Mães antenadas e estressadas.



Os comentários sobre o texto "Amamentar não é um ato de amor" me surpreenderam. Para ser sincera, esperava muitas críticas - só no google, há cerca de 40 mil entradas para "amamentar ato de amor". Mas chegaram apenas mensagens de apoio e simpatia (algumas até de alívio). Frases reais, de mulheres de carne e osso, relatando suas dúvidas, seus medos, suas inseguranças com um assunto que é quase sagrado.

Deu a impressão que o texto serviu para romper um dique de emoções conflitantes sobre a amamentação e, indo além, sobre a maternidade.

Fazemos parte de um grupo de mulheres que sabe o que é certo fazer. Sabemos que é certo amamentar, ter parto normal, dedicar tempo aos filhos, garantir uma alimentação saudável, estimular a leitura, participar da escola etc. etc. Mas entre "saber o que é certo" e "fazer o que é certo" há uma enorme distância que relutamos em enxergar. Nem tudo depende da nossa vontade e muitas vezes não temos essa vontade. Com isso nos frustramos, nos sentimos péssimas e pior, arrastamos por anos uma culpa imensa, que só serve para corroer nossa auto-estima e nos encher de incertezas.

O fato é que buscamos novos modelos de maternidade que rompam com formatos pré-estabelecidos, porém, sem querer, acabamos caindo em outra forma. A forma da mãe antenada. Ou qualquer nome que vocês queiram dar. Mas no fundo, lá no nosso fundinho, sabemos que mãe totalmente antenada, só tem no formigueiro. A vida logo nos mostra que o percurso da maternidade é cheio de desvios. De emoções que muitas vezes fogem ao nosso controle. E que nada como a criançada uma horinha na frente da TV para termos um tico de sossego.

O ideal, é cada uma de nós encontrar sua própria forma (bem maleável, de preferência). Mas que a busca por essa forma não seja motivo para mais uma neura, por favor! Vamos no sapatinho que uma hora a gente encontra.

Comentários

Hegli disse…
Oiê, não falei que eu iria encher de tanto participar...hehe
Bom, eu não acho que sou do grupo de mulheres que sabe o que é certo fazer, mas tenho certeza que busco novos modelos de maternidade que rompam com formatos pré-estabelecidos.
Principalmente com o modelo de mães que compactuam em utilizar-se da máscara da maternidade, na qual tudo é lindo e maravilhoso e perfeito na vida delas (ou pelo menos elas querem que acreditemos nisso) e acabam por minar nossa auto-estima e nos fazer crer que somos umas porcarias de mãe...
Tenho vários exemplos em minha vida, tias, mãe, avós e amigas guardam segredos tão bem guardados que vc acredita piamente que tudo É FÁCIL na maternidade, isso acaba por ser um pacto secreto e involuntário onde a queixa significa incompetência... (gente, às vezes dou umas viajadas, é uma opinião pessoal tá, rs)
Até VOCÊ ter seu próprio filho e pensar: ou elas mentem ou sou um lixo. Eu preferi acreditar na primeira opção. Pelo simples fato de achar SIM que somos mulheres de carne e osso.
Aqui, relatando dúvidas, medos e inseguranças em VÁRIOS assuntos que são tratados como sagrado, tenho convicção que não quero ser uma mãe antenada, quero ser justa comigo mesma, com meu filho,marido, para não me sentir uma vítima da situação, mártir, quero ser feliz e fazer quem está junto a mim feliz também...
ALém disso, creio que sou um ser humano passível de erros e acertos e tenho cabeça pra pensar que não preciso seguir o modelo desumano que se consolidou em nossa sociedade, que prega que mãe é uma entidade divina, sagrada e perfeita. Ufa, e dá trabalho querer não pertencer a esse padrão viu!!!
Taís, creio que não somos mães antenadas e estressadas, somos mães honestas e amorosas, mulheres preocupadas com o NOSSO bem estar e o de nossos filhos e companheiros, somos sinceras demais pros dias de hj, o mundo não está preparado para nós, hahaha.
Beijos
Anônimo disse…
É só esperar os filhos aparecerem com as primeiras namoradinhas. Aí é que vocês verão até onde viajam os conceitos e certezas!
Quando eles anunciam o casamento, então!
E eu fui a mãe que criou o filho para o mundo e não pra mim. hehehe! As antenas servem atualmente só para não cometer gafes de mãe italiana e sogra idem. Sem culpa, mas de vez em quando cai o pano do circo em cima de mim, sabe?
Abraços.
Clarissa disse…
Em primeiro lugar, descobri o blog ontem e adorei, parabéns!
Em segundo, quero dizer que também adorei o texto sobre amamentação e como muitas sei o que é melhor, mas não pude fazer tudo que é certo. Por exemplo, queria muito um parto normal (natural, diga-se de passagem) mas acabei fazendo cesariana por não entrar em trabalho de parto. Resultado: adorei, fui muito feliz no nascimento da minha filha e comecei a questionar as shiitas do parto natural. Em segundo lugar, amamentei até minha filha não querer mais o seio até 5 meses. E não me arrependo de ter inserido a mamadeira que a deixou de barriga cheia feliz.

Ato de amor é ser uma mãe feliz!!
Taís Vinha disse…
Clarissa, bem vinda! Você escreveu algo que a Dona Vera (minha mãe) não cansava de repetir: "filho fica bem quando a mãe está bem." É isso aí, garota: ato de amor é uma mãe feliz.

Clarice preciosa, adoro seus comentários doces e sinceros. Esse negócio de criar filho para o mundo é um tiro pela culatra. Acho que qdo. meus passarinhos voarem eu caio do galho! E se foi uma passarinha que os levou eu saco logo um estilingue. Ai, ai, ai o que me espera...

Hegli, eu concordo em gênero e grau com tudo o que vc escreveu até agora. Acho que você tem um senso muito definido do que são as pressões externas e do estrago que elas causam na gente. Estou até encomendando o livro que vc citou. Não conhecia mas me pareceu superinteressante. Mas sabe, eu tenho tido a nítida impressão que todas as mães, de certa forma, sentem as mesmas inseguranças e medos que a maioria de nós. Até as mais "felizes e competentes" (as duras na queda) num bate papo mais íntimo acabam se abrindo e mostrando algumas de suas incertezas.
Aliás, eu acho que estas são as que mais sofrem, pois são as que mais relutam em abrir mão dos inúmeros procedimentos e protocolos absolutamente desnecessários e que só servem para nos torturar.

Qto. a se encaixar em formas, eu já caí em várias. Foi cada uma que nem te conto...

Bjs e continue dando suas "viajadas" (só não esquece o paraquedas, hehehe)
mperri disse…
Parabéns pela clareza de pensamento...
Sou mãe, imperfeita. Muito do que sei, não pratico por conta da vida que é dinâmica demais para regras rígidas! Faço o que posso e não o que os livros mandam...
Obrigada pelo sue blog!
Carolina Pombo disse…
Taís, depois de ter entrado numa polêmica com um grupo de mães xiitas-antenas-cheias de culpas, ler este texto é um bálsamo, até me emocionei! Como psicóloga, sei que toda criança feliz tem uma mãe que falha, porque é aí que ela pode ser criativa e dar um significado próprio pra vida. Mas, existe mesmo um movimento de mulheres que questiona os "grandes e velhos" dogmas da maternidade para colocar outros ainda mais difíceis no lugar. Confesso que eu sou antenada sim, e vivo em busca do que é "melhor" pra minha filha, mas cada vez mais percebo que a minha felicidade faz a maior diferença na dela! rsrsrs

Grande beijo e obrigada pela leitura! Espero em breve publicar algo parecido e indicar este seu post, ok?
Carolina Pombo disse…
Taís, o texto tá linkado!

Beijos
Anônimo disse…
parabéns pelo texto.
clap clap clap, de pé.
beijos pra vc, continue escrevendo?!
Cassiano Fonsaca disse…
Olá pessoal do blog Ombudsmae. Desculpe escrever aqui, mas não achei um lugar no blog para mandar e-mail. ^^ Por favor, se gostarem, publiquem o curta-metragem destas crianças da rede pública. Se conseguirmos 10 mil visualizações teremos patrocínio para continuar com este projeto.. Desde já agradeço.

Link no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=m0m_Jr2Baps