Filhos felizes, saudáveis e confiantes...isso existe?



Hoje acordei azeda. Deve ser TPM ou um spam que recebi da Livraria da Folha com o título: "Crie filhos felizes, saudáveis e confiantes."

Preciso de um café, ou melhor, o pessoal da Livraria da Folha é que precisa acordar. Criar filhos "felizes, saudáveis e confiantes" é igual prometer à uma mulher "seja uma grande profissional, esposa inesquecível, mãe zelosa e mulher gostosa". É mais fácil acreditar que viraremos astronautas ou contorcionistas de circo do que atingir tal meta.

É óbvio que todos nós, pais e mães, desejaríamos criar filhos felizes, saudáveis e confiantes, mas no dia-a-dia, no rock pauleira da vida, a gente acaba se conformando em criar filhos divertidos. Ou honestos. Ou gente boa. Ou saudáveis. Ou confiantes. Ou que, pelo menos, coloquem o prato na pia depois das refeições. Tudo junto, só mãe de primeira viagem sonha e apenas enquanto o bebê é pequeno.

Com o tempo vamos caindo na real de que nossos filhos são tão humanos quanto todos os outros e ninguém é perfeito (a começar pela gente). Eles têm inseguranças, adoram comer tranqueiras, mentem, ficam tristes, magoados, agressivos. E quem não fica?

Esse tipo de apelo me irrita, porque serve apenas pra detonar a auto-estima dos pobres progenitores. Que andam tão perdidos, que são até capazes de comprar literatura que precisa ser vendida com tal apelo.

Livraria da Folha, minha sugestão: "Crie filhos aptos a sobreviver neste mundo tão absurdo". É mais real. É mais humano. E não azeda minhas manhãs.

Comentários

Vanessa Anacleto disse…
Ah, Taís! Ontem meu filho de um ano e sete meses, que um dia sonhei seria um menino perfeito, " feliz, saudável e confiante" teve um ataque de birra na porta da sala de aula porque não queria sair do meu colo. Olhei para a cena perplexa. Como se estivesse num pesadelo. E ali eu caí na real. Meu filho perfeito tem temperamento forte e precisa de limite mais do que eu quando era pequena, que era doce e fácil de lidar. Não adianta , só mesmo uma mãe de primeira viagem , quando o filho tem dias pode sonhar tanta perfeição. Estou me contentando fazer dele um cidadão adequado ao sistema e com condições para correr em busca da sua felicidade. E olhe lá!

bjs
Tais Vinha disse…
Vanessa, vc tem toda razão. Quando a gente relaxa e se dá conta que estamos criando gente como a gente, tudo muda de perspectiva. Esperamos menos deles e com menos pressão eles conseguem estabelecer seu próprio espaço na relação. Vira uma troca saudável, sem tantas cobranças.

Qto. ao seu pequeno, permita um conselho de quem já aguentou muita birra em porta da escola: com 1 ano e 7 meses é supernormal! Não esquenta! Apenas certifique-se que a escola é acolhedora e relaxe (uma boa dica é ver se ele sai feliz). E criar cidadão sempre é bom. Mas não muito adequados aos sistema, hahahaha. O mundo precisa de gente questionadora. Como as mamães deles!

Bjs!
Pimenta disse…
Tais,voce tocou no ponto mais delicado do planeta!
Se você é parente, você está perdido, somos uma massa de desorientados,segurando á custo as rédeas do bom senso,e lutando para nos mantermos centrados em um mundo tão caótico e cheio de enganos!
Se é assim para nós, quão dificil é para os pequenos?Temos que puxar o conceito do consumo consciente em tudo na nossas vidas!Até o amor deve ser retornável(e o é de fato, você o dá e o recebe de volta,saudavelmente).
bjos
Anônimo disse…
Hummmm... Fico sempre às voltas com o meu pequeno príncipe para na minha vida de mãe de filho único deixá-lo ser um simples mortal... Mas é difícil, já estou na terapia rsrsrs. Na minha última troca de babá estava às voltas tentando fazer do processo o menos traumático para o filho, depois que decidimos trocar mais uma vez a fiel escudeira, decidi fazer a entrevista com ele (já que é o maior interessado), depois de um tempinho de conversa, brincadeiras (troca de olhares entre os pais aprovando a profissional eleita) o filhote me puxa de lado e pergunta de pé de ouvido: "mamãe, quem é a moça bonita?"
Com isso eu descobri que muito mais que saudável, feliz e seguro ele é muito esperto! Assim como acredito que todos esses pequeninos são! Um grande beijo em todas essas mães e pais esforçadíssimos que dão conta do recado sem nenhum manual e na minha ídala móooor!
Dri.
Renata disse…
Tais, minha dentista comentou comigo hoje sobre o livro "Eu era uma mãe perfeita até ter filhos", algo assim, e ri muito.
Relamente muito sensacionalista o titulo do livro que vc comentou, aliás quem garante ao autor que o conceito de felicidade, saúde e auto-confiança?
Beijo!
Renata
Andrea disse…
É, Taís

É cada uma que tentam nos enfiar goela abaixo, né? E aí, fica todo mundo tentando seguir estes ideiais inatingíveis e se frustrando a vida toda... Porque? Porque os ideiais são i-na-tin-gí-veis!!!!

Muito bem abordado por você. Acho que o pessoal da Folha tá precisando ler o seu blog!!!

Beijão.
Silvia disse…
Renata, tem também um pra crianças, "O dia em que a mamãe virou um monstro" - acho até que a Taís já falou dele aqui. E que mãe nunca virou um monstro?

E, realmente, quem nunca teve filhos não tem a menor idéia do que é criar um serzinho cheio de vontades próprias e que está sempre nos testando. Eu também tinha muitas teorias sobre educação antes de ser mãe. A gente olha pra trás e até ri.

Taís, fia, esquece esses livros e escreve VOCÊ um livro decente sobre maternidade. Vai virar best-seller. :-)
Anônimo disse…
Oi,

Em poucas horas começará a Blogagem Coletiva - Dia Nacional do Livro - Quem foi seu Monteito Lobato? Peço que , tão logo publique deixe um comentário com o link no post do dia do Fio de Ariadne. Abraço e até lá.
Anônimo disse…
Taís, mãe e sempre pior que a mãe dos outros e melhor do que a sogra espalha por aí.
Mãe é tarefa solitária, não importa quantos estão ao teu redor. Nada como colocar no módulo intuição e deixar que a vida siga sem muito espanto ou surtos.Falar nisso, filho já está melhor de todo? Esses sustos ninguém gosta, afff!
Beijocas e pule essas manchetes, menina. Com certeza foram escritas por quem nunca foi mãe.
Bom final de semana.
Renata Rainho disse…
Calma Tais ,a estagiária que criou o tal assunto do e-mail não tem noção do que ela escrevia... bj
Taís Vinha disse…
Renata...tava esperando alguém botar a culpa no estagiário. hahahahahahahaha.