Filhos fora da Matrix (Criando filhos felizes, parte 2)


Filhos fora da Matrix (Criando filhos felizes, parte 2)

Outro dia, uma amiga comentou angustiada que o filho era muito submisso. O garotinho de 5 para 6 anos, era doce demais a ponto de fazer concessões não tão favoráveis a si próprio em troca de manter as amizades.

Na hora, me lembrei de uma frase que havia escutado de uma educadora : "É preciso ser submisso para aprender a não se submeter". Uma frase forte, papo cabeça e que não aliviou em nada os anseios da mãe naquele momento.

Reencontrei a criança cerca de um ano e meio depois. Ele me contou que havia brigado com o amigo. O motivo, nas palavras dele: "Ele fica me chamando de mané. Eu não sou mais mané." Fiquei muito impressionada. Na minha frente havia outra criança, mais segura, independente, consciente de seu valor.

Quando li os comentários no texto anterior, senti a angústia crescente dos pais com a relação "criança x consumo x felicidade" e não pude deixar de associar os ensinamentos. Somos adultos e temos 30, 40 anos de jornada nesta sociedade consumista. Não podemos esperar que nossas crianças nos alcancem. Não agora. Seria forçar um comportamento que leva anos pra se desenvolver. Eles precisam viver seus erros e acertos com o consumo, suas alegrias e decepções para se definirem como consumidores. E como seres-humanos (apesar do que vemos na telinha, uma coisa não tem nada a ver com a outra).

Então, o que fazer? É impossível evitar que uma criança seja atingida por mensagens consumistas. O bombardeio é intenso e está em todos os lugares. Na TV, no pé do amigo, no carro do vizinho, na cabeça do skatista que passou na rua, no autidor que tampa o céu. As mensagens são cuidadosamente sedutoras e é natural que eles também queiram consumir.

Nosso dever, não está em proibir ou criticar. Está em equilibrar a balança e garantir espaço para que eles desenvolvam também o lado não consumível da vida. E isso se faz com paciência, tranquilidade e algumas concessões (ou não haverá equilíbrio). Se o garotinho é louco pelo superherói do minuto, vamos deixá-lo ter a fantasia do herói, por exemplo, mas não precisamos comprar todos os itens da coleção, como os detentores da marca esperam que façamos.

Vamos cozinhar comida saudável, muito saudável, mas se num outro local eles quiserem experimentar aquela massa de batata congelada sorridente e cheia de aditivos, permita. Meu filho, por exemplo, provou e detestou. Nunca mais pediu. E se pedir, na sua casa não compre. Sem discursos inflamados. Apenas diga que você não acha muito saudável e que prefere fazer batata caseira.

Se eles querem sorvete, delícia, compre uma ou duas bolas. No máximo. Pule os horrendos buffets de sorvete, onde se coloca uma tonelada de sorvete, três de cobertura e custam uma fortuna. Uma ou duas bolas são suficiente para matar a larica de qualquer criança e eu garanto que depois de chupar eles não pedirão mais. Se eles insistirem na tranqueirada, você pode dizer com calma: "olha, é açúcar demais....se você quiser cobertura, coloque uma bola de sorvete a menos. Ou leve duas bolas, sem a cobertura." E deixe que eles resolvam e experimentem.

Se o menino quer a chuteira do ídolo, explique que quando o jogador é bom, ele faz gols até descalço. E compre uma chuteira que não custe uma renda familiar. Contudo, se o pedido insistir, sugira que ele peça uma de marca no Natal (e compre a marca que você escolher, com um preço que acha razoável pagar).

Com o celular é a mesma coisa: equilíbrio. "Não, porque você ainda não precisa. Quando precisar, terá um." E ignore a choradeira. Mas se a tia der um aparelho usado pra eles, deixe. Ache legal, compartilhe do entusiasmo do seu pequeno. E observe que os créditos terão que ser colocados da mesada deles (tem crédito de 6 reais). Não dou nem um mês pro aparelho acabar esquecido num canto. Neste caso,  não diga nada. Não dê uma de superior afirmando que já sabia que aquilo ia acontecer. Você sabia, mas eles, não. E o fato deles esquecerem o aparelho confirma que eles descobriram, através da experiência, o mesmo que você.

E compense toda essa vida desconsumida, com outras coisas. Afeto, refeições em família (a comidinha fica ainda mais gostosa), carinho, aceitação, estímulo e muita gratidão pelas coisas que não se compra (esse é assunto pra outro texto).

Nesse cenário todo, o que mais fará diferença é a sua postura de vida. De novo, antes de investir tanto na felicidade do seu filho, reflita em como está a sua. E viva com muita tranquilidade, de acordo com os princípios que te preenchem e te mantém feliz. Seja Botox ou Buda. Seu filho terá vergonha de andar no carro velho, se perceber que você também se sente diminuído por isso. Mas se você não ligar, quando a queixa vier, use de bom humor: "O carro do papai é como a nave do Hans Solo, do Star Wars. É véinho mas sempre chega lá." Disse isso uma vez, eles caíram na gargalhada e nunca mais reclamaram do golzinho 97 que temos na garagem.

Equilíbrio, bom humor e não dar tanta bola pra choradeira de criança. Como dizia minha avó: "é lágrima de crocodilo". Se você está firme nas suas convicções, eles logo aceitam. Criança sabe como ninguém até onde dá pra insistir. Se temos convicção que felicidade está em "ser"e não em "ter", sejamos. Sem angústia pelos "nãos" que teremos que distribuir pelo caminho.

Sempre, sempre cientes de que, por mais que façamos, exemplifiquemos e controlemos, na hora certa, eles vão seguir o próprio rumo. De Havaiana ou de Ferrari, a jornada, a partir dali, será deles.

Comentários

Paloma Varón disse…
É isso aí, Taís. Destaco a frase: "Nesse cenário todo, o que mais fará diferença é a sua postura de vida". Nunca fui de me violentar (aos meus valores) em nome do suposto entretenimento da minha filha e tem dado certo. Faço uma concessão aqui e outra ali, é claro, mas não tenho uma criança consumista em casa e, quando pede algo que eu não dou, ela aceita sem crise. Ela é feliz com tão pouco, não precisa de nada muito arrojado. E eu adoro que seja assim!
Beijos
Taís Vinha disse…
Oi Paloma! Vc tocou num ponto ainda muito pouco percebido pelos pais. Só quem cria filhos num ambiente pouco consumista consegue entender como eles podem ser desencanados de consumir. Parece até discurso utópico, mas tb identifico uma tranquilidade, uma felicidade com tão pouco, como vc mesma afirma. A pressão lá fora é tanta que uma vez tive uma neura se estava criando filhos apáticos (rs!), mas logo me belisquei, acordei e me dei conta de que eles são muito legais e não precisam de exageros pra ficar bem. Na época da Copa, meu caçula quis uma Jabulani. Meu marido comprou uma bola Topper e disse que era a Jabulani do Paulistão. Ele ficou feliz da vida (todos eles, aliás, até os maiores que sabiam que não existia Jabulani do Paulistão). A bola foi muito chutada e ninguém nunca se sentiu diminuído porque o amiguinho da sala tinha 2 Jabulanis oficiais (custa 400 reais e a outra 40). E assim vamos levando, no contrafluxo e tentando rir disso tudo. Bjs!
Luciana Betenson disse…
Taís, amei este texto. Tenho dificuldade em ceder, pra mim um eterno aprendizado. Como você disse, com paciência, tranquilidade e algumas concessões. Tenho um texto que vai um pouco na sua linha no meu blog, "Tolerância, o eterno aprendizado". Se quiser, dá um pulo lá pra ler. Bjs
Marina Queiroz disse…
Muito bom o texto, excelente reflexão.
Equlíbrio é tudo, você escreveu o que penso.
beijos
Priscila Blazko disse…
Olá, Taís.
Cheguei aqui através do blog da Anne (Super Duper)e gostei muito!
Ótimas reflexões.
A questão do consumismo infantil me consome tanto... já até fiz um post mea culpa sobre isso... Mas acho também q o caminho é por aí: enquanto estivermos nos questionando, estaremos educando melhor.
Abraço!
Priscila

Ps: já viu o documentário Consuming Kids?
márcia disse…
olá Thais, já tem usn meses que acompanho o blog e puts, como me identifico!

esses dias a minha filha, de quase 4 anos, disse que não queria o sabonete da Barbie porque era feio. mas eu ví que ela queria o dito. ela só repetiu o que eu ando dizendo da tal boneca. percebi que ficar blasfemando contra, definitivamente, não é a melhor solução.

e não é nada do outro mundo a gente explicar que existem outros produtos que também são legais.
eu mostrei sabonetes de outros personagens e no fim ela desencanou dos sabonetes e acabamos levando outra coisa no lugar e pronto.

eu não gosto de levar os pequenos ao Shopping, mas de vez em quando, que mal há?
um dia eu levei e a lista de pedidos começou: vestido, sorvete, parque, brinquedos, efim...
eu fui conversando, explicando e bastou um sorvete de casquinha pra deixá-los felizes. tudo bem que foi DAQUELE, mas fazer o quê se tem em todos os pisos do Shopping?

sei que a medida que ela e o irmão forem crescendo as coisas vão se complicando mas dá pra seguir driblando sem neuras.

beijos
Márcia
Anônimo disse…
É estranho, mas de repente só o fato de vc dizer NÃO se tornou tabu, a necessidade de fazer parte do grupo é sempre mais forte que pensar nas conseqüências que a nossa negligência pode gerar no futuro próximo do nosso filho.
Veja, eu sou contra alguns brinquedos e personagens e me nego explicitamente compra-los, pq acho q certos produtos são bem mais temperados que outros e seder pra um será por valores básicos no lixo. E eu vou tentando oferecer opções mostrando 1o que elas existem. E podem até ser melhores.

Só um exemplo, minhas filhas adoram as embalagens de pudins, fazemos em casa, mas aqueles copinhos individuais com tampinha de alumínio fazem os olhinhos brilharem, sempre vem o pedido na hora das compras.
Eu já tava cansada disso, evitando passar pela geladeira do super, nem argumento nem nada mais era "não e pronto" até que achei aqui mini moldes pra os benditos pudins, eu deixei de compra qualquer coisa, mas levei essas forminhas, fizemos e apresentei com uma calda de caramelo também caseira e se acabou o problema, meu e delas.
Não rompi meus critérios, fiz as meninas super felizes e garanti uma sobremesa legal em que elas ainda participaram na elaboração.

Tais eu achei o texto super legal me levou a lembrar um milhão de caso, eventos, fracassos e conquistas e pena que não sou tão paciente assim impossível de seguir algumas dicas, no que empatamos mesmo é no bom humor, mas no fundo o objetivo é o mesmo e as meninas vão crescendo saudáveis e críticas.
Bj
Taís, te leio sempre mas nunca comentei. Talvez porque o que você escreve vai tão ao encontro do que penso que o que posso comentar é: excelente texto! Esse não foge à regra!

Sou totalmente pró caminho do meio. A busca do equilíbrio pauta minha vida e como crio minhas filhas. Nada é proibido, tudo é conversado: tv, comida, consumo. Prefiro fazer com elas reflitam sobre o que estão pedindo do que simplesmente dizer não. E isso sempre gera discussões saudáveis e perguntas deliciosas: porque? como?

Bjs

Priscilla
Hegli disse…
Delicioso ler o seu texto!!!
Todo último dia de aula, todos os anos, eu e o Lucas separamos o material que está bom que fica para o próximo ano. Isso tudo sem crise. E também não compramos materiais de personagens.
Fizemos um acordo desde o primeiro ano de comprar materiais simples e algumas cartelas de adesivos dos personagens “da hora” para ele customizar as capas e embalagens. Até a mochila é uma reforçada, preta, básica na qual colamos tecidos e adesivos “radicais”.
Ele sabe que não é apenas para economizar dinheiro, mas está colaborando também para reduzir o uso de matéria prima, água e energia desses materiais se fossem comprados sem necessidade. E também sempre digo a ele que não pode ir pela moda ou pelo que todo mundo tem, que ser diferente é bem legal.
E sabem o que acontece todos os anos? Quase todos os amigos da sala chegam com materiais praticamente iguais dos personagens “da hora” ficam loucos para saber onde ele comprou aquele caderno “maneiro”, todo diferente do personagem que todo mundo ama, mas só o Lucas tem...
Camila disse…
Oi,

Sempre passo aqui no seu blog e, pra variar, adorei o texto.

Achei bem interessante como você conseguiu dar exemplos práticos, concretos da sua filosofia de vida.

Não tenho filhos, mas tento imaginar o trabalho que deve dar conciliar com equilíbrio esses nãos e sims na rotina.

Parabéns!
Pimenta disse…
Apoiada!!!!!
Afinal,com que cara fica um pai que fez imensos sacrifícios para pagar a universidade mais importante do mundo para o filho,que sacrificou a si mesmo,seus sonhos, seu bem estar pelo filho e um dia,depois do filho adulto, recebe uma ligação onde ouve ele dizendo que trocou de profissão e será carpinteiro, ou vai vender artezanato no Caribe?
Temos que fazer o melhor, e o mais importante, sem deixar ninguém de fora.
A beleza da existência está no amor e em como encaramos essa louca impresivibilidade.
Bjo.
Paula disse…
Obrigada por transformar em belas palavras o sentimento que muitas vezes encerramos no silêncio de nossas angústias maternas.
Abraços.
Lia disse…
"E compense toda essa vida desconsumida, com outras coisas. Afeto, refeições em família... carinho, aceitação..."
Isso não apenas compensa, mas supera a vida sem excesso de bens. Na verdade, o consumismo é isto: uma tentativa inútil de tapar um buraco de carência e insegurança com coisas que nunca satisfazem.
tais vinha disse…
Os comentários de longe superam o texto. Adoro a forma como vocês pegam pedaços do texto e reinterpretam, muitas vezes tirando coisas que nem eu mesma havia visto.

Luciana, o seu texto é ótimo. Tá lido e recomendado.

Marina, a Rosa disse bem. Nem sempre o que é equilibrado pra mim é o mesmo pra vc. O ideal é acharmos o nosso centro individual. E olha que ele vai mudando com o tempo. Difícil, não? Pobres filhos, rs!

Priscila essa questão do consumo consome todas nós e o planeta de quebra. O bom é estarmos numa fase de reflexão sobre ele, o que já é um avanço muito grande. Há pouquíssimos anos esse era um assunto que eu nem pensava.

Marcia, o McDonalds parece o Valdemort, vilão do Harry Potter - temos medo de mencionar o nome. Rs! Aqui na minha cidade, tb é a única opção de uma casquinha barata. As outras são indecentemente caras. Acho que estou mal acostumada por ter crescido em Ribeirão Preto, terra do sorvete maravilhoso e barato. 3 reais e vc compra 2 bolas de sorvete de massa maravilhoso e que mal dá pra chupar, de tanto que vem. A Luciana tá aí pra confirmar.

Tb levo pouco os meus ao shopping. Acho chato. E eles idem. Por enquanto...Mas tem algo que vou discordar. Acho que tem ficado mais fácil, conforme eles crescem. Tomara que seja assim tb pra você.

Rosa, não tinha me dado conta que realmente a grande dificuldade de muitos pais é com o "não". O "não" é dado, mas depois vem a angústia com os sentimentos que ele provoca. Mas o "sim" tb aflige, então ou a gente se trabalha ou estamos num mato sem cachorro. Rs! Acho muito legal que vc discorde de algumas coisas. Sinal que achou seu ponto de equilíbrio e o importante é isso. Tomarmos as decisões e termos a segurança que estamos no rumo. Tá certo que isso funciona melhor na teoria que na prática, quem realmente tem 100% certeza o tempo todo do que está fazendo? Mas pra algum lado temos que seguir e o meu é tentar não ser tão autoritária (algo que preciso me esforçar para não ser).

Meus filhos tinham tara por bolinho Ana Maria. Como nunca compro, eles aprenderam a fazer bolo em casa. O meu de 7 anos é expert em bolo de chocolate. Me lembrou sua história com os pudins. Grande, solução!

Mãe de duas princesas lindíssimas, bem lembrado. O texto não fala das conversas que seguem paralelas. São muitas, mas sem o tom de crítica, de reprovação ou de fatalidade. E isso não é fácil de fazer. Uma vez meu filho comeu um bolo inteiro de chocolate. Qdo. cheguei na cozinha já tinha ido. No dia seguinte ele amanheceu com a língua toda branca. Eu disse pra ele: "olhe, sua língua tá branca. Isso acontece quando nosso corpo se desequilibrou. Ontem você jantou só bolo de chocolate. Não foi uma refeição equilibrada e sua língua está te mostrando isso." Menina, pois não é que a professora me chamou pra dizer que ele tinha ficado em pânico porque, por coincidência, tinha uma festa naquele dia e serviram bolo! Ele foi pro canto da sala com medo de comer por causa da tal da língua branca. Com muito custo ela o convenceu que poderia comer uma fatia de bolo de cenoura. E eu tinha dito aquilo na maior boa intenção! Criança é muito intensa! Até hoje ele confere diariamente a língua pra ver se está branca ou rosinha! Rs!

Bjs!
Tais Vinha disse…
Hegli flor do campo! Bom material escolar nem se conta. Aqui é tudo no genérico, no sebo e no reuso. E eles aceitam superbem. Tb fazemos capas poptchuras (que velho isso!), com coisas que pegamos na internet ou com montagens no fotoxópi. Eles acham muito divertido. Não sei se seria assim se eu tivesse filhas. Acho que menina se liga mais na princesa, no rosa, nas coisas novinhas. Menino é mais desencanado (pra não dizer esculachado). Temos sorte!

Camila, trabalhar no circo seria mais fácil. Bjs!

Pimenta, vc resumiu tudo. Muitas vezes são nossas expectativas e não deles. Tenho um amigo que incentivou muito o filho a entrar numa faculdade que custa mais de 5 mil reais por mês. O garoto fez um ano e entrou em depressão. Quis largar. O pai ficou puto. Qdo veio se queixar do menino comigo eu disse: "dê graças a Deus que ele quer largar agora. Assim vc só perdeu 1 ano de mensalidade. Já pensou se quer largar no 4º ou 5º ano?" Era o pai que queria a tal faculdade e não o menino. Isso tava na cara. Sabe que o artesanato no Caribe me deu água na boca?! Rs!

O Paula, obrigada vc pelo comentário! Angustia de mãe é um clássico, não? Quem sabe falando delas a gente se sente menos responsável por tudo. Bjs!

Lia, supimpa! Palavra errada compensar. Na verdade o consumo é que é uma tentativa de compensar o que não se compra e muitas vezes não se consegue dar. Ótima colocação!

Bjs a todas!
Unknown disse…
Ai, TaVi, me fez chorar... Li e me emocionei... Pensando no tanto que temos que acompanhar o aprendizado das crianças... Pq que quando a gente cresce, esquece que tb precisou (e continua precisando aprender td)? Que experiências dos outros podem servir, mas muitas vezes nào servem?
Sempre que leio que quando nasce um bebê nasce uma mãe penso nisso. E penso que a gente acha que isso é só para se acostumar com a parte nova, de quando são bebês, mas é na vida toda. E isso vale para quem só tem 1 filho, ou mais. Porque cada um é um, e a única coisa que passa da màe de 1a viagem para a 2a experiência é saber que a gente faz muita bobagem na 1a (começando por esterelizar td, hahaha).
Ai, nem sei se estou fazendo sentido... só fui escrevendo.
Amei o texto. Obrigada.
Bjoks
Paula
PS: Finalmente cumprindo promessa de manter 2 posts por mês no meu blog, hahaha. Vou amar sua visita :-) e de todas as leitoras :-)
Thaís Rosa disse…
Oi Taís, mais uma vez venho agradecer por seu texto! Eu fui uma das que coloquei a crise sobre o consumo no último post...
Realmente acho que eu é que tenho que me fortalecer, pra poder lidar com esses novos estímulos que invadem a cabecinha do meu filho, vindos de todos os lugares. A questão do dizer não ou dizer sim é o grande ponto pra mim: tenho que conseguir dizer mais nãos... Até pouco tempo atrás, o não seguido de explicação (como alguém aí em cima comentou) funcionava super bem, mas, recentemente, com o pequeno em plena idade das birras (perto de fazer 3 anos), às vezes, por pura preguiça de enfrentar as ditas cujas, acabo cedendo e fazendo coisas que não gostaria, como comprar um livrinho de colorir do ben 10 ou um pacote de balas de gelatina do filme "Carros", coisas que fiz recentemente e me arrependi bastante. Não pela compra em si, pois são tão poucas coisas que compro pra ele, e tão poucas porcarias que ele come, mas por não concordar com esse marketing infantil, e por não querer que meu filho cresça com valores de consumo equivocados.
"Equilíbrio, bom humor e não dar tanta bola pra choradeira de criança". Novo mantra da mãe aqui, apesar de achar que, com os hormônios gravídicos, talvez seja um pouco difícil... mas vamos lá.
Beijo!
Hegli disse…
Olha Taís, esse texto é pra ler, reler e ler novamente viu!!!
Dá margens para tantos assuntos... sobre a alimentação é aquele negócio que muita mãe já comentou aqui, durante um tempo vc segura a onda das porcarias, mas depois não dá mais para simplesmente proibir. Quando começou aquela fase dos 5, 6 anos eu deixei provar de tudo, mas o que prevaleceu foi a alimentação que ele tinha e ainda temos em casa.
Nas refeições principais, ele prefere sempre comida a lanche e uma fruta de sobremesa. Para a escola ele levar suco de soja, lanche natural, maçã ou barra de cereal.
Vai virando uma preferência, uma coisa mesmo de paladar, tanto é que hoje em dia (ele já vai completar 10 anos), quando vamos ao shopping eu vou no fast food (?!mea culpa) e ele vai na "Comida da Fazenda" pegar comida, salada e suco...
Porém, nas festinhas não tem como levar marmita, rs, e fazer o filho passar vergonha parecendo um ET. Não dá para proibir as coxinhas, brigadeiros, refrigerantes e outros quilos de porcarias não é???
O melhor de tudo é que ele está tão desencanado que acaba nem ligando tanto para isso e quando chega em casa quer jantar...e cai naquilo que vc falou, "de Havaiana ou de Ferrari, a jornada será deles". Grande Beijo
OI Linda!
Eu tb já questionei esse consumismo absurdo em cima de nossos pequenos!Em outros países, a propaanda é controlada, aqui, nós mesmas é que temos que exercer esse papel. como não dá para fingir que nada acontece, o negócio é ir conversando muuuuuito com as crianças e, como vc mesma disse, aceitar o que temos e ensinar nossos pequenos a valorizar!! Carro é carro, oque importa é o serviço que ele faz. Roupa é roupa, o que importa é que ela nos mantem aquecidos e "decentes". rsrs
Bjs e continue na luta..sempre indagando se o que o mundo pomete é o melhor para nossos pequenos!
Bjs
Carla
Luana disse…
Equilíbrio é a alma do negócio!

Como já diria meu marido médico:
"Até água em excesso faz mal". E faz mesmo!

Beijo
Anônimo disse…
Estou aqui pela 1ª vez e já valeu a pena :)

Adorei o seu texto, como você diz: "Nosso dever, não está em proibir ou criticar. Está em equilibrar a balança e garantir espaço para que eles desenvolvam também o lado não consumível da vida."
Educar é mesmo isso encontrar um equilíbrio.
Vou destacar o seu post lá no meu cantinho... vale demais divulgar estas palavras tão sábias :)

Vou voltar mais vezes :)
bjo
A.S. disse…
Adoro seus textos, sempre tão equilibrados e coerentes. Confesso que fico com uma certa ressalva daquelas mães "xiitas" (li em algum lugar e achei engraçado) pois, para mim, radicalismo não funciona.
Fiquei feliz com esse post em particular pq, qdo vc descobre que outra pessoa, claro não qualquer pessoa, pensa como vc meio que valida sua opinião, ainda mais quando consegue se expressar tão bem.
Além de tudo, adoro os comentários, esse debate, troca de idéias, muito enriquecedores.
Adoro tb que ver autidor ao invés de outdoor, que eu não tenho a competência de usar.
Parabéns!
A.S. disse…
Só um adendo ao meu comentário anterior.
Acho que a chave pode ser "esquecer" um pouco de nós como mães e lembrar de quando éramos filhas.
Quais são as melhores lembranças?
As minhas são do chazinho com bolacha que a minha mãe me trazia qdo ficava doente e não conseguia comer, do ovo frito que ele fazia só para mim qdo o prato principal eu não queria comer, das viagens à praia, qq praia, na "brazoca" marrom, velhinha do meu pai, enfim, nada de material, mesmo pq nem tinha como.
E a idéia da customização de materiais, eu tb fazia e nem sabia que esse era o nome. E eu era adolescente, no auge da rebeldia!
Carolina Pombo disse…
Nossa! Só agora eu vi a parte dois! rsrsrs Maravilhosa! Aliviou um pouco minhas tensões também... (tenho uma filha que não gosta de super lojas de brinquedos, ela fica desconfortável e pede pra sair!!!). Cheguei a ficar preocupada (filhos apáticos?! rsrsrs), mas ela está tão feliz com a escolhinha, tão maravilhada com a turminha nova, que dá gosto de ver toda sua alegria! Apatia que nada! Apenas valores diferentes! Beijocas
Adorei o texto, vim por indicação de um blog que adoro(desabafo de mãe), e em casa por não assistirmos muito tv (A Bruninha prefere pular no sofa a assistir DK)não temos uma invasão de "compre,compre" em casa,mas muitas vezes a influencia da escola chega em casa, e ela diz "eu queria ummmm", quanto acho que vale a pena e posso, compro, quando não... explico pra ela que mamãe não tem dinheiro e que quando tiver dicidiremos o que comprar. Rs ela aprendeu tão bem, que uma vez ela ganhou umas moedas da vovó e eu perguntei se ela ia comprar balas pra gente, ela imediatamente me disse: "hoje não, Bruna vai guardar pra comprar pirulito!!" kkkkk Achei super engraçado ela o raciocinio dela de "poupar"...
Unknown disse…
Muito bom esse texto! Cheguei aqui nem sei por onde, e adorei o que vi e li.
Me preocupo muito com essas questões pois tenho MUITOS filhos e POUCO recurso financeiro, não posso dar o que me pedem. Deixar a vida deles plena apesar do que lhes falta é a minha missão.
Adorei os quadrinho no alto da página, já dizem muito sobre esse assunto.
Vou voltar mais vezes aqui!

Abraços
Anne disse…
Você tem toda razão. Eu gosto muito da forma como você consegue ser absolutamente correta sem fundamentalismos. Convenhamos, ele pode ter a fantasia, mas não precisa da coleção. Isso é óbvio!
Esse texto é tão rico e me desperta tantas reflexões que vou parar por aqui. Mas não sem antes dizer que é tudo mesmo uma questão de como a gente (pai e mãe) encara a vida. e que se estamos de coração confortáveis com as opções, não existe dilema.
Né?
bjo
Daya disse…
Maravilhoso o texto!!!!Amo seu blog, amo o que vc escreve e essa reflexão sobre o consumismo foi ótima demais.
Também compartilho do mesmo pensamento, sempre devemos buscar o equilíbrio em tudo!
Parabéns, sou sua fã!
Dos Santos disse…
excelente texto Tais.
Amei. O mais complicado para mim, na busca do tão desejado equilibrio é saber o que me faz mais feliz: o Botox ou o Buda.

:)
Clap clap clap, Taís. Excelente texto, bela reflexão. Concordo inteiramente com o que escreveu. Acho que sutilmente e sem imposições temos que mostrar o caminho aos pequenos. E principalmente deixa-los vivenciar as coisas e aprender com suas próprias experiências, como citou sobre o celular.
É isso mesmo!
E temos que tentar fugir do consumo descabido, desnecessário. Eles são, como nós, vítimas das publicidades exageradas e mega invasivas.
Beijão!
Jobis disse…
Oi! Gostei muito do texto!
Aqui a concessão ao personagem não serviu. Ele simplesmente não dormiu uma noite toda porque não entendia porque podia ter um item e não podia ter mais um, mais dois...
Então, simples: se eu não aprovo, não entra, e se ele ganha, é sensurado, se for algo que achamos realmente impróprio.
Eu sei que "não sou ninguém" para "lutar contra o mundo" no que tange à educação dos meus filhos. Mas ele pode ter dos pais uma coisa que raramente o mundo oferece: amor, aceitação e disponibilidade.. Ooops, são 3 coisas, mas a mensagem está clara.
Às vezes eu acho que tantas crianças querem tanto o material, porque têm só quase isso. Os pais, muitas vezes justificadamente, trabalham o dia inteiro e, quando chegam em casa, têm mil coisas pra fazer e podem se dedicar pouco aos filhos, então, eles vão pra televisão. A felicidade por conquistar um objeto / status é a única que eles conhecem, então, claro que vão lutar por ela com unhas e dentes!
O que eu tento mostrar aqui, é que existem coisas além disso, sabe? A gente pode recortar bichinhos de eva pra colocar no quartinho deles. A gente pode enrolar bolachinha de nata juntos. A gente pode assistir dvds totalmente infantis - o que é uma coisa cada vez mais difícil - sentados ou largados no chão em almofadas. A gente pode se esbaldar uma tarde inteira numa piscininha de plástico e depois, todos juntos, fazer uma jarra de suco de laranja.
Isso consome quase todo meu tempo livre, mas, pelo menos, eles não acreditam que o caminho da felicidade está fora deles. Eu sei que, um dia, eles serão confrontados com esses valores absurdos que existem por aí, mas quero muito crer que, nessa ocasião, eles terão escolha. Terão vivência bastante pra confrontar e escolher. E racionalizar. E até comerem bobagens e consumirem coisas totalmente inúteis de vez em quando, e fazer coisas totalmente dispensáveis também... Mas eu espero muito que todo esse meu esforço de maternação consciente, ardente e visceral lhes incuta um pouquinho de bom senso, autorrespeito e mais de arbítrio... Porque o querer ter, meramente, aprisiona as pessoas, não libertam. O consumismo é um vício como outro qualquer. Você se vicia e só fica realmente feliz, depois da próxima dose e o seu mundo se resume entre os momentos de êxtase da concecução dos objetivos e a an siedade imensa até a obtenção do próximo. E viver assim pode ser tudo, menos ser feliz.

Acredito mesmo que felicidade seja uma questão de nervos no lugar e de decisão pessoal, mas sinto que serei incapaz de passar essa ñoção aos meus filhos sem um esforço e exemplificações diários.

Que Deus me abençoe e me dê bom senso bastante...++
JObis disse…
Rosa!
O ponto é que fazer o que você fez, comprar as forminhas e fazer o pudim e a causa, requer tempo e, infelizmente, nem todos tem a oportunidade e/ou disposição para isso.
Uma vez, ouvi a seguinte expressão: nossa, seus meninos são tão educados e bem-rezolvidos! Eu queria que os meus também fossem assim, mas dá tanto trabaaaalho!!!
O fato é que, só depois da maternidade eu aprendi o que significa você realmente *viver* com outra pessoa. É intenso demais!!!!!