Mães reais - Teca

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Mães Reais - Teca

Grávida de uma produção independente e 100% acidental, ela me pergunta se eu poderia acompanhá-la durante o parto. Me senti profundamente emocionada e aguardei ansiosamente o telefonema me avisando para ir para a maternidade.

Seria um parto humanizado e ela preparou-se cuidadosamente para isso. Leu tudo que podia, peitou palpites e parentes, escolheu médico figurão, gastou dinheiro além do que podia com consultas. 

No dia que o bebê escolheu para nascer, encontrei-a já no quarto, mergulhada em dores, literalmente. Entrava e saía da banheira, inquieta, suportando com muita dificuldade o que estava por vir.

De repente começa a gritar: “Eu quero anestesia! Chamem o doutor! Quero anestesia!!!”

O médico vem, mas se nega a anestesiá-la. Diz que ela estava a pouquíssimos milímetros da dilatação completa e que se ele a anestesiasse agora ela iria se arrepender, pergunta se era aquilo mesmo que queria etc etc.

Ela pareceu aceitar e segue firme no plano original, traçado com tantos sonhos e ideais.

As dores aumentam e o bebê finalmente nasce, com ela sentada, sem anestesia e sem epísio. Foi bravíssima, mas está exausta.

O bebê é um meninão lindo, saudável, Apgar 10, berrador. Quando vão colocá-lo nos seus braços, a escuto dizer:

“Tira esse filho da puta daqui”.

Equipe toda constrangida. Corro pegá-lo e o acutcho em meus braços. Ela se encosta na cadeira, vira o rosto de lado, fecha os olhos e aguarda pacientemente o médico suturá-la da laceração. 


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