Mais sobre mães "radicais" e gelatinas
O comentário da Renata Matteoni no texto anterior me fez pensar em algo que é comum a todas nós mães "neuras e naturebas com muito orgulho": qual a linha que divide o saudável do radical?
Falo por mim, pois essa é uma dúvida que vira e mexe me assombra. Tenho uma tendência a ser controladora em excesso e imagino como deve ser chato você crescer com alguém o controlando o tempo todo. Imagine ter um fiscal (como eu muitas vezes me sinto) diariamente olhando seu prato e conferindo o que você come e quanto você come. Ou o quanto de tv que você assiste. Ou o tempo que fica no videogame. Fora o banho, escovação de dentes, protetor solar, tarefa e tudo o mais que temos que controlar. No fim, para virar uma Hugo Chavez (um misto de democracia com ditadura) falta pouco.
A verdade é que muitas vezes exageramos porque vivemos na defensiva. O mundo glorifica muito mais o trash que o saudável. Me lembro que uma vez deixei meu filho, ainda bem pequeno, com minha mãe em outra cidade e, na volta, tias e primas contavam com orgulho que ele havia provado Coca-Cola e adorado! Na hora me pareceu que as pessoas encaravam essa violação de regras como uma vitória: "Viu, como ele gosta!". Estavam tentando me provar alguma coisa.
Desde então, quase 10 anos se passaram, outros 2 filhos vieram e eu amoleci bem mais. Ainda controlo as coisas, é minha natureza, mas assumo que meu terceiro filho, com 5 anos, assiste muito mais tv que o primeiro, come muito mais tranqueira e já joga videogame. Era ceder ou viver sendo a eterna chata mandona. Para contrapôr, fizemos negociações. Tem horário de jogar videogame. Horário de ligar a tv. E tranqueira quase sempre eles só comem fora de casa.
Mas a luta é diária. Como disse, a sociedade conspira contra. Soube de uma mãe que evitava que a filhota de 2 anos comesse doces. Pois todos os dias, o porteiro dava balas para a menina sem que a mãe soubesse. E todos no prédio sabiam e achavam engraçado! Essa é uma sabotagem declarada. Mais comum são as que vêm sem nenhuma má intenção, como as festinhas em buffet regadas a açúcar. Precisava daquela overdose?
O bom é que agora, com a internet, podemos nos unir, trocar experiências e fortalecer nossos pontos de vista. Mais e mais mães estão melhorando a dieta dos filhos. Não me sinto mais tão radical e nadando contra a correnteza. Imagino como deve ter sido difícil para os pais naturebas de uma amiga, criar a filha no início dos anos 80. Para se ter uma idéia, eles eram do tipo que moravam em sítio, cultivavam maconha orgânica e mandavam pão preto caseiro com tofu na lancheira da menina. Hoje ela ri, mas na época se sentia uma filhote de ET.
Eu não moro em sítio, não planto maconha, não canto Hare Krishna olhando para o sol e esta semana meus filhos me pediram para mandar tofu de lanche para eles. É ou não é a glória?
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Ainda sobre gelatinas, recebi 2 receitas naturais. A da Renata Matteoni com Agar-Agar e a da Pat Feldman. Falta a receita da deliciosa geléia de mocotó da Dri, feita pela vovó no Mato Grosso e enviada com todo carinho para o Paulão, que cresce forte como um tourinho cevado a mocotó. Beijos!
Comentários
Só queria fazer duas correções: eu sou Renata matteoni e o blog que vc linou est´ainativo. Atualmente estou em http://rematteoni.caixadepandora.com.br
Beijo!
Renata
Não tem jeito: eles vão ao mercado, com as crianças, claro, e compram biscoito recheado, danoninho, balas e o que mais a criança pedir.
Eu também acho que um equilíbrio é essencial. As meninas pediram batatas chips, e eu liberei pro fim de semana, já até comprei no mercado. Mas não é sempre, nem é todo fds, mas aqui ficou combinado que no fds pode um pouquinho de "porcaria".