Nossos filhos e a avaliação escolar - Parte I



Nossos filhos e a avaliação escolar - Parte I

Uma vez ouvi de um estudante sueco que lá eles não colam nas provas. Na época revirei os olhos. Para uma universitária como eu, nascida em um país da turma do fundão, não colar soava como o cúmulo da inocência escolar.

O estudante completou: "Colar é enganar a si mesmo. Por que você faria isso?"

Essa frase ecoou anos na minha cabeça até que eu pudesse entendê-la. Mais ainda, pudesse entender porque lá eles pensam assim e aqui achamos que estamos apenas enganando o professor ou o sistema.

Para compreendê-la, precisei primeiro de abrir mão de alguns conceitos errôneos e preconcebidos. Confesso que levei anos para entender que não se trata de um povo puro, correto, íntegro versus a malandragem gersoniana brasileira. Não somos coladores natos, nem enganadores desde a mais tenra idade. Somos muito mal avaliados! O sistema de avaliação da maioria das nossas escolas nos estimula a tentar burlá-lo.

Explico: avaliar é diagnosticar. Pensando assim, o estudante sueco tinha razão: quem enganaria um diagnóstico? Não colamos no exame de sangue ou na chapa do pulmão. Não sabotamos um exame de ultrassom. Sabemos que se tratam apenas de ferramentas para o médico descobrir se estamos em boa saúde ou nos prescrever o que fazer para recuperá-la. Servem também de indicadores para estabelecer o antes e o depois e visualizar a  evolução do tratamento.

A avaliação escolar deveria ser isso. Uma forma de professores e alunos identificarem pontos positivos e fracos no aprendizado de cada estudante e, assim, planejar intervenções e acompanhar o desenvolvimento.

Um aluno bem avaliado, fica sabendo com clareza seus méritos, conquistas e o que precisa melhorar. E da mesma forma que um doente não sai do consultório do médico só com a notícia que anda mal do estômago, ficando para si próprio a tarefa de curar-se, o aluno com uma dificuldade de aprendizagem tem que saber, ao final da avaliação, o que ele e a escola farão para recuperar os problemas identificados e manter as conquistas positivas.

Assim, a avaliação deixa de ser uma mera classificação, uma ferramenta para passar ou não de ano, ou mesmo um instrumento de controle comportamental e se torna algo fundamental na vida escolar. Algo tranquilo, que não precisa ser temido, nem é motivo de sabotagem. Porque não serve para "ferrar", apontar quem são os "Yes!", os "Ufa!" e os "Top, Top, Top" da sala. O saber do professor é valioso e restringir sua avaliação a isso, é muito, muito pouco!

Outra coisa muito interessante - neste novo paradigma de avaliação, erros não são vistos como fracasso, burrice, desatenção ou preguiça. Erros são indicadores valiosos de pontos que precisam ser melhor trabalhados, não só pelo aluno, mas também pelo professor. É o colesterol alto que exige uma dieta mais saudável por parte do paciente e um acompanhamento mais próximo por parte do médico, inclusive, com a revisão das práticas que não estão funcionando. Ponto. Sem dramas, sem terrorismo, visando a promoção da saúde e não a derrocada do paciente. 

Aí entra o segundo ponto - quais instrumentos são usados para avaliar nossos filhos? Quais os ultrassons, os exames de sangue, as ergométricas do ensino? O mais comum no Brasil é a prova.
Mas, será que somente através da prova, o professor consegue ter um diagnóstico preciso do aprendizado?

O que você acha? Se preferir, comente e escreveremos juntos a continuação dessa conversa.

Comentários

Mariana disse…
Gostei do raciocínio. Me fez pensar e ajudou em um repertório novo para usar com meus cunhados de 13 / 13 / 11 / 10 anos...
Eles ODEIAM provas e sempre tentei convencê-los que são necessárias...
Mas em um país como o Brasil que leva a educação pública como "assunto de elevador" fica difícil convencê-los...Afinal, como explicar a dois adolecentes de 13 anos que o professor de geografia que pediu um trabalho sobre a tecnologia, sem nem ao menos dizer o que quer que eles pesquisem, que ele está visando melhorar e aprimorar o conhecimento deles??
Ainda temos muito o que mudar na educação para podermos fazer a massa pensar como os suecos...
E como muitos dizem a M** vem de cima...
Tais Vinha disse…
Pois é, Mariana, temos um longo caminho para mudar este paradigma na cabeça dos professores, alunos e pais. Nós tb somos responsáves por muito do terrorismo que se faz em torno das avaliações. Já vi mãe, mais nervosa que o filho. E o guri tá no fundamental ainda. Rs!

Estamos mesmo longe das escolas escandinavas, mas mudar o sistema de avaliação está ao nosso alcance hoje. Há inúmeras publicações, matérias de revista e muito estudo sobre este tema. Com estudo, dedicação e boa vontade, o sistema pode ser revisto e novas formas implementadas. Há inclusive, escolas brasileiras avaliando muito bem seus alunos. E o processo não precisa vir pronto. Pode ir sendo aperfeiçoado, trabalhado. O importante é, como tudo na vida, não ser estagnado. É isso e todos tem que seguir.

Trabalhei numa universidade que nos dava autonomia para avaliar os estudantes. Mas soube de outra onde os professores eram obrigados a aplicar prova. E tinha que ser de múltipla escolha. Numa situação dessas, me pergunto: para que serve o professor? Basta xerocar a prova, dar para um monitor, ele aplica, corrige e dá a nota. Avaliar assim é subestimar alunos e professores.

Obrigada por comentar. Bjs!
Josiane Caetano disse…
Esta sua visão de avaliação está totalmente certa! O problema é, que como você mesma disse, você só veio a entender quais as implicações do avaliar quando estava madura para isto. E é este o problema do professor: como um aluno imaturo- como é a realidade da grande maioria que frequentam a sala de aula- vai se preocupar com a avaliação se nem se preocupa com o aprendizado?
Pois aí está a resposta: a avaliação só tem lógica quando o aprendizado tem sua função. O problema é fazer entender a este aluno- enquanto ele é aluno- que o aprendizado é o que conta!
Rita disse…
Oi, Tais

Coincidentemente toquei no assunto há quinze dias em meu blog (http://www.estradaanil.com/2012/05/boletim.html). Fiz um post-pergunta, pedindo pitacos e opiniões sobre avaliações de alunos do Ensino Fundamental. Meu filho mais velho tem 7 anos e já está às voltas com notas e boletins e o assunto muito me interessa. Uma leitora me sugeriu que desse uma olhada em trabalhos da Jussara Hoffmann, entre outros. Estou começando a fuçar alguma coisa e vou ficar de olho no seu próximo post. Minha maior preocupação é a competitividade alimentada pelo sistema de notas; como um boletim de estrelinhas acaba virando centro das atenções, temo que as crianças mais se apavorem do que se empolguem com o processo de descoberta e construção do conhecimento. E concordo muito com você no que diz respeito à ansiedade dos pais, outro fator que pode ter um efeito catastrófico na relação da criança com a escola. Enfim, esse é um assunto muito caro para mim atualmente, fiquei feliz por você ter levantado a bola aqui. Abçs,
Rita
Olá Tais, olá meninas,

Bem, eu não acredito em avaliação pontual e ponto, ou seja a tal da prova. Acredito em percurso, em feedback, e principalmente em envolvimento do aluno na avaliação desse percurso. Os boletins escolares por aí afora são uma espécie de relatório frio, com notas, conceitos e gráficos, parece até extrato bancário. A comunicação é sobre o aluno, mas em momento nenhum se inclui o aluno. Ele é mero portador da mensagem que vai do professor para os pais.

A avaliação pontual e o boletim tipo extrato bancário, retiram toda a importância do trajeto, do percurso pq só foca no resultado. E, aí é calro que os alunos vão conseguir meios de maquiar o resutado, assim como as empresas que estão mal das pernas, maquiam seus balanços.

Acho que a escola não pode ser uam reprodução do mundo corporativo. Mas a maioria funcina assim: metas, rankings e aí os alunos que atrapalham a estatística ficam de fora. É preciso investir no aluno que dá ibope p/ a escola, o resto tem problema de aprendizagem e na escola não se trata desses assuntos.

Beijos revoltados

beijos
Unknown disse…
Tais, esse assunto é importantíssimo. Eu não tenho dúvidas de que existem outras formas sim de avaliar o aluno e penso que essa avaliação deve ser feita de forma continuada, processual, e não pontual, ou seja, outras práticas (trabalhos, postura em sala, exposições, dinâmicas, projetos, cirandas de leitura, atividades artísticas etc.) e não apenas a prova em si, devem ser instrumentos de avaliação. A avaliação precisa ser contextualizada e atenta às demandas de cada aluno. Se não for assim, fica difícil EDUCAR.

Na escola onde as crianças estudam, existe prova, mas ela representa apenas parte do processo avaliativo. A avaliação lá é continuada, feita diariamente, sob todos os aspectos. O dia da prova não é um dia estressante (e nem os alunos ficam tensos por causa disso), e a prova é chamada de "atividade avaliativa", no sentido de representar apenas uma oportunidade para o aluno desenvolver, falar, sobre o que aprendeu e sempre com o apoio da professora, que fica ao lado, para responder as dúvidas e orientar os alunos. Eu gosto disso. Ainda não é o ideal, mas me sinto aliviada em ver minha filha tranquila, estudando sem imaginar que está indo para uma forca.

Meu sogro é estudioso e especialista no assunto há mais quarenta anos e dá palestras em todo o Brasil a respeito: Cipriano Luckesi (quem atua na área de educação o conhece bem). Se quiser aprofundar um pouquinho mais sobre isso, dá uma olhadinha no livro dele mais recente "Avaliação da Aprendizagem", da Editora Cortez (esse é mais profundo, excelente). Tem outro menor, com o nome "Avaliação da Aprendizagem na Escola", que é muito bom, bem objetivo e que só é vendido durante as palestras. Se tiver interesse neste último me fale que terei o maior prazer em enviar pra você (meu e-mail:ivana@luckesi.com.br)

bjos!
Acho que a prova é simplesmente a pior ferramenta de avaliação, mas para a estrutura escolar-burocrática-cartesiana é uma maravilha e por isso persiste durante séculos (exagero?). O formato das aulas, a invenção dos "módulos" que são a febre atual e daí o professor fica lá engessado em seguir o que o país inteiro está seguindo, mesmo que São Paulo tenha festa juLina e Maceió festa juNina! Muita coisa precisa mudar sim, e se não fizermos discussões como a que vc levantou, não mudarão nunca!
Ótimo texto!
Silvia disse…
Tais, eu gosto muito do sistema de avaliação ao qual nossas crianças são submetidas. Para quem não conhece, a partir do quarto ano é que eles começam a ter "provas" com esse nome. Até o terceiro, são avaliados, mas muitas vezes sem saberem que estão fazendo prova. E a nota final do aluno não vem só da prova, mas da participação, da articulação, da postura frente aos colegas e professores, do olhar crítico, da vontade de aprender, compartilhar informações e tal.

O que me preocupa é que, no Brasil, o histórico escolar do aluno, na hora do vestibular, não é NADA. Pode ter sido um aluno brilhante e dar um branco na hora do vestibular por algum motivo e pronto, lá vai toda uma vida escolar bem trilhada pro brejo. É justo isso?
Tais,
Desculpe a ignorância, mas eu queria saber se a quantidade de conteúdo dos escandinavos é igual à nossa. Se tem esta peneira no final do ensino básico que é o vestibular...

Pergunto isso porque sei que a maior parte dos pais prioriza toda a educação básica (e até a infantil!) para a preparação para o vestibular. Para esta preparação para o mercado, do jeito que ele é: competitivo...

Escolhemos proporcionar uma outra educação para nossos filhos e felizmente achei um espaço afinado com nossos ideias. Achamos (eu e o pai) que a escola deve priorizar outros valores, pois conteúdo hoje está ao alcance dos dedos num teclado.

A avaliação é um processo que contém diversas etapas e provas mesmo só fazem no último ano (5º) para poderem chegar em outra escola. Estou muito satisfeita com isso e vendo os adultos que estudaram lá, estou certa da minha escolha e da possibilidade de construirmos uma outra educação.

Beijoca
Tais Vinha disse…
Josiane, é um processo que vai sendo construído aos poucos. E não parte apenas do aluno. Escolas com avaliações massificadas, baseadas apenas na nota da prova, por exemplo, criam no aluno esse pavor. Pois toda a avaliação do aprendizado dele depende dele ir bem ou mal no dia da prova. Então surgem casos de alunos que sabem muito bem o conteúdo mas ficam com nota 6,0. Como querer que este aluno não se frustre? Em escolas onde a avaliação é continuada e não baseada em um único critério, os estudantes são muito mais tranquilos com relação a todo o processo. Bjs
Tais Vinha disse…
Oi Rita, muito legal seu texto. Comentei lá. Dá mesmo peninha dos pequenos quando começa a história do boletim. Aqui o que faço é não dar muita bola pro danado. Dou mais valor a eles fazerem os trabalhos, as tarefas, participarem das coisas. A nota passa meio batido. Nem sei se é o certo. Mas achei ótimo vc ter levantado o assunto, contando seu relato pessoal. Bjs
Tais Vinha disse…
Adriana, achei muito feliz essa sua comparação: "Acho que a escola não pode ser uma reprodução do mundo corporativo. Mas a maioria funciona assim: metas, rankings e aí os alunos que atrapalham a estatística ficam de fora. É preciso investir no aluno que dá ibope p/ a escola, o resto tem problema de aprendizagem e na escola não se trata desses assuntos."

É exatamente isso que ocorre diante da frieza dos números. E se empresa tenta burlar balanço, porque não os alunos? Clap, clap, clap!
Tais Vinha disse…
Ivana, Mariana e Silvia, o legal de vcs contarem como é nas escolas de seus filhos é mostrar que tem gente avaliando de outra forma. Que nem tudo precisa ser massificado, como um extrato bancário (como bem descreveu a Adriana).Há caminhos diferentes sendo trilhados, há muito estudo sobre o assunto, mas ainda assim, a imensa maioria das escolas opta por continuar na tradição "foi mal na prova, se ferrou". E aí é um se vira nos 30 para tirar nota boa e se safar. Mariana, imagino que a praga vestibular seja algo que não exista por lá. E não sei sobre os conteúdos. Mas a tendência nesses países é muita ênfase em interpretação, lógica, leitura e raciocínio matemático. Não sei se a carga de conteúdo é maior ou menor que a nossa. Pelo contato que tive com eles, eram alunos muito bons, tranquilos e super responsáveis. Tipo CDF sem ser. Rs! Bjs
Tais Vinha disse…
Oi Patrícia, sabe que a educação finlandesa, tão badalada, tem entre seus princípios a autonomia do professor. Acho isso sensacional, o professor não pode trabalhar dentro de formas. E ao mesmo tempo que lhe dá a liberdade necessária para trabalhar, tb lhe atribui responsabilidade. Essa homogenização à qual vc se refere é desastrosa. Cada escola, cada turma, cada aluno é um ser completamente diverso e suas particularidades tem que ser consideradas no processo educativo. Bjs
Tais Vinha disse…
Oi Patrícia, sabe que a educação finlandesa, tão badalada, tem entre seus princípios a autonomia do professor. Acho isso sensacional, o professor não pode trabalhar dentro de formas. E ao mesmo tempo que lhe dá a liberdade necessária para trabalhar, tb lhe atribui responsabilidade. Essa homogenização à qual vc se refere é desastrosa. Cada escola, cada turma, cada aluno é um ser completamente diverso e suas particularidades tem que ser consideradas no processo educativo. Bjs
Anônimo disse…
Se fosse apenas para avaliar e ponto, não haveria problema para mim. Mas esse não é o caso. Por mais que não sirva para apontar quem é top e quem é ufa ou para ferrar ninguem, o que ela faz efetivamente É exatamente isso. Ela aponta os melhores, faz os outros se sentirem inferiores, principalmente os que ficaram sem média, e ferra muita gente. Se seu filho não passasse de ano, voce não ferraria ele, cancelaria viagens, deixaria de castigo e tal???
Se voce não, as outra maes e os outros pais sim. E o próprio aluno que não passa sofre extremo stress e fica se autoflagelando. Os professores não se sentem na obrigação de ajudar e muitas vezes não ajudam. Os pais muitas vezes até tentam ajudar, mas muitas vezes não conseguem e pioram tudo. Sua comparação foi com a um exame médico de qualquer tipo. Você não é obrigado a fazer um exame médico para nada. E mesmo se for e eu não souber, você não recebe punição nenhuma se não fizer ou se descobrir que está doente. E descobrir que está doente não te faz se sentir inferior. Ter uma dificuldade é ser visto como descompromissado e não-dedicado. O que muitas vezes não é verdade. Os professores não querem saber dos alunos e de seus problemas. Os professores não acham que os problemas escolares dos alunos são problemas deles. A verdade é que é. A maioria dos colégios do Brasil é formada por escolas religiosas. E as que não são também sempre dizem ter a proposta de formar cidadãos. Mas os professores e diretores e etc. não são um exemplo. E os valores como solidariedade, respeito e fraternidade, que os colégios fazem questão de dizer que são importantes, de mostrar nos outdoors e de cobrar dos alunos, não é cobrada dos professores, coordenadores e diretores. Mães e pais do Brasil: a não ser que seu filho tenha um parente que trabalha na escola ou que os professores demonstrem favoritismo com eles, eu asseguro a vocês: seus filhos não recebem nenhuma, NENHUMA ajuda da escola. Provavelmente, se você perguntar a seu filho se tem alguma professora(tirando a de educação fisica e tal) que nunca falou ¨isso é problema seu¨ quando algum aluno pediu assistência, se ele responder honestamente a resposta vai ser não.
Doralice disse…
Oi Tais,
Estou em um dilema em relação ao sistema educacional para o meu filho de 3 anos. Estou em busca de uma escola diferenciada, que cultive o desenvolvimento integral e que seja mais humanizada. Encontrei a Pedagogia Waldorf, e me encantei. Lá naõ existe "provas" até o final do fundamental. A avaliação é feita de outra forma ( ainda não sei bem como é). O saber vem junto com vivências e tudo flui de uma forma mais harmonica, e não esse "enfiar guela abaixo" de trocentas matérias e teorias que de nada servem para o aluno, pois como bem sabemos nosso cérebro é seletivo, e deleta 90% desse conhecimento imposto pelas escolas, uma vez que esses conhecimentos não são frutos de uma demanda real de um saber genuino dos alunos. O conhecimento para se prestar vestibular, qualquer um aprende em 1 ano de cursinho; passa e depois deleta completamente tudo. Fica a minha questão: qual o saber que realmente é importante para que se tenha um ser humano inteiro no seu pensar, agir e sentir!?????? abraços
Tais Vinha disse…
Wiki, nem todos os professores se encaixam no perfil que vc descreve. Temos professores maravilhosos, dedicados querendo fazer um trabalho diferenciado. Mas infelizmente, quando converso com a maioria deles, passam sempre um sentimento de estarem isolados, frustrados, sem apoio. Infelizmente, temos um sistema que privilegia exatamente o que vc descreve. Como me disse uma educadora: o sistema não funciona para o bem do aluno. Justamente quem deveria ser o principal beneficiado pela escola. Muito boa sua reflexão.
Tais Vinha disse…
Doralice, o conteúdo é determinado pelo MEC e as escolas não tem muito como fugir. Existem parâmetros que devem ser cumpridos a cada ciclo escolar. O que dá para mudar é a forma como este conteúdo é transmitido/construído. Se for apenas como reflexão, eu pessoalmente não vejo sentido em muito do que se ensina. Preferiria mil vezes que a escola tivesse menos conteúdo, mas que este fosse dado de forma mais criativa, com maior exploração, envolvimento, profundidade e significado.

Não conheço bem as escolas Waldorf. Não temos nenhuma onde vivo. Mas a proposta me parece muito bacana. Sei de pelo menos 5 alunos que estudaram em colégios Waldorf e se saíram muito bem na vida. Alguns fizeram só o infantil. Outros foram até o segundo grau. Todos os que eu conheço entraram em faculdades públicas de ponta e estão indo muito bem nas carreiras que escolheram.

A escolha da escola sempre é motivo de angústia. Principalmente com o primeiro filho. Reflita bastante, pesquise as diversas propostas e acompanhe de perto o que está acontecendo. Não importa a proposta, a proximidade com os pais é fundamental.

Bjs
Fabi disse…
Olá!
Penso que não apenas as avaliações, mas o ensino formal como um todo devem ser repensados.
Percebo que, de um lado temos crianças com outros parâmetros e interesses, crianças midiáticas, que apreendem as coisas de modo diferente; de outro, pais e educadores que incentivam a competição e conceitos como "sucesso", "fracasso" e outras sandices, crianças inseridas em dezenas de atividades etc.
Meu filho mais velho tem 10 anos e é ótimo aluno. Estuda numa ótima escola. Não obstante, não o vejo interessado em complementar seu aprendizado através de pesquisas ou (boas) leituras, não espontaneamente.
Em alguns momentos, confesso que sinto dificuldade em fazê-lo entender que a nota alcançada não significa tanto quanto ele foi levado a crer, especialmente porque preciso ter o cuidado de fazer isso sem desmerecer o seu esforço. Fica ainda mais difícil porque há a inevitável comparação com os amigos, que não precisam ler e podem ver TV e fazer uso de jogos eletrônicos durante toda a semana.
Ele adora tirar boas notas (precisamos dizer que 8,0 é ótimo, não precisa ficar chateado) e tem orgulho delas. Até penso que a avaliação é adequadamente utilizada como instrumento para detectar os pontos interessantes e os que precisam ser melhorados. Nesse ponto, tudo bem.
Mas, sinceramente, não fico convencida quanto ao que é ensinado. Penso que a questão é bastante complexa e a avaliação precisa ser pensada em conjunto com o ensino em si: o que se passa ao aluno, como e por quê.
Reflexões (e dúvidas!) compartilhadas.
Abraço.