Consumismo: o tamanho da encrenca.



A Sílvia Tabarelli me enviou este vídeo do Fantástico sobre o Lixão do Pacífico. Uma enorme área, entre a Califórnia e o Havai, onde o lixo se acumula de de forma desesperadora. São toneladas e toneladas de embalagens, sacolas de supermercado, brinquedos e todo o tipo de detrito plástico, flutuando em uma área do tamanho dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas e Goiás juntos. A tartaruga que cresceu com um anel de plástico na cintura é apenas um exemplo da ação devastadora deste lixo no meio ambiente.

O programa também mostra uma ilha de lixo que está sendo formada no Oceano Índico, nas Ilhas Maldivas, onde não se vê mais o solo, só o lixo que vai se acumulando em montanhas que avançam pelo mar.

O lixo é internacional. Vem da Ásia, da América, do primeiro, terceiro e quinto mundo. E, apesar da reportagem mostrar apenas o Pacífico, há lixões em todos os oceanos. Somos todos responsáveis e co-autores. A matéria acaba com a doce ilusão de que é só colocar o lixo na rua que alguém vai cuidar desse assunto para nós. Não estão cuidando. E não vão cuidar. Porque o lixo que produzimos é maior, imensamente maior, que nossa capacidade de processá-lo.

Confesso que vivi até há bem pouco tempo, sem a mínima noção da minha responsabilidade nisso tudo. Achava que a devastação estava longe e que, a não ser que virasse ativista do Green Peace e descesse nua de rapel por usinas nucleares, não havia muito que eu pudesse fazer.

Hoje, tenho uma visão completamente diferente. Eu sei que a forma com que encho meu carrinho no supermercado, a forma com que eu como, visto e circulo tem um impacto direto no lixo que entope o planeta. Me sinto tão responsável pelo destino das latas de Leite Moça do brigadeiro dos meus filhos, como a Nestlé que as fabrica e o Governo que deveria processá-las após o descarte.

Não consigo mais apontar o dedo para ninguém, a não ser eu mesma. Por isso, tenho buscado rever a forma com que vivo. Não é fácil. Cresci numa sociedade irresponsavelmente consumista. Mas a cada dia aprendo algo novo e estas descobertas me empolgam como criança diante de uma novidade. Acabei descobrindo que cuidar da generosa Terra, me faz sentir muito bem. É desafiador, empolgante e econômico (incrível como o consumo consciente estica o dinheiro!), mas isso é assunto para outro texto. Por enquanto, fiquem com o alerta da Globo.

Comentários

Carolina Martins disse…
Olá, Taís,
faz algum tempo que comecei a separar o lixo para reciclagem, e é impressionante a quantidade de lixo que a gente produz e não nota. Só depois é que fui tomando consciência e diminuindo em tudo. Levo minhas próprias sacolas para fazer compras, diminuí o consumo de carnes, dando preferência a verduras produzidas na região. É muito triste a realidade da nossa sociedade consumista, me pergunto o que será das próximas gerações se não houver um comprometimento já em educar a todos.
Anônimo disse…
Pois é, Carol. Comigo aconteceu a mesma coisa. Tinha o maior orgulho de mandar uma montanha de lixo para a reciclagem. Faz pouco tempo me dei conta que reciclar não bastava, tinha que reduzir. Comprar menos, fazer mais coisas em casa, reusar o que for possível, evitar as sacolas plásticas. Ainda assim ainda não estou contente com a quantidade de lixo que ainda produzo. O lixo parece sempre nos vencer! Mas eu chegarei lá. E acredito piamente que todos chegarão. É questão de tempo e de necessidade. Beijos.
Renata Rainho disse…
Eu também separo o lixo pra reciclar há algum tempo.
Mas é claro que isto não basta.
Sempre que vou a praia me baixa um santo e eu tenho que dar uma geral na área. Em Itanhaem fui a praia dos sonhos e era uma sujeira medonha, não resisti, ao invés de meramente andar pela praia resolvi pegar um saquinho (lá mesmo na água da praia!) e enchê-lo com tudo que via pela frente: palitos de sorvete, outros sacos, coco, milho, plástico de salgadinhos, canudinhos (os catadores só levam a lata).

Quando fui pra Pipa no Rio grande do norte ensinei isto aos bugueiros, todo passeio que fazíamos tínhamos que pegar um lixo e levar pra jogar no lugar correto. Lá em praias desertas tive a noção correta do lixo que vem pelo mar, realmente era muita coisa de fora, dá pra ler nas embalagens.

Uma vez li que uma ONG separou vários lixos "estrangeiros" e enviou pras embaixadas aqui do Brasil pedindo colaboração deles pra comprar equipamentos pra empresas de reciclagem, achei a idéia genial!

abraços
Anônimo disse…
Oi Renata,

Eu li a matéria a respeito do lixo devolvido às embaixadas, mas não soube nada se houve retorno. Sei que antigamente, na praia de Massaguaçu em Caraguatatuba, vinha muito lixo gringo jogado pelos petroleiros que atracavam no porto de São Sebastião. Tinha muita embalagem grega. Mas, há tempos não vejo mais nada. Não sei dizer que tipo de mudança houve, se foi educação ou fiscalização. Mas nas nossas praias o pior é mesmo o lixo jogado pelos próprios banhistas. Incrível estarmos em 2009 e as pessoas ainda jogarem lixo na areia. Beijos!
Anônimo disse…
Existem ações bem simples que podem ajudar para reduzir isso e que nem sempre nos damos conta. Nada de sacolinhas de supermercado, de farmácia, de pet shop. Uma sacola grande de plástico, dessas que as lojas embalam roupas e calçados duram meses para trazer legumes e todas as demais compras de supermercado. Nem precisa comprar, mas uma sacola de pano agora é chique.
Aqui em casa raramente entram garrafas pet. Refri é porcaria.
No bairro tem coleta de lixo reciclável. Procuro comprar o que não vem embalado em bandejinhas.
Tem coisas das quais é difícil escapar, mas é possível reduzir.
meu cachorro só faz suas necessidades em casa, mas já existem sacolinhas para recolher cocô corretamente ecológicas. Também é chique.
Falta é uma campanha séria, com humos, mas realista. Mostrar enchente, bueiro entupido e aquele lixo todo entrando na casa das pessoas também ajuda.
Ah! E multa para quem joga coisinhas pela janela do carro, viu?
Beijão e bom carnaval, que também não é nada ecológico. rs
Renata Rainho disse…
Sinceramente acho que o maior problema é a geração que está vindo, minha mãe levva sacola pra ir a padaria, ela tem 75 anos, e agora voltou a fazer isto.
o pátio da minha escola era mega limpo então sempre me acostumei com lixo no lixo.
agora os adolescentes de hj não têm isto em mente, no colégio do meu enteado é lixo por todo chão.
o dia que as pets forem proibidas as coisas voltam a melhorar. bj