"Pai meteu bebida na filha pra f... gostoso"
Se você nunca entrou num site de filmes pornô amador, entre. Eu fortemente recomendo, especialmente se você tem filhos. Estes sites hoje são os principais responsáveis pela educação sexual das nossas crianças e adolescentes. Foi conhecendo esses sites que entendi a reação dos meninos do Piauí que, ao serem pegos após o estupro de uma garota, disseram que não haviam feito “nada de mais”. Eles estão certos. Pela educação recebida através desses sites, violar uma garota não é nada de mais. Pelo contrário, é gostoso, divertido e pura safadeza pegar meninas bêbadas na balada, arregaçar novinhas, expor garotas dormindo e todo um cardápio de abuso que vai além de qualquer imaginação. E não são só as imagens que chocam pela crueza e pela realidade com que a sexualidade é mostrada, cada vez mais distorcida. Os textos que descrevem os filmes são grotescos: “Pai meteu bebida na filha pra fuder gostoso”, “Acariciando a amiga bêbada”, “Comendo uma noiada por dez reais”, e por aí, tristemente, vai.
Desculpaê se estou sendo muito explícita, mas está na hora de pararmos com o nhém nhém nhém puritano e olharmos de frente para o que está acontecendo na vida dos nossos jovens e adolescentes. Enquanto ficamos discutindo se a escola tem ou não tem que ensinar sobre sexo, eles estão aprendendo na internet, desde a mais tenra idade, um sexo irreal, violento e distorcido.
Esses meninos e meninas são vítimas. Vítimas de uma sociedade que insiste em querer censurar professor, beijo gay e que agora quer dizer o que pode ou não pode dentro de sala de aula, mas não liga a mínima pro que está rolando no celular da molecada. Uma sociedade que acha graça que suas filhas e filhos dancem “Baile de Favela” e cantem bem alto o refrão “e os menor preparado pra foder com a xota dela” e que as minas vão “voltar com a xota ardendo”, mas que se escandaliza se uma pessoa transexual quer ser chamada de Pedro ou Lúcia.
Se queremos empoderar nossas meninas e criar meninos melhores, a educação sexual se faz urgente. Uma educação sexual que os faça refletir sobre o que veem na rede e que seja um contraponto para o sexo doente e distorcido que eles assistem nesses sites. Essa realidade pede pais atentos, abertos para falar de sexo e tirar dúvidas, mas também pede especialistas. Gente qualificada para conduzir esse debate de maneira técnica, desprovida de julgamentos morais e que conduza à uma reflexão saudável. E isso só é possível através dos educadores. Aliás, para muitos, o ambiente escolar será o único local onde terão acesso a uma conversa mais esclarecedora sobre sexualidade. Proibir a educação sexual nas escolas é manter operando a máquina de formação de homens que acham que estuprar mulheres não é “nada de mais”.
Está na hora de nos despirmos de pudores, de vergonha e olharmos para o problema de frente. Sem medo.
Entre nos sites, pesquise, reflita. Se precisar de algum endereço, peça ao seu filho.
P.S: não entrei no mérito de proibir ou não o celular e etc, pois com a mobilidade, o que seu filho não vê no celular dele, ele vê no do amigo. Esquece a história de computador na sala onde todos têm acesso. Isso virou pré-história. O jogo agora é outro.
Comentários
E urgente que se faça um debate sério sobre a questão.
E urgente que se faça um debate sério sobre a questão.