qualquer coisa que gostássemos. O ato de ler era mais importante que o conteúdo. Ele pregava que uma vez desenvolvido o hábito e nos tornássemos leitores, acabaríamos mais seletivos. A própria leitura ajudaria a refinar nossas escolhas.
A Emília foi a minha mãe. Ela foi o lado lúdico que equilibrou o pai Monteirão. Era ávida leitora de gibis e comprava todos: Turma da Mônica, Disney, Bolinha e Luluzinha, Brotoeja. À noite, deitávamos com ela na cama de casal e líamos gibis até cair no sono. Dela também vieram as coleções de contos de fadas, os Disquinhos que ouvíamos na vitrola e os clássicos Disney. Adorava colecionar fascículos vendidos em banca de revista e por conta disso, tínhamos coleções de artesanato, de brinquedos de sucata, de jardinagem, Salvat Grandes Temas, Todos os Jogos e muitas, muitas outras.
Me lembro também das tardes que passávamos colando figurinhas, com cola de farinha, no álbum de história do Brasil. Ou recortando e montando os brinquedos de papel da revista Recreio.
E assim, sem nem perceber, fomos lendo e crescendo. Hoje somos pais e mães, que tentam proporcionar a seus pimpolhos o mesmo solo fértil para o desenvolvimento da leitura. Lutamos contra monstrinhos poderosos, como o videogame e a tv por assinatura. Mas com carinho, paciência e um pouco de disciplina, acho que o bichinho da leitura também irá contaminá-los. É meu sonho. E uma das maiores heranças que posso deixar para meus filhos.
Comentários
E se Emília foi sua mãe, pra mim ela foi o espelho, alter-ego, depois de eu ter me desiludido com a Narizinho. E se vc teve uma casa cheia de livros e a sua , hoje, também tem esse privilégio, fique tranquila: seus filhos , um dia, vão descobrir. Os meus só descobriram na adolescência tardia. E demoraram pra acreditar que eu havia lido todos os livros. até que um dia desafiei: pois abram aleatoriamente e vejam. eles foramabrindo e viram minhas anotações em cada um. Nos de monteiro lobato viram minhas pinturas. Eu coloria as ilustrações de André Le Blanc!
E até hoje, livro pra mim, é pra ser lido, mastigado, riscado e feito meu inteiro.
beijos
Mari
Mas só conheci a recreio quando meu primeiro filho nasceu,coloridézima e em fascículos colecionáveis!
Meu grande problema agora vai ser ensinar o português para minha filha de 8 anos,e se não for pelos livros de contos e fábulas brasileiras vai ser uma árdua tarefa, pois ela não dá a mínima importância á lingua mãe,pois foi alfabetizada apenas em inglês,e como tinha que estudar Chinês junto, achei melhor não forçar muito a barra com o português, e agora, vamos ver no que vai dar!Ainda bem que guardei minha carteirinha da biblioteca de Floripa,pois já gastei uma grana em coleções inglesas para levar pro Brasil!
Ai, que nostalgia!
Abarcos, Octavio
Abraços
abraço
http://rematteoni.caixadepandora.com.br/?p=2228
É trabalhoso, mas divertido.
Beijo
Re
http://rematteoni.caixadepandora.com.br/?p=2228
É trabalhoso, mas divertido.
Beijo
Re
Mas quem não amamenta não quer dizer que não ama...tantas formas de amar...