Vamos salvar o Natal - texto republicado
Vamos salvar o Natal.
A primeira coisa seria minimizar o Papai Noel da Coca-Cola. Esse velhinho obeso, gastador, que nos estimula a comprar, comprar e comprar e que está, desde o final de novembro, molhado de suor, em TODOS os shoppings centers. Desculpe, bom velhinho, mas você ficou over. Não tem mais nada a ver com os tempos que vivemos. Acabou a magia.
O que vai salvar o Natal, é voltarmos ao principal sentido da festa no mundo ocidental: celebrarmos o nascimento do Cristo. Não o Jesus religioso, que morreu pelos pecadores e que faria você parar de ler este texto bem aqui. Não é desse Jesus que falo. Temos que resgatar o Jesus revolucionário. O ecologista. O maluco beleza que, há 2000 anos, abalou as estruturas da Roma perdulária e cheia de vícios, com suas idéias de vida simples. De amor ao próximo. De comunhão com a natureza.
Temos que resgatar o barbudo que disse que somos todos uma só família. Todos habitantes do mesmo planeta Terra. Eu, você que está me lendo, o feirante, o doutor, o agricultor, o catador de papel. E que as diferenças impostas pela sociedade são cruéis e fonte da maioria dos nossos problemas.
Temos que resgatar o homem que, ao ver que a comida não dava para todos, dividiu-a. E, ao invés de uns poucos comerem muito, todos comeram um pouco. O homem magro, de modos frugais, que se satisfazia com frutas, grãos, mel, peixe (talvez) e um vinhozinho de vez em quando, porque ninguém é de ferro. E não com leitões, cabritos, tenders, chesters, lombos, picanhas - geralmente, todos juntos na mesma ceia.
Temos que reviver as idéias do sujeito que introduziu o conceito de vida simples no ocidente. E praticou-a todos os dias em que viveu. Aquele homem que vivia apenas com o necessário, pois acreditava que os únicos bens que devemos acumular, são os valores que levamos dentro de nós. Que expulsou os mercadores do templo, pois uma coisa são valores da alma. Outra são os do dinheiro. E feliz é quem consegue diferenciá-los.
Renascer a alegria de um homem que vivia rodeado de amigos, que amava os animais, que viajava, que era carinhoso e benevolente com todos. Principalmente, com aqueles que erravam (isso me dá um alento, que nem te conto!).
Neste Natal, tenho pensado muito nisso. Pensando no aniversariante que, quando estudado livre das amarras e preconceitos da religião, revela-se um grande visionário. Um líder transformador, que parecia antever a encrenca que 2000 anos depois nos enfiaríamos. Em tempos de simplicidade voluntária e consumo consciente, não vejo ninguém melhor para seguirmos.
Que este ano, a gente consiga plantar a sementinha de um Natal verdadeiramente Cristão. Um Natal "menos" em tudo o que é material. E "mais" em alegria, risadas, comunhão com aqueles que amamos, divisão e confraternização. Um Natal com menos sobras. Nas lixeiras, na geladeira e nas parcelas do cartão de crédito. Essa é a minha sugestão. Um Feliz Natal para você e para todos nós!
Publiquei este texto no Natal do ano passado, para participar de uma blogagem coletiva do "Faça a sua parte".
Comentários
E depois que comecei uma função no meu trabalho, em que temos que fechar pedidos e faturamento, piorou, pq eu trabalho direto, inclusive dia 31 e ai tem as obrigações... Com que família vamos passar o que? A minha mora em Caçapava e a do marido em Catanduva, se mudando para Botucatu...
E esse ano ainda, parece que não vou poder passar com os meus pais... Vamos ver...
Ou seja, nem gosto de pensar no assunto muito... Acabou total o "espírito festas e confraternização"....
Ah, pode ficar se achando super... Realmente muito texto bom... Eu acompanho a Lola ocasionalmente...
Texto re-usado não tem problema, mata a carência sim, haha. Me contento com pequenas coisas...
Bjoks
Paula
Acho que é por aí mesmo. A gente precisa celebrar o amor, AMOR em sentido amplo, amor por si próprio, pelo outro, pelo planeta.
E a espera pela chegada do menino é uma delícia como metáfora pra esperança, né? Juro que renova minhas esperanças. E acho que é por isso que vejo o nascimento de cada criança como ma´gico, sabe? E talvez por isso tudo que tenha me encantando tanto pela infância depois que me tornei mãe.
Por outro lado gosto dos rituais, pras crianças funcionam mto bem, já que pra elas é difícil assimilar certas idéias. Claro que elas sentem a vibe, mas contar histórias, montar presépio, fazer calendário do advento, enfim, todas essas coisas tem sido maravilhosas pra Pipoca, e pra mim tb, viro criança e vivencio pra compensar as experiências que não tive na minha infância, afinal sou da geração coca-cola, né?
Beijo!
Re
Renata, sabe que este texto me ajudou a botar muitos bodes e culpas natalinas pra fora. Este ano, estou curtindo o Natal de outra forma, pegando super leve, dizendo não aos inúmeros compromissos e eventos de final de ano, desencanando da presentaiada e olha só: por conta disso, estou curtindo muito mais.
Topei até algo que até hoje enrolei a criançada para não ter: montamos uma árvore! E eles amaram! É o tal ritual que vc dizia. Nos outros anos, eu pegava um bode tão grande, que fazia de tudo pra fugir de mais essa. Dava todas as desculpas. Este ano fui atrás da árvore, dos enfeites, botamos luzinha no lado de fora (poucas) e é isso. Foi legal! Faz parte da infância. Sem exageros. Sem neura. É o Natalzinho paz e amor. hehehe.
Bjs!
Mas enfeitar, não. Além do presépio que é cois aminha, meu marido ama enfeites de Natal. E criança gosta mesmo, né?
E confraternizações tem muitas que a gente não curte, aquelas meio que "obrigações". Mas tem outras que a gente curte.
Beijo!
Re
carinho
F E L I Z N A T A L !
Descobri o seu blog ontem e de uma certa forma está sendo um alento para mim.
Vou escrever um pouquinho sobre como o Natal foi se transformando para mim e vai entender o porque do alento...
Minha infância foi rodeada de símbolos católicos e bem cedo virei as costas para tudo que se relacionava com Cristo. Depois de vários anos me descobri Cristã, no sentido de acreditar no que Jesus propunha, de poder olhar entorno, a sociedade, o trabalho, a religião, e escolher. Não ser levada pela corrente dos valores os quais nossa sociedade preza.
Bem, mas mesmo assim não comemorava o Natal, no máximo fazia uma comida gostosa e chamava uns dois amigos. Bem, com a chegada dos filhos a coisa mudou, senti a necessidade de apresentar um conteúdo para esta data, caso contrário o Papai Noel Coca Cola iria tomar conta, e uma data que para mim hoje significa a possibilidade de uma mudança individual no mundo, que pode gerar uma série de efeitos positivos, iria ser solapada pelo grosseiro consumo de massa.
Então, o que faço é: já em novembro começamos a falar sobre o Natal e a história do nascimento do menino Jesus. Compro argila e meu filho de 4 anos molda comigo os personagens do presépio, às vezes uma pessoa querida vira a Maria, fazemos um cachorro em vez de um carneiro e inventamos um pouco, mas mantendo os elementos principais.
Acho que ele nem sabe quem é Papai Noel, e se um dia me perguntar vou contar a história de São Nicolau, que destribuía presentes esta época, era magro e vestia verde. Sobre o Papai Noel criado e difundido pelo Clube de Diretores Lojistas, talvez apenas diga...ah tem gente que não conhece o verdadeiro Papai Noel, e aí eles pensam que este é o verdadeiro, mas não é...
Grata por este espaço, e desculpe pelas longas linhas.
Abraços,
Carla.
Beijos
Adorei a idéia do presépio de argila. Vou atrás de barro pra fazer um com meus meninos no final de semana. Acho um jeito muito concreto de colocar o significado do Natal pra eles. Melhor que o presépio do 1,99.
Denise e Clara, que delícia receber suas palavras de carinho. Feliz Natal para vocês!
Vanessa, foi pura coincidência. Mas tem muito blog questionando o consumismo que cerca a data. Isso é muito bom. Viva a blogosfera e seus rebeldes com causa.
Bjs!
Querida, adorei ler sua história :-)
Tomei a liberdade de te mandar um email...
Adorei essa história do presépio, mas sou limitada em artes, rsrss.
Pensei em fazer presépio tb e tenho conversado com meu filho tb sobre o grande avatar que foi Cristo e a idéia da paz, do amor, da generosidade...
Estou adorando os comentários...
TaVi ainda bem que vc republicou o texto :-)
Bjoks
Paula
Bem, o convite que tenho é sobre a diversidade materna.To lançando uma enquente e propondo conversa: sou tipo de Mãe que lê, e vc? Se tiver saco pra comentar o post tá aqui: http://blogdodesabafodemae.blogspot.com/2009/12/sou-o-tipo-de-mae-que-le.html Se achar que vale escrever post, manda link pra gente. bjkas e inté
Eu cresci numa família que sempre se reunia pra festas, muita comilança, troca de presentes, bem capitalista mesmo... o tempo passou, eu cresci, nos mudamos pra longe, os patriarcas se foram... e o Natal nunca mais foi o mesmo... apesar de ter crescido no meio do consumismo, o que mais me faz falta é a reunião dos parentes, os abraços, as brincadeiras (teve até um ano que brincamos de pregar o rabo do burro!), a tradição de montar a árvore, o clima de amor fraterno... meu maior sonho é um dia poder ter uma festa bem grande juntando toda a "famiglia" novamente... beijo grande!
Eu sempre acreditei nisso sabe, nunca fui muito de tradições e já na adolescência achava o fim do mundo essa estória de ceia capitalista e tanta gente passando fome. Era um prenúncio da pessoa que eu viria a ser, sempre contestando essas diferenças, mesmo sem entender muito o porque naquela época.
No ano passado eu consegui convencer meu marido a não irmos a casa da tia dele para a ceia como acontece na família dele a “milhares” de anos (com direito a leitões, cabritos, tenders, chesters, lombos, picanhas - geralmente, todos juntos na mesma ceia, e muito mais... rs).
Ele foi muito resistente, mas se convenceu que não faz sentido toda aquele desperdício sendo que quando dá a meia noite ninguém pára de comer nem para se abraçar...
Porémmmm... para chegarmos a um acordo e ninguém ficar triste, fizemos o seguinte: nós fazemos juntos o jantar e jantamos em casa, somente os 3, uma comidinha diferente e simples, conversamos sobre o que é o Natal (mais para meu filho compreender a dimensão do que se tornou o aniversario de Jesus), símbolos e simbolismo, reis magos, estrelas, presentes... (este ano pretendo ler o seu texto) e depois, meia noite, nós fazemos uma oração espontânea, trocamos nossos presentinhos e saímos para a casa da tia dele, onde o restante da família já está reunida (e satisfeita, rs) para darmos abraços em todos.
Bjus
Acho que isso tem que permanecer. O encontro sempre é carinhoso. Com um toque a menos nos exageros e nos ímpetos consumistas. Bjs!
Que bom que você republicou.
beijos
Maria Rê
Um Natal abençoado a vc e aos seus e que estas bençãos pernamençam em todos os dias de 2010!
Um grande abraço!
bj
Gostaria de publicar seu texto sobre o Natal no meu blog Reflexões com os devidos créditos, ok?
Parabéns pelo texto maravilhoso!!!
Beijos!
É muita falta de respeito se dirigir a Deus dessa maneira e zombar da Fé assim.
Resgatar o Jesus Revolucionário! E hoje não tem nada mais revolucionário do que ir contra o consumo desenfreado.
Cresci em família católica tri-postólica romana, estudei em escola de freira e como outras disseram aqui questionei tudo, rejeitei tudo e, agora, mãe, revi tudo!
Espetacular seu texto...