Cobrando o produto que a escola me vendeu.


Uma escola particular é um negócio. A educação é o produto que eles vendem. Quando visitamos uma escola, somos informados das propostas pedagógicas ali praticadas, isto é, de como é o produto deles. Ao matricularmos nossos filhos, estamos comprando o tal produto. E esperamos que ele nos seja entregue como foi prometido, certo?

Quando uma escola "vende" uma determinada proposta pedagógica aos pais e não a entrega, se porta como um vendedor que oferece um carro com tração nas 4 rodas, mas na verdade o carro tem tração só em 3. Funciona? Pode até ser. Mas não foi isso que eu comprei.

Essa introdução é necessária, para que todos entendam que o discurso precisa condizer com a prática. Do porteiro ao diretor, toda a equipe escolar precisa estar ciente do que está sendo vendido aos pais e trabalhar sintonizada. Nas minhas inúmeras visitas a escolas ouvi discursos convincentes de coordenadoras, grandes conhecedoras de teorias educacionais. Mas, eu sempre pedia para visitar as salas de aula e ver alguns trabalhos e, em poucos minutos, era fácil de perceber que a prática não condizia com o que estavam tentando me vender.

Por exemplo, escolas que prometem não alfabetizar cedo, mas nas salas de aula só há letras e números pregados nas paredes. Escolas que se dizem "construtivistas" mas adotam apostilas. Escolas que afirmam respeitar o tempo e a individualidade de cada criança e o que se vê nas pastas são trabalhos idênticos e massificados. Escolas que vendem estímulo à sociabilização e resolvem conflitos com sanções, advertências e bilhetes aos pais.

Sempre procurei cobrar de professoras, coordenadoras e diretoras aquilo que me foi vendido. E nestas conversas já escutei justificativas de uma franqueza surpreendente, tais como: "Você não sabe como é difícil fazer as pessoas aqui dentro entenderem nossa proposta." Ou ainda: "É muito difícil contratar bons profissionais.". Um clássico: "Você é uma das poucas mães que acreditam nisso." Ou, o pior que já ouvi até hoje numa escola construtivista: "A fulana é uma boa professora, mas não acredita muito na proposta construtivista."! Seria o mesmo que comprar um pedaço de patinho vendido como se fosse filé mignon e o gerente do supermercado dizer: "Você não sabe como é difícil achar um açougueiro que entenda de corte de carne". Pera aí! Invistam em treinamento, façam um bom processo seletivo, estimulem o estágio para garimpar bons profissionais, estabeleçam parcerias com as faculdades, mantenham uma boa carteira de profissionais para as eventuais substituições (já peguei cada substituta que era caso de polícia!), acompanhem de perto o que está acontecendo nos pátios e salas de aula e sejam claros para a equipe: "Aqui, funcionamos assim e temos muita confiança no nosso trabalho. Quem não pretende trabalhar dentro desta proposta, favor procurar emprego em outro lugar. Temos um produto a zelar." Qualquer empresa que se preze, opera assim.

E, insista - do porteiro ao diretor - tem que haver coerência. Já vi faxineira dando bronca em criancinha que derrubou o suco, em uma escola que prometia "estimular a autonomia". Autonomia tem seu preço e é bom que a toda equipe esteja ciente disso, com rodinhos, vassouras e sorrisos a postos.

Encerro com um pequeno exemplo positivo, para ilustrar a diferença que faz ter uma equipe afinada. Outro dia fui buscar meu filhote na escola e como ele demorasse um pouco para sair, pedi à funcionária da portaria que o anunciasse novamente. Ela, educadamente, recusou-se a chamá-lo e explicou: "O seu filho me pediu que eu o chamasse uma vez só. Fique tranqüila que ele já vem." Logo, ele saiu. Não sei o que me surpreendeu mais. Se foi a minha pulga, na época com 5 anos, dando ordens de executivo para a portaria, ou a postura da profissional da escola em ouvi-lo, levar a sério o pedido dele e se lembrar, dentre tantas crianças, que ele preferia ser tratado daquela maneira. Aquela garota soube, naquele momento, agir de acordo com a proposta da escola de respeitar a individualidade e a autonomia de seus alunos. Ela confiou e meu filho respondeu à altura. Não foi mais preciso chamá-lo 2 vezes.

Em tempo: eu poderia ter reclamado da recusa da moça. Mas aí quem estaria sendo incoerente seria eu. Preferi aplaudi-la. E quem discordar que matricule o filho em outro lugar. A regra da coerência vale para todos, até para nós, pais.

Comentários

Carol disse…
Nossa, confesso que me preocupa muito a qualidade de ensino das escolas e dos profissinais ... Meu anjinho ainda é um bebê, mas já estamos nos preocupandoem que colégio ele vai estudar, e com muita pena, eu não vou poder colocá-lo no colégio que eu estudei, porque já não existe mais, nem o que meu marido estudou... tenho pavor da falta de coerência e morro de medo do que pode acontecer à uma criancinha em pleno processo de socialização nas mãos de gente que não sabe o que faz...
Tais Vinha disse…
Oi Cynthia, no primeiro filho a gente fica apreensiva mesmo, é normal. Procure com carinho uma boa escola, que seja alinhada com aquilo que você e seu marido acreditam, e procure estabelecer um bom relacionamento com os educadores, que dará tudo certo.

Na internet há vários textos sobre como escolher uma escola (neste link há um texto muito bom da Silvia Schiros:
http://futurodopresente.com.br/blog/?p=294

Cobre, mas saiba também reconhecer um bom trabalho. Bjs!
Anônimo disse…
oi, Taís! Muito bom o seu texto. Deveria ser impresso e distribuido entre as mães e pais.

Eu mudei minha filha de escola nesse semestre por não estar satisfeita.

Minha filha tem 4 anos e estava numa sala de bebês onde a diferença entre ela e a próxima mais velha era de um ano e meio e das outras crianças de 2 anos e meio até 3 anos.

Não queria adiantar minha filha. Não era esse o caso. Queria que ela convivesse com crianças de uma faixa etária mais próxima que a sua, pois com um irmão recém-nascido ela já estava com "bebês demais" a sua volta e eu a percebia desestimulada.

Como a escola não foi sensível a nossa situação resolvemos mudar.

Mudamos com medo, pois desde os últimos dois foram várias mudanças em nossas vida ( de estado, de casa, de escola etc, etc). Mas mudamos.

faz uma semana que ela está na escola nova. É cedo pra avaliar, mas acho que o importante é pesquisar, conversar, cobrar posturas.

Não é fácil. É uma coisa que vai se aprendendo. Textos como o seu são muito educativos.

Micheliny- Pacha Mama
samegui disse…
Olá Taís
sou leitora antiga do Ombudsmãe via feed, mas raramente tenho tempo de comentar!
Gostei demais do texto - como sempre - pois admiro sua fidelidade às suas ideias e escolhas. Acima de tudo creio que o que fideliza seus leitores é esta sensação de integridade, de que você é aquilo que apregoa. :)
Deixo aqui um convite para participar de um "bate-papo" blogosférico sobre Educação para Sustentabilidade. Espero contar com vc e com sua visão sobre o tema.
Abraços
Sam

P.S. O assunto está aqui http://www.samshiraishi.com/premiacao-real-sustentabilidade/
Vanessa Anacleto disse…
Taís do meu coração, vc tem toda a razão e eu fiz até uma rima. :-) Meu bebê só foi para a escolhinha pq eu consegui achar uma na mesma rua de casa com uma proposta adequada ás nossas crenças. é verdade o que vc diz sobre coerencia, ela precisa existir de ambos os lados. Gostaria mesmo de viver em um lugar ou num tempo em que a escola pública fosse gratuita e de qualidade para todos e não fosse necessário ir de escola em escola procurando um contrato bem cumprido.

Abraço!!!
Hegli disse…
Nossa Tais,
Seu texto é um balsamo. Quando consigo resolver um caso na escola lá vem outro emendado.
No colégio do Lucas temos a opção por inscrever os alunos em esportes extras curriculares e a natação que é uma franquia do método Gustavo Borges, com diferença desde o tratamento da água até o ensino do nado em si.
Lá fui eu inocente, matriculei meu filho este ano lá (ele fazia em outra escola de natação), como já sairia da aula e entraria para nadar combinei com o transporte escolar de traze-lo uma hora mais tarde. Por algumas vezes, ele voltou dizendo que a professora não foi. Veio um bilhete para repor. Em junho deu problema no aquecedor, mais algumas aulas. Gripe suína, mais 4 aulas. Por fim, tenho 16 aulas para REPOR, dois meses de aulas praticamente.
Liguei quinta feira para a escola e disse que não tenho interesse em repor estas aulas que eles não puderam dar, que não foi o Lucas quem faltou. Eu já havia preenchido um requerimento em junho pedindo uma outra solução. Eles me disseram que eu tinha a OPÇÃO de repor e pronto.
Eu disse que “o produto” que me venderam foi a aula nos dias e horários que eu CONTRATEI. Afirmei que não irei repor e dei o prazo até amanhã para eles me darem uma solução, antes que procure saber de meus direitos em outras instâncias. Afinal, os pagamentos estão totalmente em dia, mas o “produto” não.
É mole, ou quer mais!
Hegli
Paloma Varón disse…
Disse tudo! Na escola que a minha filha estudava em SP (mudamos para BSB e aqui não tenho reclamações da escola, é ótima!), diziam que a alimentação era balanceada, tinha nutricionista e tal. Mas não foi uma só vez em que ela comeu balas e porcarias na escola, mesmo eu tendo deixado explícito que ela não poderia comer estas coisas (ela tem 2 anos). Teve um dia em que teve uma intoxicação alimentar e passou a noite tomando soro, de tanto que vomitou. Isso pq a escola fez aniversário e a permitiu comer frituras: batata frita e hamburguinho.
Isso tudo pq além de venderem alimentação balanceada, eu já tinha reclamado de abusos e deixado claro mais de uma vez que ela não podia comer isso. Mesmo depois desta noite internada, ainda houve um outro episódio, de uma professora desavisada que deu bala para ela. Foi o fim da picada!
Anônimo disse…
muito bom o texto, sigo seu blog tem umas semanas já e estou adorando, tenho apenas 15 anos, mas espero que quando tiver um filho eu consiga uma escola boa e que faça um bom trabalho educacional e social. muito bom e parabéns.
Tais Vinha disse…
Esqueci de dizer algo à Cynthia: escola é muito bom para o desenvolvimento do seu filhote. Portanto, mesmo apreensiva, escolha uma escola legal e o matricule sem receios. É muito gostoso acompanhar o salto no desenvolvimento depois que eles começam a frequentar uma escola e a se relacionar com amiguinhos. Em casa, sem querer, acabamos protegendo demais os filhotes. A escola é o primeiro estágio para soltá-los na vida. E isso é bom! Muito bom! Seja criteriosa e não sofra!

Micheliny, pelo que entendi, sua filha foi colocada numa classe abaixo da faixa etárea dela. E por que a escola se recusava a mudá-la de turma? A única vez que vi isso, era porque não havia uma classe acima e agruparam as turmas. Era este o caso? Porque vc tem razão. Adiantar não é bom. Mas atrasar sem motivo, é ruim também. Boa sorte na nova escola e nas suas inúmeras mudanças. Tb já mudei muito e sei como é difícil. Bjs!

Vanessa menina, adorei a rima! Escola boa, na mesma rua de casa, fala sério?! É como ganhar um prêmio na loteira. Geralmente as do lado de casa são de lascar...hahahahaha. Vc tocou no cerne (chique esta palavra...) escola pública de qualidade. Este é tb o meu sonho. Detesto este sistema de apartheid social que vivemos. Quem pode paga, não reclama e o ruim nunca melhora. Se todos mantivessemos nossos filhos na pública, talvez ela não fosse tão lamentável. Já escrevi 3 textos a este respeito. Se quiser, confira: http://ombudsmae.blogspot.com/2008/02/escola-pblica-x-particular.html

Hegli, pensei numa solução para o seu caso: vc cancela a matrícula do Lucas na natação (pára de pagar) e durante os próximos 2 meses repõe as aulas que eles te devem. Depois matricula novamente. Na mesma escola, se eles conseguirem resolver o problema ou em outra. Porque vc tem toda razão, repor 16 aulas é fazer o menino nadar praticamente todos os dias. Ridículo! Isso nem é falta de coerência. É direito do consumidor. Procon.

Paloma, já ouvi muita reclamação sobre alimentação. Esse assunto é mesmo sério. Principalmente porque é subjetivo. Já vi escolas que prometem alimentação balanceada e servem nuggets. Pois eu sei de mães que abominam nuggets e jamais considerariam este um alimento balanceado. Mas a da sua filha pegou pesado, servir batata frita e hamburguinho (provavelmente industrializado) para crianças pequeninas, a ponto da menina ter que ser internada...você foi lá e reclamou? E esta farta distribuição de balas é algo inevitável, a não ser que a escola tenha uma política muito clara a este respeito. A dos meus filhos não recomenda que as crianças levem doces, mas não se coloca contra os saquinhos surpresas nos aniversários e a cantina vende drops, tipo Halls. Vira e mexe eles saem com um saquinho cheio de tranqueiras. Sei de escolas com uma postura mais rígida a este respeito. Aliás, saquinho supresa podia ser matéria para um texto. Que praga, não? Porque temos que dar tanto açúcar nas festinhas?

Oi Clara, bem vinda! Adorei seu interesse, mas mantenha-se longe desse negócio de ter filhos por uns bons anos, ok? Obrigada pelo carinho!
Paula disse…
Oi ...

Cheguei no seu blog nem sei como, mas gostei muito ...
Tenho um bebê que está com 11 meses e ele fica aqui na creche do meu serviço ... então, nos próximos 4 anos, teoricamente, não precisarei me preocupar com isso ... a escola, até onde meu conhecimento me ajuda, parece ser boa. Elas cuidam bem e tudo o que acontece (como uma febre ...) elas me ligam ...
Falei para o meu marido que quero muito coloca-lo numa escola particular quando ele tiver que sair da creche, mas, tenho medo das nossas condições não permitirem isso.
Pelo que vejo, nas escolas públicas não adianta muito reclamar, pois são poucos os pais que estão realmente preocupados com o que está acontecendo com seu filho no periodo que ele está na escola ... E, não é como uma escola particular, que preza em oferecer um bom produto ... por mais que a diretora ou coordenadora venha a conversar com a professora, dificilmente ela sofrerá algum tipo de punição e então é dificil de acreditar que realmente vá se preocupar ... Talvez eu esteja equivocada com essa visão, espero !! Mas, se tiver condições de colocar meu filho numa escola particular, não pensarei 2 vezes ...

inté !!

Paula
Tais Vinha disse…
Oi Paula,

Bem vinda! Sabe, fomos levados a crer que qualquer escola particular é melhor do que a pública, mas isso nem sempre é verdade. Há excelentes escolas particulares e outras que são muito ruins. Tanto que, quando o Brasil é avaliado nas provas internacionais, vamos mal tanto no ensino público como privado.

Aqui na minha cidade, por exemplo, a educação infantil pública é boa, melhor do muita "escolinha" particular. Minha dica para você é a seguinte: antes de matricular seu filhote em uma escola particular, pesquise muito. Visite as escolas, conheça a proposta pedagógica, o corpo de professores, o espaço, o material didático, converse com outras mães. Depois, se na sua cidade tiver uma boa escola pública (e for possível conseguir vaga) visite a pública também. Daí tome uma decisão.

Ensino privado de qualidade é caro. E as escolas que oferecem uma mensalidade mais barata, infelizmente, não conseguem dar aos professores o treinamento e a atualização necessária para manter a qualidade do ensino. Daí ficam no mesmo nível ou até abaixo das públicas. Portanto, não se iluda com o termo "particular". Definitivamente, não é sinônimo de ensino de qualidade.

Bjs!
Carol disse…
Oi, Taís!
Sim, a proteção excessiva é outra coisa que me preocupa muito, assim como a socialização...tanto que já com sete meses, ele vai pra pracinha (quando o Sol dá as caras) e eu pego no colo pra observar as outras crianças... ele se diverte muito!
Pretendo não sofrer....eheheheh mas que o coração vai ficar apertado, ah, isso vai!
Beijos!
Hegli disse…
Taís, vc me deu um presente, hahaha.
Vou ligar na escola agora e, dependendo do que falarem, vou falar EXATAMENTE o que vc escreveu.
Vou cancelar em outubro e rematricular em janeiro. Perfeito!
Bjusssssssssssss
Paula disse…
Oi Tais,

Você pegou num ponto que já tinha pensado mas acabei não escrevendo. A escola pública em geral é mal vista, mal falada, etc. Mas, se você conversa com um professor, você observa que ele está sempre falando de concursos, porque o governo ou a prefeitura pagam mais que muitas instituições particulares.
Como pode isso? Se as instituições públicas as vezes pagam mais para os professores do que uma particular, por que a "fama" de uma escola pública é tão ruim? Li uma moça dizendo que quem faz a escola é o aluno, mas e se o aluno não souber como faze-la?
Já tinha pensado em tudo isso que você disse (de ir conhecer a escola, seu projeto pedagógico, etc.) só não tinha pensado em visitar uma pública também, e talvez, como você disse, valha mais a pena, dependendo da minha situação financeira, coloca-lo numa instituição pública mesmo. Ainda bem que ainda tenho um bom tempo para decidir isso ... Obrigada pela atenção, inté ! Paula
Unknown disse…
ai, vc é d+
pode ser minha mentora de vida? :-)
Amei o texto, só não estou com tempo de comentar muito...
Só queria falar uma coisa. Que todos nós, mesmo com filhos em escolas particulares temos que nos envolver mais e exigir melhorias nas publicas...

Bjoks
Paula
Unknown disse…
ai, vc é d+
pode ser minha mentora de vida? :-)
Amei o texto, só não estou com tempo de comentar muito...
Só queria falar uma coisa. Que todos nós, mesmo com filhos em escolas particulares temos que nos envolver mais e exigir melhorias nas publicas...

Bjoks
Paula
Tais Vinha disse…
Paulets ZZT, adorei o confete! Mas esse negócio de mentora eu deixo pra Rita Lee. Que tal?

Eu concordo completamente que temos que nos envolver. Mas fica a pergunta: como? Já quebrei muito a cabeça com este assunto. Se quiser, a gente troca figurinhas.

Bjs!
Paloma Varón disse…
Taís, eu detesto estes dsaquinhos de doces como lembrancinhas. Tem tanta coisa melhor para servir de lembrancinha. E nestes saquinhos vêm geralmentes os piores doces. Na atual escola da minha filha, eles são proibidos, assim como qualquer alimento industrializado. Fiquei neurótica depois do que ela passou em São Paulo e procurei o oposto.
Aqui em Brasília tem boas escolas públicas, mas desanimei depois que ouvi relatos de mães que tiraram os filhos da escola pública dizendo que já não eram tão boas. Pleiteamos um desconto na particular e vamos ver como será o futuro. Ainda pretendo colocá-la em uma escola pública, mesmo que pague por cursos extras.
Silvia disse…
Em algum lugar do blog da Vera Falcão (Fora do Manual), ela fala sobre a relação dela com a escola pública. A filha dela estuda (ou estudava) numa, e ela concluiu que, pra melhorar, ela tinha que arregaçar as mangas também. Criou um grupo de mães voluntárias e conseguiu muita coisa.

Ô, Taís, quero entrar com você na campanha contra os "saquinhos-surpresa". O que será que quer dizer essa surpresa? É tipo "Surpresa! Olha as cáries" ou "Surpresa! Overdose de açúcar" ou "Surpresa! Hoje seu filho não almoça". Aqui até tem porcarias na mesa do bolo de aniversário (mas eu limito a bis, bombons e jujubas), mas pra casa as crianças levam outra coisa (tela pra pintura, caderno de desenhos, livrinho de colorir, brinquedinhos, livrinhos de leitura...) Tá bom de overdose durante a festa, né?
Unknown disse…
Oi, Taís.
É uma ótima pergunta (a gente sempre fala isso quando não sabe responder algo, né? hahaha)
Então, tb não sei muito. Fiquei pensando que um bom começo poderia ser esse Amigos da Escola... Sei lá, talvez procurar a APM de cada escola... E ver se podemos participar de alguma maneira.
Enfim, procurando caminhos mesmo que não ainda existentes.
Sobre você ser minha mentora, haha, quero vc, não a Rita Lee, hahaha.
Mas eu falei isso, pq estou num momento de busca. E procuro pessoas que possam me ajudar achar meu caminho... Já estou na terapia, agora vou começar Yoga :-). Mas é bom ter um exemplo de vida prático. E é isso que vc é para mim, através do seu blog.
Bjoks
ötimo final de semana.
Paula
PS: Até no trabalho arrumei uma "guia" tb. Que serve de exemplo profissional e pessoal.
Dany Gomes disse…
Taís,

adorei seu texto. Meus filhos já estão com 13 e 15 anos, e estudaram a vida toda na mesma escola, construtivista. É realmente difícil encontrar uma equipe que seja coesa e fiel aos valores da escola. O principal, na minha opinião, é que o colégio tenha uma linha de conduta parecida com a nossa, porque é importante a criança ter essa coerência entre o que ela vivencia lá e em casa.
Só queria te perguntar o que a foto da moça tatuada tem a ver com o texto...
beijo
dany
www.mameeuquero.blogspot.com
www.alojinhadanola.blogspot.com
Tais Vinha disse…
Oi Paula,

Oi Paula, eu tb vivo procurando meus caminhos. E cada hora eles me levam pra um lado. O bom são as pessoas que acabo conhecendo em cada "jornada". Hum...papo cabeça logo cedo!

Sabe que já admirei muito o Amigos da Escola, até que meus caminhos me fizeram conhecer um grupo de educadores que acham este programa uma aberração! Eles criticam pessoas absolutamente leigas que são atraídas para dentro da escola, na melhor das intenções, mas que, na verdade causam uma ingerência, fazem com que os professores percam tempo, iniciam projetos que não acabam, enfim...taí um programa que não tem unanimidade no meio pedagógico. Fiquei tão surpresa qdo. soube disso! Bjs!

Oi Dani,

A foto não é uma moça tatuada. É um rapaz, vestido de São Paulino, mas com tatuagem do Corinthians. Achei que fazia um paralelo legal com esta coisa de tentarem te convencer de algo que na verdade é outro. Viagem minha, hahahaha. Bjs!
Hegli disse…
Olááááá, estou meio atrasada no post, mas li tudo e acho uma bela discussão sobre a escola pública. Meu filho estuda na particular, porém, por conta da gripe um amigo meu diretor me chamou as pressas para dar uma força na escola dele que tem 21 salas por período.
Como eu já estava cadastrada no estado fui cobrir as aulas de uma professora gestante... GENTE, o que é aquilo?!
Pude sentir o que é o dia a dia de uma escola publica na periferia na pele, salário baixo, 45 alunos por sala, todas as aulas todas as tardes, uma batalha diária... saio totalmente sugada, sem energia.
Disse ao meu amigo que estou fazendo um trabalho social porque é REALMENTE difícil e nada compensador do ponto de vista financeiro. O que me move é querer FAZER ALGO ao invés de ficar reclamando ou “metendo o pau”, rs, que é muito comum.
Por enquanto ficarei com todas as aulas, mas quando a professora voltar quero diminuir o ritmo, pegando algumas aulas para não sair de dentro da escola e fazer a diferença justamente onde a Taís citou: planejamento e continuidade. Vamos ver no que dá! Bjus
Tais Vinha disse…
Hegli, tenho uma amiga que tb pegou substituição de aulas numa escola estadual. E o que ela conta é bem desanimador. Disse que são mais de 40 alunos, todos muito desatentos e desanimados e, muitos, despreparados para aquele ano escolar. Segundo ela, uma judiação! Ela diz estar rebolando para dar conta do recado, e nem pegou tantas aulas como vc. Ainda bem que sua disciplina, arte, pode ser mais divertida. Já pensou se vc tivesse que dar gramática ou cálculos aritméticos? Cruz credo! Aí sim ia sair de maca!
Me pareceu que os professores são colocados diante de tal realidade, sem preparo algum para lidar com estes alunos e oferecer um trabalho pedagógico realmente significativo. Daí eles os enchem de cópias, para o tempo passar e o sinal tocar. É mais um sistema que "contém a manada" do que educa.

Conte mais para gente sobre a sua escola. Quem sabe lá as coisas são diferentes. Bjs!
Hegli disse…
Ai Taís, muito pelo contrario, as coisas são realmente como vc descreve, crítico e crônico.
A minha sugestão é que tenha pessoas como nós para fazer a diferença, incomodar, mudar algo.
A disciplina de artes tem uma apostila do estado onde o que menos se pratica é artes. Foi assim que consegui permissao da equipe diretiva para usar uma sala como ateliê. Estou contaminando (no bom sentido) outros profs para melhorar a disciplina nas salas de forma integrada, combinando com eles por exemplo, de anotarmos os nomes dos q precisam de reforço, os desatentos, os agitadores ou os que não nos respeitam para solicitar a ajuda da coordenação. Algumas sementes já começaram a brotar...
Acho que se mais risoteiras pegassem algumas aulas, para entrar nesta roda viva e ver esta escola sob outra perspectiva, poderiamos transformar algumas realidades, mesmo que pontuais... Só uma idéia...
Bjus
Hegli disse…
Ou só mais uma utopia...s
Tais Vinha disse…
Hegli, tô pensando no que vc escreveu. Seguuura peão que eu volto. Bjs!
Hegli disse…
ok moça.. rs
bjus
Luiz disse…
Taís, parei aqui não sei como e adoreiiii todos os textos... Certamente começo hoje minha frequência assídua à esse cantinho especial de uma pessoa formidável que sabe se expressar como raramente se vê ! Parabéns !
Tenho trigêmeos de quase 6 anos( meninos) e todo e qqr assunto relativo à educação, crianças, internet, mães, etc etc etc me interessam e muito !!!

Abraços
Tais Vinha disse…
Hegli, pensei muito no seu comentário. Já pensei em pegar umas aulas no estado, com o mesmo objetivo seu: tentar fazer a diferença. Aos poucos, fui desencanando. Me falta o preparo formal e, devo assumir, o empenho. Na verdade, não saberia nem a quem procurar para começar o processo. Por 6 anos dei aula em universidade e foi muito legal. Acho que consegui fazer um trabalho diferenciado, mas nos últimos tempos, fui perdendo o fôlego e acabei me tornando uma professora mediana. Isso me fez muito mal e pedi demissão. Os alunos não merecem. Temos que, antes de tudo, ser honestos com nós mesmos.

Na verdade, acho que o que mais me crucificava era o processo burocrático: ter que cumprir um programa, seguir um calendário, corrigir toneladas de trabalhos, dar notar e exames, preencher relatórios e diários. E o salário era ridículo! Hoje acho que me daria melhor numa ONG, por exemplo, com cursos livres, mais soltos e num formato menos burocrático (eu faria até de graça). Tenho pensado em trabalhar com mulheres de uma favela aqui de São José, com cursos de reaproveitamento de sucatas, no sentido de ajudá-las a ter montar um negócio sustentável. Mas por enquanto é um "pensativo". Vou tentar encontrar parceiras que queiram ministrar oficinas.

Um beijão!