Quem escolhe a escola são os pais.



Quem escolhe a escola são os pais.

O menino chega em casa afoito: 

- Mãe, no ano que vem, quero mudar de escola. Você me coloca no Octógono?

- Ué, mas você adora sua escola! É por causa dos seus amigos, não? Alguns vão para lá no ano que vem e você não quer se separar deles. 

- É, mãe. Todos os meus amigos vão estudar no Octógono e eu não quero ficar sozinho. 

A mãe nega e a batalha começa. O menino pede, implora, tenta negociar, chora e faz malcriação. A mãe argumenta que ele fará novos amigos. Mas nada adianta e a insistência quase a leva à insanidade. 

Ela se afasta aborrecida e quando a coisa esfria, chama o garoto pra uma conversa. 

- Eu sei que você quer muito ir pro Octógono. É uma boa escola, alguns de seus amigos estão indo e você gosta demais deles. Também estou sabendo que um de seus melhores amigos vai pra lá e isso deve doer muito. Em você e nele. Mas, seu pai e eu levamos muito tempo escolhendo a escola que achamos melhor para você e para nossa família. E nós acreditamos que essa que você está hoje está lhe dando a melhor educação. Por isso, você vai continuar lá até o nono ano. 

- Até o nono ano?! NÃO! EU que escolho onde EU quero estudar. 

- Não, filho. A escolha da escola é uma responsabilidade dos adultos e não sua. Os filhos podem até opinar, mas quem tem que decidir são os pais. E nós temos que avaliar muitas coisas, além dos amigos. Se deixássemos para você escolher, estaríamos lhe dando uma responsabilidade que não é sua. É nossa! E você ainda não está pronto para assumir tamanha responsabilidade! 

O menino insiste. Quer saber o que a escola atual tinha de tão melhor. Argumenta, tece teorias, faz promessas e, diante das negativas, solta como se não tivesse escutado nada do que a mãe falou: 

- Você é uma chata! Mandona! Por que eu não posso estudar no Octógno, manhê? Você quer que eu fique forever alone!

A mãe decide que é hora de encerrar a conversa e tratar o assunto como mais um desejo que não será realizado, assim como fez com o aifone 5S e a quarta bola de sorvete: dizendo não e ignorando o esperneio. 

Tomada de uma estranha serenidade, achou que a decisão foi até fácil. Ela ocupando seu lugar de mãe e ele o de filho. Suspirou, imaginando como a vida seria mais simples se, nas demais escolhas, os papeis de cada um fossem assim tão claramente definidos. 





Comentários

lili disse…
Já passei por isso com os 2 filhos,não cedi e hoje, filhos formados na faculdade, vejo que estava certa.Em certos assuntos, não há negociação, mesmo tendo que enfrentar caras emburradas.
Unknown disse…
Realmente precisa de serenidade, para saber que vamos tomar uma decisão, e o filho não ficará feliz e temos que continuar com isso... Fico pensando que esse tanto de criança ganhando td o que quer, inclusive o poder de decisões e responsabilidades que elas ainda não tem maturidade para ter, está relacionado ao fato de termos tantos adultos imaturos e infantilizados que querem tanto ser amados, que não sabem separar a frustraçao do filho e a verdadeira falta de amor... Às vezes me pego nessa armadilha, mas tenho prestado cada vez mais atençao a isso para não cair nessa besteira :-). Mais um texto curto e cheio de significados... Obrigada, TaVi...
Grande beijo.
Paula
Dani Balan disse…
Taís, querida, talvez vc nem se lembre, mas há uns 4 anos atrás fui correndo até você pedir orientação. Me lamentei dizendo que queria mudar a Nina de escola, mas que estava morrendo de dó, porque julgava que ela seria mais feliz na escola antiga com os amigos antigos. Sabe o que você me respondeu: exatamente o que escreveu aqui neste post: que a escolha da escola era minha e não dela!
Te agradeço até hoje. E não esqueço never forever desse bruto conselho!
Muac!
Bj.