Princesinhas briacas
Princesinhas briacas
A Cereser, um dos maiores fabricantes de bebida alcoólica do país, está lançando um produto para crianças que tem cara de champanhe, bolhinhas de champanhe, rolha de champanhe, estoura como champanhe, mas não é champanhe.
É um suquinho frisante, desenvolvido para as crianças fingirem que estão tomando...adivinha o quê?!
Do ponto de vista mercadológico, um dos principais objetivos de se lançar produtos adultos em versão infantil (ou adolescente) é formar e fidelizar novos consumidores. Mais do que lucro imediato, a indústria busca investir nos mercados futuros.
Por quê? "Old habits die hard", como diria o Mick Jagger. Velhos hábitos são difíceis de serem mudados. A indústria aposta que, uma vez desenvolvido o hábito de consumo daquele produto, principalmente na infância, dificilmente o consumidor deixará de consumi-lo na vida adulta. As lembranças da infância tem forte ligação emocional e afetiva e o produto passa e fazer parte delas.
É por isso que os bancos dão as calças dos gerentes em troca de abrir contas para universitários que só tem uns tostões furados, um passe de ônibus e um baseado no bolso. Estão de olho no dia em que o rapazola virará um dentista, um executivo, um advogado, com algum dinheiro e muitas contas para pagar: seguro, plano de saúde, capitalização para os filhos, cartões de crédito, etc.
É por isso que a Johnson e Johson está lançando o Listerine Agente Cool Blue (veja imagem de um vídeo que eles publicaram no Youtube)
E foi por esse mesmo motivo que a R.J. Reynolds desenvolveu o carismático Joe Camel. Um caso mórbido de sucesso, que acabou banido depois de, comprovadamente, ter atraído milhões de adolescentes para o tabagismo.
Canais infantis, com horários específicos para bebês, não tem nada de gut gut. Estão formando público. A indústria alimentícia é outra que sempre que tem uma novidade eca!, posiciona logo para o consumidor mais jovem, pois os adultos são menos abertos a coisas eca! (lanches congelados de microondas, por exemplo).
Isto posto, é claro que a Cereser, uma empresa de bebidas alcoólicas, não está querendo apenas expandir mercado para o ramo de sucos. Se fosse assim, lançaria uma linha de sucos, com cara de suco, tampa de suco e rótulo de suco. (Ou, se quisessem ter um diferencial, com qualquer outro formato e cara que não fosse de um dos produtos da linha adulta que eles mesmos fabricam).
Querem também formar o hábito de celebrar com espumantes os momentos especiais da vida. Nada contra se os consumidores fossem de maior, como é exigido por lei para os demais produtos deles. Nada contra se no rótulo não constasse o doce canto sereia dos personagens da empresa do Valdisnei.
Aliás é pra Disney que guardo minha maior bronca. A Disney é hoje um dos 3 maiores conglomerados de entretenimento do planeta. Uma empresa que deve todo o seu patrimônio à infância. Alguém acredita que eles precisam dos centavos que vão ganhar licenciando personagens pra Cereser vender pseudo-birita pra criança?
Tanto Disney como Cereser sabem que estão pondo nas nossas prateleiras um produto duvidoso. Esse mesmo produto, também com o aval dos personagens Disney, já causou furor na Escócia em 2007, tendo as autoridades de saúde recomendado que fosse retirado das prateleiras. (Clique aqui para ler matéria)
Mas já que a coisa anda descarada e o negócio é mesmo faturar a qualquer custo, tenho algumas idéias para os executivos da lojinha do Valdisnei aumentarem ainda mais o faturamento e as bonificações no salário: charutos de chocolate do João Bafo de Onça, pílulas de açúcar da Margarida, camisinhas de bexiga do Ursinho Puff e, sucesso garantido, vibrador apontador de lápis da Minie.
Para engolir mais essa, só com champanhe de verdade. E da boa.
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Quer desabafar?
www.cereser.com.br - IRONIA DA VIDA: SÓ DE MAIOR PODE ENTRAR NO SITE DO FABRICANTE DO SUQUINHO DAS PRINCESAS.
Site da Disney - O "fale conosco" não funciona (como no site da Nickelodeon, sintomático!). Há uma página com alguns fones, mas não é do SAC. http://www.disney.com.br/publicidade/
Comentários
Péssimo hábito de "adultar" as crianças antes do tempo. Pior é que como vc bem disse no post, isso está aparecendo de tudo quanto é lado. E é tanta propaganda que daqui a pouco nem adianta mais dizer "não", palavra de pai e mãe vale cada vez menos diante de tanto apelo externo...
Beijos!
O dinheiro deixa as pessoas loucas, desumanas, imbecis!
Tô revoltada!
Mas continuo com raiva, muita raiva da falta de responsabilidade social, ambiental, com a indância e tudo o mais, generalizada.
Lembrei dos cigarrinhos de chocolate e fiquei pensando...será que eles eram mais ingênuos?
beijo
Re
Taís, você faz um enorme bem a todas nós divulgando essas informações e colocando o dedo nas feridas de pais e mães que não pensam antes de consumir.
Grande beijo
Já não bastam as propagandas de bebidas alcoólicas serem permitidas (O q já acho um absurdo!), agora querem atacar as nossas crianças...
Valeu o alerta.
Abraço.
Alana neles! Graças a Deus hoje a gente tem esse canal, porque eles têm força e brigam pela gente. Tiro o chapéu pra esse trabalho.
Carolina, eu não sei quantos anos tem a Laura, mas a gente consegue controlar bem até uma determinada idade, depois eles acabam "contaminados" pelos coleguinhas.
Sabem do que lembrei? O tal do Justin Bieber. Não tem programa de TV, nada, as meninas não têm CD, mas é uma tietagem de doer. "Ai, o Justin é tão lindo!" pra cá, "Eu amo o Justin - suspiros!" pra lá, e isso vem das amiguinhas. Eu fui tiete na minha adolescência - mas, vejam bem, adolescência! 14, 15 anos pra cima. Minha caçula, que suspira mais, não fez oito ainda! E também não dá pra proibir. Não estimulo de jeito nenhum, mas também vou fazer o quê? Esse bombardeio tá mesmo demais. Espero que, em breve, a gente consiga uma lei proibindo propaganda voltada pro público infantil. O duro é que, como rola muita grana, o poder de lobby dos publicitários é muito grande...
Obrigada pelo alerta. Você é 10!
Mas olha, não sei se concordo com os últimos dois.
Sei que as propagandas vinculadas as crianças são horríveis, mas acho que cabe aos pais passar o recado para as crianças.
Do que adianta um pai não dar Champagne infantil mas todo santo dia tomar umas taçinhas?
O que adianta o pai lutar para acabar com uma propaganda de cosmético infantil mas as mães serem escravas do mesmo?
Eu nunca comprei champagne infantil e não vou comprar. Eles viram todos os primos tomando no Reveillon e não tiveram vontade. Primeiro pq eles não ligam para desenhos bonitinhos e nem por sucos com "bolinhas" eles ODEIAM qualquer líquido que tenham "bolinhas".
O que eu quero dizer é que: Não adianta acabar com a propaganda. Temos que ensinar as crianças a lidarem com ela, a entenderem o que é marketing, se aquele determinado produto é realmente essencial/fundamental em nossas vidas, o que o produto tem a acrescentar em nossas vidas.
Eu penso que o traficante jamais fará propaganda televisiva mas é tão encantador quanto. O apelo é idêntico. E vamos pedir para quem proibir a propaganda do traficante?
Esse é meu ponto de vista. Pode não ser o certo para muitas pessoas, mas tem funcionado que é uma beleza aqui em casa.
Um beijo!
Posso dar um pitaco no comentário da Pri? Sabe Pri, respeito tua opinião e meu objetivo é somente o de pensarmos juntas, eu concordo plenamente contigo que não adianta acabar com a propaganda, que precisamos mostrar aos nossos filhos o que é bom ou ruim para eles, foi o que eu fiz quando minha filha me pediu o tal champanhe, mas eu entendo isso, tu entende, nós temos condições de fazer escolhas baseadas em diversos tipos de informações que temos acesso, mas a grande maioria das pessoas que frequentam supermercados talvez não tenha as mesmas condições que nós. E vou te dar um exemplo prático, minha empregada achou a garrafa linda, a idéia ótima e gastou sim o dinheiro suado dela comprando o produto para a filha no final do ano, e deve ter saído do supermercado feliz e contente por ter tido condições de adquirir aquele produto de aspecto tão lindo pra filha. Depois que eu conversei com ela sobre e dei a minha opinião de porque não concordava que esse tipo de produto fosse comercializado ela concordou comigo e me questionou o que era preciso fazer para tirar de circulação.
Bom, essa é a minha opinião, e estou aberta ao debate, porque tenho certeza que o nosso objetivo comum é proteger nossos filhotes.
beijoca
Não podemos "mandar no mundo" pelo bem-estar dos nossos filhos, mas temos a responsabilidade de sinalizar quando a infância é desrespeitada, senão pelos nossos filhos pelos filhos de outras mães que não têm a chance da contra-informação ou, ainda, pelas crianças que nem têm família! Eu concordo com a Pri: o mundo apela, mas os pais somos nós e o nosso poder diante dos nossos pequenos é muito grande mesmo... Mas acho que reagir quando coisas assim acontecem é uma questão de responsabilidade social. Os grandes têm que sentir que, além do dinheiro que eles querem obter, existem pessoas e famílias, e que o produto deles pode, sim, acarretar males futuros para as pessoas.
Eu sou abstêmia, mas compreendo que pessoas bebam. É cultural, é normal. Mas tenho medo das associações que as pessoas estão fazendo em termos publicitários pra promover o álcool, ultimamente e gostaria que crianças ficassem fora dessa... Ou vocÊ acha que a criança que consome o champagne infantil não vai ficar mais consciente do universó alcoólico, dali por diante...
Abs
Carla
Penso que precisamos, mais do que nunca, fortalecer as discussões sobre o processo de democratização da informação junto com o controle social da mídia. É preciso que reflitamos sobre o nosso papel e que desejamos um outro modelo de sociedade, baseada em outros princípios que não o do capital. E sem organização, nada conseguiremos mudar.
O bom nessa história toda é perceber que mais e mais canais, como este, onde a informação séria e não manipulada circula, estão surgindo e sendo espaço de denúncias e manifestações. Vocês estão de parabéns!!!
Na Ásia, a indústria tabagista ainda anuncia para crianças e adolescentes. E há casos e mais casos de crianças fumantes. Lá tb se vende cerveja para crianças. Queremos isso por aqui?
E, mesmo com todos os fatores culturais, a Europa lida com um índice altíssimo de alcoolismo e dependência química. Principalmente na juventude e adolescência.
Por este motivo, na Escócia, a meca dos biriteiros culturais, este produto foi execrado e as autoridades de saúde recomendaram a retirada da venda.
Não sou contra a venda de champanhe sem álcool e acho que os pais são soberanos se quiserem servir para seus filhos. Mas que fique claro que é um produto para adultos. E que deve ser comercializado com técnicas mercadológicas para atrair adultos e não crianças.
Sou contra este produto ser vendido para crianças, com o aval e o atrativo de personagens com forte apelo infantil como os da Disney.
E justamente este aval que agravou a reação negativa na Escócia.
Valeu aquecer o debate!
Bjs!
Estou adorando o caldo que está rendendo esses dois últimos posts da Tais. Acho que essa exacerbação, essa super valorização do consumo - não só infantil, porque afinal quem decide se compra ou se não compra somos nós, os pais - é uma grande oportunidade para, primeiro nos tornarmos mais sábios, e depois estimular essa sabedoria nos nossos rebentos. Nossos pais não tiveram essa oportunidade, porque não havia esse tipo de condição. O marketing, nesses anos todos vem se ocupando de estudar o funcionamento mental de adultos, jovens e crianças no que se refere a decisões de consumo. As empresas adquiriram muito conhecimento nessa área e trabalham em cima dos nossos "atalhos mentais", ou seja em cima das nossas emoções. Quando crianças, trabalhamos mentalmente segundo dois princípios basicamente: prazer e desprazer. Tomamos nossas decisões no sentido de cessar o sentimento de desprazer para voltar ao estado "normal" do prazer. Entretanto, a medida que vamos crescendo, deveríamos ir aumentando nossa tolerância a esse estado de desprazer (ou frustração, como queiram chamar) fazendo uso da nossa capacidade mental de pensar e ir aos poucos nos libertando das prisões emocionais. Quanto maior é a nossa tolerância a esse estado de desprazer, mais tempo temos para perceber e analisar o caminho a ser tomado e maiores são as nossas chances de retornar a um estado de prazer mais duradouro e eficaz, mas não imediato.
Trocando em miúdos, se a Andrea Nunes, tivesse tomado um atalho mental, do tipo - ah, tudo bem, não tem alcool mesmo - ou então - ai tá bom leva a tal da champagne, mas me deixa fazer as compras sossegada - ou ainda se tivesse se sentido tão pressionada pelo senhor que incentivou a compra a ponto de ceder, a Cereser teria acertado em cheio! na estratégia de marketing.
Eu sei que nem todo mundo age desta forma racional e madura, o que faz com que a indústria se sinta cada vez mais a vontade de apostar na nossa imaturidade e emoção. Mas, por outro lado é essa postura da indústria que está começando a gerar um movimento entre pais, escola e sociedade nunca antes visto na história. Acho que essas guerra de braço vai nos levar a um novo paradigma de produçao e consumo no longo prazo. E quem sair na frente leva vantagem, os filhos de quem sair na frente levarão vantagem.
Beijos a todos! E vamos botar a cabeça para funcionar ainda mais!
Agora, algo que considero seríssimo também é o fato de que em casa as crianças já estão recebendo o incentivo para o consumo de bebidas alcoolicas no futuro. A maioria das casas tem como item de decoração uma bandeja com garrafas e taças de bebidas alcoolicas e/ou as festas regadas a cervejas, vinhos e cia.
Temos que estar atentos!
bjk
Depois que assisti ao documentário "Criança, a alma do negócio" (vi no youtube), deixei de ser ingênua quanto ao que a propaganda faz com as crianças.
(quem ainda não assitiu, assista, por favor, é muito bom).
E nossa cultura já celebra a ideia de que beber é a chave da felicidade, a necessidade maior de todos os seres. Precisamos mesmo de mais uma indicação para as crianças de que a bebida é algo que não deve faltar na vida de cada um?
Parabéns por trazer o assunto para discussão!
E parabéns às comentaristas. Excelentes comentários!
alimentos@anvisa.gov.br, gicra@anvisa.gov.br,
Bjs!
Taís
Bjs!
Mas eu sou uma formiguinha... A coisa só terá peso se todo mundo perder uns minutinhos do tempo que ninguém tem e reclamar também.
Bjs,
Carol
Acho isso o fim, mas se a indústria faz, é pq existe mercado, tem gente q acha lindo criança se portando como adulto!!!E pobre de nós, q passamos o tempo todo tentando passar algo de bom pros nossos pequenos e - voilá! - provavelmente vamos encontrar uma garrafinha dessas em alguma festinha! Não é o máximo????? E lá vão a mãe e pai exagerados tentando "sumir" com tal mimo, num esforço enorme pros nossos pequenos não perceberem!!!
Abraços
Carolina
@cdarcie
Beijos
Vou atrás de um deputado federal que esteja a fim de propor uma lei proibindo que produtos com venda regulamentada (álcool, tabaco, medicamentos, etc) não possam ser comercializados em versões infantis.
Se são produtos que exigem maturidade no consumo, não faz sentido que as crianças sejam inocentemente atraídas para ele através da sedução de personagens que as acompanham desde o berço.
Não se trata de julgar se o tal suco vai tornar as crianças alcoólatras no futuro e sim de dar um recado ao mercado: essa técnica mercadológica não pode ser usada com esse público.
Alguém tem um deputado pra indicar?
Bjs!
Adoro seus posts.
Beijos,
Roberta
Fiquei chocada, principalmente pelo golpe baixo das embalagens sedutoras de personagens Disney.
Tb fiz umpost de protesto no meu blog. citei vcs.
Obrigada por compartilha tal informação. NAo conhecia esse produto!
bjs
Flavia
tenho escrito sobre o tema no Pai de Menina. Consumo sem noção e sexualização precoce caminham juntos e devem, sim, serem combatidos.
http://paidemenina.blogspot.com/2010/12/criancas-sexo-e-dinheiro-vida-pos.html
Sugiro uma rápida pesquisa no You Tube com as tags NOVINHA, GAIOLA DAS POPOZUDAS e FUNK. O nível de imagens absurdas, com crianças muito pequenas submetidas a presenciar comportamento lascivo de mães e avós e bizarro. Isso toca até em festas infantis, sendo os "proibidões" (versões sem censura dos funks) quase obrigatórios.
E esse comportamento não está restrito às comunidades crentes ou periféricas. Já está enraizado em boa parte da classe média.
Longe de mim ser careta. Obviamente vivo minha sexualidade de adulto e minhas opções culturais, que em muitas vezes possuem teor erótico.
Mas em hipótese alguma uma criança pode ser submetida e ese tipo de conteúdo, por mais "artístico" que seja.
Um beijo e muito obrigado por dedicar-se a um blog tão bom.
Acho muito boa a idéia, sim. Vamos começar a pesquisar para ver se encontramos algum deputado. E acho também, que está na hora da gente começar a questionar a escola (começando pelas escolas dos nossos filhos) sobre a importância da Educação Econômica. As portas já estão destrancadas, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação, apesar de não fazerem menção explícita a Educação Econômica, apontam para uma prática de aprendizado que integre as diversas áreas do conhecimento fundamentada numa educação para a cidadania. Além disso, a ENEF (Estratégia Nacional de Educação Financeira) prevê a inclusão desta área nas escolas e já está com um projeto piloto em andamento. Portanto, o negócio é pressionar para que esse conhecimento chegue até a sala de aula.
A propósito, Felipe, muito bacana achar um pai envolvido nessas discussões, parabéns pelo comentário!
Beijo a todos!
Nele já mostram que histórias em quadrinho tipo " tarzan contra os mongóis" já eram escritas para que, aos 18 anos as crianças que seguiram a saga do tal tarzan odiassem os mongóis e fossem bons soldados, pois os analistas viam que, dali a tantos anos, os EUA estariam em guerra etc e tal.
Sim é uma fábula, toda simbólica, mas muito interessante. Não me surpreende e, pior, não acho que seja mais nociva que a coca cola, ou maquiagem para criança.
Paloma, eu sou exatamente como você. Acho a exposição precoce uma violência com as crianças e por isso, usei do direito que me cabe: desliguei a tv. Simples assim. Aqui, as crias vêem dvds muito selecionados por nós. Meu marido e eu nos damos ao trabalho de assistir antes deles e aprovar ou não.
Eu fico pasma com alguns desenhos da Disney, tidos universalmente como infantis. Alguém se tocou da piada do termômetro retal, no comecinho do madagascar um? arg!!! E o tanto de "cala boca, imbecil!" e daí pra baixo? O ponto aqui é: por que as crianças precisam passar por isso? É o mundo, seria a resposta, mas aí vem o ponto:o mundo está aí mesmo, não há como superproteger... Mas há como dar a elas a oportunidade de ver que existem opções. Fora daqui, eles vão ter contato com xuxa, funks de último nível, consumismo desesperado, você não vive se não comprar isso, aquilo e sua felicidade depende de ter o último lançamento da Mattel... Aqui, eles aprendem que existem dvds diferenciados, folclore, bia bedran, Maria Elena Waus, argila, tinta a dedo caseira e um mundo com biscoitinhos enrolados a 8 mãos, sucos espremidos em conjunto em vez de balas, refrigerantes e sucos industrializados que imitam bebida de adulto.
Porém, e tudo tem um porém... Comentei do post de vocês pro meu esposo, esperando sua justa e compreensível indignação, e ele me veio com: é verdade, é horrível, mas não é pior a enorme quantidade de pais que oferece champagne a crianças / cerveja e afins? Para essas crianças, é bem melhor que os pais comprem mesmo um negócio desses, não?
E aí, eu embatuquei. Em tempo, é comum crianças de 4, 5, 6, 7 anos ganharem um golinho de champagne no natal e no reveillon, e essa dose vai subindo, na medida em que os pequenos crescem.
As crianças até podem pedir, mas, em primeira análise, isso quem começa são os adultos, comprando os produtos e dizendo que é champagne de criança, do mesmo modo que, na maior parte das festas, as crianças bebem refrigerantes e os adultos bebem aucoólicos...
Felipe, como você, achho que adulto é adulto e criança é criança. Simplista assim. O adulto tem toda condição de decidir se vai ou não ingerir uma bebida, consumir um produto erótico ou dançar uma coreografia erótica. Nós sabemos o que isso significa, nós entendemos as vantagens ou riscos de cada coisa. A criança, não. Quando as propagandas vendem a idéia de que a felicidade suprema, a sensualidade reverenciada e o sucesso estão umbilicalmente relacionadas ao consumo de uma cerveja ou a compra de um carro / celular, o adulto sabe perfeitamente que a metade disso é marketing... Mas a criança, não...
Prezada Demandante, Obrigada pelo contato realizado. Para que possamos dar encaminhamento à sua manifestação, solicitamos nos informar os dados abaixo: . Especificação do produto (nome completo, tipo do produto, marca etc.); . Número de registro no MAPA (SIF - Serviço de Inspeção Federal); . Nome da Empresa fabricante do produto com o cnpj, endereço ou contato; . Dados dos locais onde os produtos são comercializados. Mediante o detalhamento das informações, a Ouvidoria dará encaminhamento à denúncia, agilizando a resposta ao cidadão/demandante. Atenciosamente, Ouvidoria/ MAPA.
Se alguém tiver acesso fácil ao produto e puder me enviar estas infos que estão no rótulo, ajudaria muito!
Se quiserem tb encaminhar denúncia seguem os emails da Anvisa e do Min. Agricultura.
0800 704 1995
ouvidoria@agricultura.gov.br
Ouvidoria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Esplanada dos Ministérios, Bloco D, Anexo A, Térreo, sala 08
70043-900 Brasília - DF
gicra@anvisa.gov.br
alimentos@anvisa.gov.br
Bjs!
Taís
Deveríamos unir o nosso choque com este descaso e ajudar a preservar a infância das nossas crianças.
TEmos sim, que ligar, mandar e-mail,divulgar. E não para proteger o meu filho ou o de vocês somente, mas sim todos as outras crianças reféns de adultos que acham a nova bebida bonitinha e não veêm problema algum dela ser comercializada.
Vamos todas denunciar.
Seu blog é visceral e é leitura obrigatória para todas nós. O linque que vc enviou é de uma dor profunda e ao mesmo tempo realista com um problema que todos nós, brasileiros, evitamos sequer encarar.
Triste, triste a infância de muitos de nossos meninos e meninas, envelhecidos tão precocemente. E quanta omissão: dos pais, da sociedade, dos educadores, dos órgãos governamentais, da polícia, da justiça e de todos os adultos que deveriam se unir para protegê-los.
Nunca me senti bem com esta erotização. Paquitas, boquinha da garrafa, tchan, créu, mulher fruta e tantos outros nos programas de auditório banalizando a exploração da carne imatura. E os BBB da vida, como alguém deixa crianças assistirem uma vitrine de putaria daquelas? E dentro da própria sala de casa. Fico impressionada com os comentários que meus meninos trazem da escola e eles nunca assistiram a um episódio sequer.
Me lembro de um dia, quando a Globo tinha aquela novela da Capitu, mocinha prostituta (sou véia...) que uma escola conhecida precisou convocar uma reunião de pais para dizer que eles não deveriam deixar as crianças acompanharem esta novela, porque a Capitu estava virando a referência entre as crianças! PRECISA DE UMA ESCOLA DIZER ISSO AOS PAIS?!!!!!
Enfim...você tocou numa ferida, Felipe e nos trouxe muita reflexão. Recomendo a quem se interessar a entrevista do Pedro Cardoso que ousou apontar o dedo até para a Globo, patroa dele, nesta questão da pornografia disfarçada e que muitas chamam de "cultura brasileira".
Segue o linque da entrevista e um trecho que achei interessante.
http://www.istoe.com.br/assuntos/entrevista/detalhe/15517_O+BRASIL+E+FEITO+PARA+NOS+MATAR
Isto é:
Mas também há pornografia disfarçada na Rede Globo?
PEDRO CARDOSO -
Sim. Não só a pornografia pode vir disfarçada, também a perversidade pode estar disfarçada. O perigo dessa questão é parecer que eu considere a repressão à vida sexual anterior aos anos 1950 positiva. Não acho isso. Apenas vejo que está acontecendo agora uma nova opressão, que é impor à sociedade o convívio com o estímulo erótico quando ele é indesejado. Quando se está com a família assistindo à televisão, não se está querendo ser excitado sexualmente, está-se querendo passar alguns momentos pacíficos. E só. Há programas de televisão que se autodenominam reais e nos quais o que se vê lá dentro é totalmente falso a tal ponto de que todo mundo toma banho vestido. É porque aquele banho não é para se lavar, é para produzir cenas de pornografia disfarçada.
Bjs!
Agora, quando o hábito de beber álcool chega à infância estimulado pela indústria e, pior, afirmado através de personagens infantis que é algo totalmente isento de problema, a coisa ganha uma outra dimensão. Os pais deixam de ser responsáveis por uma decisão, pois a informação chegou a eles distorcida e disfarçada. Isto é, eles tb estão sendo ludibriados, seduzidos por um apelo aparentemente inocente da mercadologia.
Como já comentei, se este produto deixasse de existir, os pais que querem servir aos filhos este tipo de bebida tem a opção de comprar as versões "sem álcool" de bebidas adultas. Com rótulo de adulto, embalagem de adulto e avisos de adulto. O mercado hoje oferece várias opções de vinho, cerveja, espumantes sem álcool. Neste caso, farão isso com consciência. Não há indução. É um ato racional de cada um de nós.
E a indústria não pode se achar no direito de influenciar esta decisão.
Isso já faz uns anos. Acho que na falta de mercado resolveram apelar.
O que não é surpresa para ninguém.
Sou a Renata da equipe de social media da iThink e preciso do teu endereço para enviarmos uma coisinha. Como não achei teu email e alguma outra forma de contato, resolvi deixar aqui como comentário. :)
Pode me passar assim que puder no email renata.arcoverde@ithink.com.br ?
Super obrigada!
Beijos.
É isso aí, temos que por a boca no trombone! Segue link que eu recebi no Maternas do deputado que tem um projeto de lei contra a publicidade infantil abusiva. Vamos apoiar.
http://ruifalcao.com.br/projeto-de-rui-falcao-para-publicidade-infantil-baniria-comerciais-abusivos/
eu vou fazer minha parte, não vou comprar essa porcaria.
Estou sem palavras. Vou ali, tomar uma água e volto já!
Vcs compram suco Kappo para seu filhos levarem no lanche da escola? Açucar, corante e aromatizante.
Vcs compram salgadinhos? Muito sódio.
Vcs compram Ana Maria? Soja trangênica.
Não me incomoda muito o que o produto representa e sim o que ele realmente é. Da educação sobre os perigos do álcool e sobre o consumo consciente cuido eu. Isso também vale para os canais de TV. Se não concorda com o que eles veiculam, desligue. Ou cancele a assinatura.
Há pais atentos e há pais nem tanto. A proteção da infância é um trabalho da sociedade como um todo: pais, governo, educadores, anunciantes, serviço de saúde etc.
E o assédio é tão avassalador que ficar só contando com os "nãos" dos pais é uma bruta injustiça. Aliás, esse tem sido o argumento padrão de quem defende a publicidade infantil descontrolada. Se tudo dependesse deste "não", o mercado publicitário não gastaria milhões dirigindo a comunicação diretamente às crianças e aos adolescentes. Eles fariam de tudo para convencer os pais, concorda? Se gastam é porque funciona. Pais omissos? Sobrecarregados? Ausentes? Ansiosos em fazer os filhos felizes? Desatentos? Tranquilos? Coniventes? Podemos citar tudo. Mas enquanto perdemos tempo apontando o dedo para nós mesmos, um número grande crianças continua à mercê de gente que quer aumentar a bonificação no salário. Às custas de qualquer coisa.
Não compro Kapo, salgadinho e Ana Maria e me recuso a ser eu a responsável por "neutralizar" a total falta de responsabilidade da indústria, da propaganda e da mídia.
Aí vai o link
http://www.publicidadeinfantilnao.org.br/
bjs
http://ombudsmae.blogspot.com/search?q=redoma
O texto se chama: O consumismo infantil na (dis)versão da Veja.
Um beijão e boa sorte!
PS Estou preparando o lançamento do livro com o prefácio! Assim que sair te aviso.
beijos
Vou reclamar nos meios cabíveis.
Uma que vende muito na liberdade é importada do Japão com a Heloo Kitty.
E Tais concordo contigo, muita coisa que tem no primeiro mundo não é legal!
Abraços, Renata
Vale defender que a arte ficou sensacional.
O trabalho da DZDesign é superior.
tem ber;o eletronicos ber;os celulares tv notebook computador acessorios para carros brinquedos artigos infantis e muito mais
tem mais de 2000 produtos
www.mercadozets.com.br
"Esta é uma manifestação de REPÚDIO ao produto que a Cereser lançou que imita espumante e é direcionado às crianças. Se essa indústria se sente à vontade em apostar na imaturidade de uns tantos consumidores adultos, é importante que saiba que há uns outros tantos que estão atentos e não vão engolir este desrespeito e manipulação contra as crianças. Estamos atentos e estamos negativando esta empresa nociva à sociedade."
Discordo da Monica Tigre e não vejo porque respeitar a opinião dela, visto que muito facilmente saiu falando de chatos, controladores, filhos em bolhas. Parece que se acha muito bem resolvida, mas sequer sabe do que está falando. Proteger as crianças da própria infância? E desde quando o incentivo a achar álcool algo normal faz parte da própria infância? Isso não é politicamente incorreto. Sempre foi incorreto e pronto. Infelizmente há filhos que não vivem numa bolha, nem numa meia bolha, nem numa bexiga. SIM, estou falando aqui de proteção. E é uma pena, porque os filhos nossos, que também não vivem em bolhas e são apenas minimamente resguardados em seus pequenos entendimentos deste mundo tão maluco, acabam sendo bombardeados por comportamentos agressivos e adultizados dos coleguinhas que definitivamente não vivem em bolhas. E mais, a carência de carinho, de bons modos, de atenção, de brincar, de ler, que se percebe nas crianças que não, não vivem em bolhas, é espantosa e eu a conheço de perto e não estou falando de crianças órfãs. Estou falando da classe média "normal".
Agora, bora tentar reclamar no site da Disney, onde o "fale conosco" nunca funciona.