O pote do palavrão.
O pote do palavrão.
A situação na casa estava preocupante. A criançada falava palavrão o tempo todo. E não havia pito ou conversa que desse jeito naquela tropinha boca suja.
Preocupada com o rumo das coisas, a mãe propôs um jogo.
Toda vez que alguém falasse um palavrão, seu nome seria anotado num papelzinho e depositado num pote estrategicamente colocado sobre a estante, ao alcance de todos.
Ao final de sete dias, os nomes seriam contados. E os participantes teriam que pagar um real para cada vez que seu nome fosse para o pote. Resumindo: haveria uma multa de um real por nome feio falado naquela semana.
As crianças adoraram a proposta, mas questionaram para quem iria o dinheiro. Houve um debate e ficou combinado que a grana seria gasta em um passeio em família, a ser escolhido por quem menos pontuou, ou seja, o mais boca limpa da casa.
Foi uma semana engraçada. Em meio às atividades, de repente, alguém dizia: "Opa! Falou palavrão!" E corria anotar o nome do infrator no papelzinho.
O infrator berrava de longe: "Não vale! Eu disse 'é soda'! Soda não é palavrão, cacete! Opa, eu não falei 'cacete'. Eu disse tapete!"
Ao término de uma semana, a família se reuniu para fazer a abertura do pote. Dividiram-se as funções. Um cantava os nomes em voz alta, outro anotava os pontos.
Contagem encerrada, o responsável pela cobrança deu o resultado: cada criança deveria pagar entre dois e oito reais. Já papai e mamãe, juntos, deviam mais de 70 reais.
Ao abrir a carteira, a mãe quis xingar, mas conteve-se.
Aparentemente, o objetivo do jogo havia sido atingido.
*Imagem do filme: "A Christmas Story".
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Silvia
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