Meu filho está pronto?



Meu filho está pronto?

Ontem surpreendi meu filho, de 11 anos, atravessando uma avenida de maneira bem imprudente. Foi uma coincidência daquelas que só Deus explica. Eu passava no local, quando vi alguém correndo na frente dos carros. Descobrir que aquele alguém era meu menino, foi como levar um soco no estômago. "Como assim?! Mas faz 11 anos que a gente te ensina a atravessar a rua com cuidado?! Você sabe como deve ser, você sabe do perigo!"

Passado o susto, veio o "pensativo" (ele nunca me abandona).

Fiquei me questionando se não havíamos dado autonomia a ele cedo demais. Mas atravessar a rua foi algo que nunca imaginei que ele fosse se arriscar. Ensinamos tanto. Recomendamos tanto. Demos exemplo. Somos do tipo que só atravessa na faixa, que espera os carros passarem, que olha para os dois lados. E eu conheço meu garoto. Ele nunca foi imprudente. Achei que, neste assunto, estávamos seguros.

Até ontem.

Hoje acho que nós, pais, nunca estaremos 100% seguros com relação às atitudes dos nossos filhos. Por mais que orientemos, por mais que recomendemos, por mais que eles dêem indícios de que estão prontos, nunca saberemos a hora certa de soltá-los, nem se eles, a partir dali, irão agir como esperamos. Se serão espertos na internet. Se praticarão sexo seguro. Se dirigirão com responsabilidade. Se lidarão de maneira saudável com a abundante oferta de drogas. Se vão se apaixonar por alguém bacana. Se estarão em boa companhia quanto tomarem o primeiro porre.

Decidi que não vou voltar atrás e cassar a autonomia dada ao meu filho. Mas cuidarei para que um monitor da escola o acompanhe na travessia desta avenida perigosa. Por quanto tempo isso será necessário? Não sei. E acho que nunca saberei.

Mas como dizia meu pai, na sabedoria de quem colocou 5 filhos no mundo, "o que não der pra ensinar, deixa que a vida ensina."

Ainda estou aprendendo. Agora é a vez do meu filho.

Comentários

Paloma Varón disse…
Ai, Taís, que aflição. Imaginei a cena todinha e gelei. Eu tive autonomia com 10 anos e adorei. Ia andando para o curso de inglês e para a natação. E me lembro de um dia, com 11, atravessar uma rua movimentada com o sinal aberto para os carros e ser xingada por todos os motoristas só porque eu estava aérea (veja bem, eu era a pessoa mais aérea do mundo) e estava cantarolando uma música dos Beatles. Contando assim, parece até poético, mas eu podia ter morrido naquele cruzamento (sorte que em SSA não tinha motoboy na época) por pura imprudência. Sempre lembro disso, prque acho que aprendi, naquele dia, a pelo menos ter certeza de que o sinal estava fechado para carros. Mas morro de medo destes aprendizados na marra quando se trata de coisas tão perigosas...
Beijos
Tais Vinha disse…
Ai Paloma, eu tb tive autonomia cedo. Pegava o busão com 10 anos e ia fazer banco no centro da cidade para meu pai! Me lembro que um dia, um senhor passou a mão no meu bumbum. Pois é, até que ponto confiar na vida...mas não tem jeito, né? Fechar na redoma é impossível. E aqui entre nós, já fiz muita merda. Aliás, que filho não fez?
Adorei a garotinha que cantarolava Beatles aos 11 anos! Bjs!
Anônimo disse…
Tais, eu sempre fui super cercada de cuidados, com pai e mãe trazendo e buscando da escola, um dia não tivemos a atividade da escola e entre esperar o meu pai buscar ao fim dia ou voltar para casa e aproveitar a tarde não tivemos dúvidas, voltamos andando, afinal parecia tão perto de carro (em Cuiabá uns 15 minutos as 2 da tarde 40 graus!), foi uma odisséia, descobrimos que não morávamos tão perto, decidimos pergar um ônibus sozinhas (eu e minha irmã primeira vez), passamos do ponto pois não enchergávamos o ponto com a nossa altura toda. A nossa sorte é que conhecíamos todo o bairro e redondezas, saímos e voltamos a pé e chegamos no mesmo horário do meu pai! Ele aflito junto com a minha mãe abriram um frisante para comemorar a aventura das filhas e demos risadas juntos!
No seu caso, o melhor de tudo, e azar ou sorte do seu filho, você passou bem hora que ele atravessou a rua! Como sempre muito amparada, Vovó Vera atacando!
beijos Dri
Silvia disse…
Ih, menina, sempre as perguntas que não querem calar? Eles estão prontos?

Nossa... Eu por enquanto só arrisco de andarem sozinhas dentro do condomínio. Mesmo assim não gosto que seja durante a semana, porque tem muito movimento de caminhão, carro de prestação de serviço, peão... No meu caso, o problema é que não confio nos outros. Claro que também morro de medo das mancadas que elas mesmas possam dar de sair correndo no meio dos carros porque viram o ônibus passando ou um amigo do outro lado da rua. Ai, ai...

Eu fico pensando no sonho de ter ciclovias decentes para ensiná-las, em breve, a irem sozinhas de bike pra escola. E lá vem o frio na espinha de novo. kkkk

Será que, mesmo depois que os filhos viram pais, as mães relaxam?

;-)
Unknown disse…
Aff, Silvia, será? Acho que ainda além de se preocupar com os filhos, vem a com os netos, hahaha. Ou seja mãe se preocupa e ponto final...
Eu nem penso nisso ainda... Leo só tem 5, sei qeu passa rápido, mas não tô pronta, hahahaha. Deixa eu empurrar isso com a barriga só mais um ano!!! rsrsrsrs
Mas eu fico pensando tb, no meu caso ainda no começo... Será que já devo deixá-lo tomar banho sozinho? Será que estou extendendo isso por muito tempo...
enfim...
Paloma disse…
Eu acho que nunca estaremos preparados...bjo
Paloma e Isa
Anita disse…
Boa reflexão..Este ano meu maior de 12 anos começou a ir e voltar do inglês sozinho, fica há 3 quadras de casa, atravessa um sinal de movimento..mas fazer o quê?Os horários não compatibilizavam de jeito nenhum...
O coração fica apertado até ele ligar avisando que chegou...
Também entro em neura com estas coisas:a gente ensina, mostra, dá exemplo e os pestinhas fazem do jeito deles, ou dos amigos, o que pode ser pior...
Caliê disse…
Oi Taís

As mães se preocupam e irão se preocupar para sempre. Ter filhos é uma viagem sem volta. Eu fico muito preocupada com o que serão dessa meninada amanhã, pq como muitas contaram, antes se tinha maior autonomia. Eu morava em uma cidade de 10.000 habitantes e minha mãe me mandava no meracdo com 4 anos de idade e um bilhete na mão. Com 12 para 13 eu e uma prima, 1 ano mais nova, pegávamos buzão para uma cidade próxima para fazer Jazz. Isso é inconcebível nos dias de hoje. O que fazer então?

Bj

Caliê
Caliê disse…
Ops "o que SERÁ dessa meninada..."
Hegli disse…
Ai que meeeeeeeeeeeeedo, o meu "pequeno" filho completa 9 anos dia 12.
E eu já fico imaginado quando ele tiver 11, 12...
O que será do meu coração de mae aflita???? rs
Bju
tais Vinha disse…
Gente, sabe o que me alenta, já fiz tanta MER... É incrível estar aqui pra contar. Outro dia escutei uma frase: temos que deixar os filhos cometerem os próprios erros. Mas o duro, como uma de vocês disse, é soltar sabendo que tem coisas que comprometem a vida. Mas a verdade é que tudo compromete a vida, né? Transar sem camisinha, sair com a pessoa errada, pegar um taxi com um tarado, comer gordura trans...se pensarmos assim, trancamos na torre e chamamos de Rapunzel. Acho que antes, os pais tinham menos medo de soltar porque as histórias não circulavam tanto. Hj ouvimos todo tipo de tragédia e ficamos eternamente inseguros. A verdade é que seguro mesmo só quem usou camisinha e não teve filho. Eta tarefinha complicada essa nossa! Bjs!
Renata Rainho disse…
kkk disseram tudo: mãe é um caminho sem volta...
Vanessa Anacleto disse…
Minha mãe era tão dramática quando eu era criança que qdo comecei a sair sozinha para o colégio, o curso de inglês e etc, tinha pavor de ser atropelada e sempre andei direitinho na rua. Talvez a solução esteja no drama, hahaha.

Brincadeira, é que eu estou nervosa, meu filho tem só 2 anos e meio e todo o meu problema reside em ele avisar sempre quando quer ir ao banheiro. Seu post me deu medo . :-)

Taís, tem uma promoção nova no blog, quer uma edição linda de Alice no País das Maravilhas e Alice através do espelho? Dê um pulinho lá.

bjs
Adorei..seu blog...estou navegando pra divulgar meu blog.

Visite meu blog e se gostar vai ser um prazer ter sua companhia.

bjs

www.tatidesignercake.blogspot.com
Mamma Mini disse…
Amei seu blog, não sei como nunca havia passado por aqui antes...enfim, meu filho ainda é micro pessoa de 2 anos, mas lendo seus posts, já entra dentro de mim todas estas questões que ficam latentes em determinada fase da vida dos filhos... e acho que a gente que é mãe está em questionamento forever sobre a melhor conduta (nossa e deles) o que fazer para que o que eles façam seja a melhor opção, o melhor caminho, criar um ser humano e ensinar pra ele TUDO não é uma tarefa fácil. Mas tem a parte muito muito prazerosa. Hoje mesmo tava arrasada porque de uns dias pra cá ando dando uns pitis aqui em casa com o David, momento vamos colocar limites... mas depois que a poeira abaixa eu penso: Pô, a criaturinha tem apenas 2 anos, e qual o dicernimento pra entender meus berros e minha "imposição" de limites... não quero ser a mãe do tipo que berra... mas não quero criar uma pessoa que acha que pode tudo no grito... coisas da vida de mãe né? beijos, vou voltar sempre.
Unknown disse…
Olá, Mamma Mini.
Bem-vinda ao clube.
Limites, depois culpa, mas sabendo que tem que colocar limites e por ai vai... rsrsrsrs