“Não precisa se preocupar”




Nunca fui fã de celular. Sei que isso soa jurássico, “mais uma daquelas que detestam tecnologia e louvam o LP.” Não é nada disso. Acho chato, inconveniente e difícil de usar. Esse negócio de ter que ficar apertando botãozinho e dar carga é um porre. Mas enfim, me rendi quando tive filhos. Quer dizer, fui rendida. Minha irmã um belo dia apareceu com um Baby (lembra dele?) e disse que uma mãe que se preza jamais poderia ficar sem um celular.

Depois do Baby “evolui” para um outro que, um belo dia, caiu no mar de Barra do Sahy. Hoje deve estar na bolsinha de mão da Pequena Sereia. Minha grande amiga Sílvia, testemunha do ocorrido, logo me resgatou do mundo pré-ringtones me dando um celular que ela tinha aposentado. O aparelho está em excelente estado e é bem mais moderno que o meu glub glub, mas apanhei como uma coitada pra usá-lo. Não conseguia ler mensagens, não conseguia aumentar e diminuir volume, enfim, socorro!

Aos poucos fui sendo domada e entendendo os humores do aparelho. Já domino o basicão: atendo, ligo (quase nunca...tá sempre sem crédito) e mando mensagens. Me sinto a Bill Gates. Mas semana passada, senti na pele o que é ser mãe com celular. Estava na loucura de entregar dois projetos, correndo pela cidade, quando o aparelho toca. Geralmente, eu não ouço (não me pergunte por que), mas dessa vez, atendi. Era a minha babá: “Olha, não precisa se preocupar”...gelei...”mas o Fábio foi atropelado”. “COMO ASSIM NÃO PRECISA SE PREOCUPAR?!” “Ele está bem, não bateu a cabeça nem nada, mas riscou todo o carro da moça e ela veio trazê-lo aqui.” Corri pra casa. Encontro o meu menino de 7 anos, com cara de quem está com medo de bronca. Ele me explica que estava pedalando pelo condomínio e, por qualquer motivo, não olhava para frente. Foi ao encontro de um carro que passava. “Devagarinho, viu, mãe,” Inspeciono o corpo todo dele. Apenas um arranhão na cintura, onde pegou o guidão. Abraço, apertado. Não sei o que dizer. Se é para parar de andar de bicicleta, se é para olhar para frente, ou usar capacete.

Dia seguinte, na correria de sempre e mal refeita do susto, toca o celular novamente. “Oi Taís, olha não precisa se preocupar...” começo a chorar “...mas o Encrenca mordeu o Lucca. Não é grave. Mas tá saindo muito sangue. É melhor você vir logo pra cá”. Corro pra casa e encontro o meu mais velho com a cara inchada de chorar, a panturrilha cheia de furos e um grande hematoma. Já havia sido socorrido e medicado pelo dono do Encrenca, um cachorrinho daquelas versões chiques do pequinês.

Agora descobri como minha mãe sobreviveu a uma maternidade com 5 filhos. Ela não tinha celular. Acabo de desligar o meu.

Comentários

Anônimo disse…
Desligou o celula e trancou o Ju no quarto!!!!!!! hahahaha
Caramba, bem que dizem que vem de penca, hein?
O bom é que depois da tempestade, vem a bonança! Ufa!!!!
O difícil é "administrar" a infância (no seu caso, "as infâncias") sendo adulto. É incrível como, aparentemente, deletamos todas as nossas aventuras, né?
Continue confiando no anjo da guarda, a relíquia passada de geração em geração!
Ave!
Anônimo disse…
Taís,
COMO VOCÊ NÃO CONTOU NADA DISSO PRA SUA FAMÍLIA!!!!!!!!!!!!!
Teríamos dividido com você a sua aflição.
Agora, se coloque no meu lugar...eu não tenho filhos...mas sou médica! ARRE!!!!!!!!!! Queria poder desligar o meu celular pra sempre, amiga. Hoje, no dia do Médico,não sabia se eu agradecia os cumprimentos ou se chorava...
Deixa pra lá!
Conta com a gente, irmã.
Camisinha forever!
Beijos
paula

ps: essa vovó madô biscate é a silke??? passa a régua nela...ah!ah!ah!
Anônimo disse…
Acabei de jogar meu celular pela janela e troquei de plano de saúde.
Perto da aventura de seus moleques, a minha mais velha cair da escada de cabeça e a pequena ficar com bronqueolite no mesmo dia é bico.
beijos mais animados
telma
Anônimo disse…
OI TATA
CUIDADO COM MEUS NETOS, ESTAS NOTÍCIAS CHEGAM ÀS PENCAS. TAMBÉM NÃO GOSTO DE CELULAR, NÃO LIGO NUNCA SÓ QUANDO VIAJO E,... OLHE LÁ. O NICO E AS CRIANÇAS FICAM UMA ARARA. TÔ NEM AÍ.
ENTENDO SEU DESEPERO, MAS COM 3 MENINOS É BOM SE ACOSTUMAR.
QUANDO VIER AQUI ME AVISE PARA EU VER AS CRIANÇAS, É BOM QUE NÃO FIQUE NENHUMA "SEQUELA COMPENSATÓRIA", VIU QUE CHIQUE.
SE NÃO É CAPAZ DE IMAGINAR SUA MÃE COM 5, IMAGINE A BONELINHA COM 11 E,SEM GRANA......
EU MESMA
BEIJOS.
PAULINHA SE PREPARA, DEPOIS QUE O PAULÃO NÃO PRECISAR MAIS É A TUA VEZ.
Anônimo disse…
Amiga!!!
Belo texto sobre o celular! Nós mães estilo Matrix (1001 utilidades) temos que possuir essa ferramenta na mão com certeza! No passado as mães não tinham tantas atribuições como agora e também estava quase sempre por perto... Agora, nós "Superwomen" temos que ter infinitas ferramentas para nos auxiliarem e garantirem a eficácia de nossa profissão Matrix...
Beijão
Futura vizinha
Valeska