O menino que não gostava de peixe.
O menino que não gostava de peixe.
O amiguinho do filho detestava peixe. Por coincidência, o garoto só vinha visitá-los quando o cardápio era um dos deliciosos pescados comprados na feira.
"Isso é peixe? Eu não gosto de peixe."
Pouco afeita a servir a la carte, a anfitriã foi rápida: "Não é peixe, não. É frango, bem temperadinho."
O menino provou ressabiado e logo mandou ver um filézão de tilápia grelhado.
Na segunda visita, o prato era caçonete temperado com limão e grelhado no azeite de oliva. De novo, o visitante comeu sem reclamar o "franguinho" que lhe colocaram no prato. Até repetiu.
A mãe já se sentia a maior especialista mundial em frescura infantil, quando o menino voltou a visitá-los. O cardápio era filé de pescada.
"Tô sentindo cheiro de peixe. É peixe hoje?"
"Não, meu anjo. Eu fiz aquele franguinho que você gosta."
O menino esticou o prato e já estava na metade da pescadinha quando engasgou. "Tem alguma coisa espetando minha garganta."
"Ai, Jesus, toma água."
Mais engasgado ainda, o menino resmunga: "Não adiantou, ainda espeta."
"Arroz, come arroz que desce."
O menino mastiga, engasga novamente e sussurra: "Tá pior...tem alguma coisa...na minha garganta."
A mãe resolve abrir a boca do menino e olhar. Lá no fundo, consegue ver um belo espinho de uns dois centímetros enterrado na goela da criança. A mulher sua frio. Já se imagina correndo pro pronto-socorro. Pior, imagina como ia explicar o golpe idiota do frango com espinho para a mãe do garoto.
"Prestenção...eu vou enfiar a mão na sua boca e puxar o espinho. Você fica bem quietinho que não vai doer. E não me morde."
O menino concorda obediente, de olhos e boca arregalados. Mantém-se um pequeno lorde enquanto dois dedos em pinça penetram na sua boca para resgatar o espinho.
"Mais um pouco...calma, não se mexe...consegui! Caraca, olha o tamanho! Pronto, agora bebe água. E me dá seu prato que vou trocar seu frango."
"Na minha casa, frango não tem espinho. Por que na sua tem?"
Quando o filho ia esclarecer, a mãe o interrompe rápida. "Tinha. Não tem mais. Acabou. Frango com espinho eu nunca mais compro. Vou trazer sua sobremesa, tá. É sorvete de creme batido com papaia."
"Que é papaia?"
"Mamão"
"Eu detesto mamão."
.
Comentários
Muito bom.
Quando criança, comi rã enganada pela minha mãe, que me disse que era frango. Quando descobri, quase morri de ódio.
Anos mais tarde, cometi o mesmo delito com meus filhos...
Mas acho que, nesse caso, os fins justificam os meios, não?
Abraço.
Eu fazia isso com meu marido!!!
Ele era um chato quando casamos. Passei afazer tudo disfarçado, e depois que ele comia umas 5 vezes eu contava o que que era, com o tempo fui ensinando ele a comer. Vou mostrar esse texto pra ele. Já ri muito aqui!
Bjs
Adorei a história!
Bjs
Priscilla
Priscilla, pois é, com a gente não é se vira nos 30. É se vira nos 3. Mas a gente sempre dá um jeito. Quem tá vendo não acredita! Superpoderes da ocitocina, deve ser...! Bjs!
Ontem dei carne de soja para a Nina falando que era torresmo!
E ela devorou!
Rárárá! Eita técnica boa esta!
Beijo!
Dani
muito bom!
mas suei frio com a criança engasgada... mentira tem perna curta, não?
bjs
O melhor de tudo é que ele nem percebeu, até alguém avisar que a outra travessa que era de carne.
Precisa aprender essas técnicas pra fazer meu marido gostar de peixe! kakakak
que dó do pequeno engasgado.rsrsrsr
bjks
No dia seguinte lhes contei a verdade. Não me lembro muito bem, mas a reação não foi das melhores.
Bjão
Eu
Beijos
É um tal de "não como coisa verde, odeio pão integral, não como cebola, não tomo suco, não como cenoura, não gosto sopa", que uma vez eu falei, "brincando", pra um deles que desse jeito ele ia ter que trazer marmita quando viesse em casa para nao passar fome!
O menino (obesinho aos 7 anos)queria pão francês com salsicha e catchup, e refrigerante no lanche... eu disse que eram itens indisponíveis aqui em casa coitado, hahaha!
Acabou que, no dia, fiz pipoca pro fofuxo, Depois tratei de comprar e congelar umas salsichas e um catchup pra não passar raiva, kkkk!
Adorei o post!
Bjus
Mas às vezes vem um ou outro que vc não sabe o que fazer para o bichinho comer. Teve uma criança que dormiu na minha casa e que não comeu nada em momento algum. Tudo o que eu oferecia a menina não gostava. Até que lá para umas 3 da tarde do dia seguinte, com ela pálida e meio apática (e eu em pânico), resolvi oferecer torrada com mel. A menina comeu umas 150. Corou e voltou a brincar. Dessa vez fiquei realmente preocupada.
Bjs!
Aconteceu de verdade?
Rs...
Beijo!
Beijos
Mas tu não contou mesmo pro menino que era peixe ou foi licença poética? ;-)
Mas contei para os pais do menino. E encaminhei a eles este texto. A mãe morreu de rir.
Eu não uso quase nunca este recurso de disfarçar a comida. Acho legal contar o que está se servindo. Mas já servi coisas que eles dizem que "não gostam", fazendo suspense sobre o que era e só depois que provaram e viram que era bom revelei o que era. Quando faço isso, meu caçula coloca o garfo na boca rezando! Qualquer dia ele vira texto. Bjs!
Outro dia, fui almoçar com uma amiga num restaurante dito natureba e ela pediu file de sei lá que peixe invocado, com tempurá chinês e batatas à la sei não. Veio um prato de peixe frito empanado com batata frita. Na cara dura. E mãe é mentirosa? Na, na ni, na não!
Mas valeu a mentirica!
Lembrei de que quando criança meu pai adorava coisa pitoresca e bizarra. Eu e meu irmão já estávamos acostumados. Um dia recebemo um amigo que era super frescalóide e sempre pedia um lanchito reforçado. Meu irmão não pestanejou, serviu "vitela argentina com tomates, molho caseiro com coisinhas da horta", o menino amou, repetiu, cheirava a comida, gemia com a iguaria. E ríamos muito, até que no final quando ele alisava a barriga, meu irmão deu veredito: Ivan vc comeu língua de boi!
O menino ficou da cor da língua!!!!!!.
há 2 anos conversamos no meu blog sobre reúso de água da máquina de lavar.
Agora, meu blog está concorrendo ao TOPBLOG 2011 na categoria sustentabilidade.
Conto com o voto de todos.
Para visitar o blog:
http://caroldaemon.blogspot.com/
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Um grande abraço e apareça,
Carolina