Precisamos de uniformes inteligentes ou de gestores inteligentes?



Precisamos de uniformes inteligentes ou de gestores inteligentes?

Você é gestor na área de educação e precisa lidar com o número elevado de alunos que cabulam as aulas. Você:

1)      Coloca Michel Teló cantando “É a nossa alegria” nos alto-falantes da escola como forma de atrair a meninada.

2)      Ignora. Aluno cabula aula desde que inventaram a escola e não é você que vai dar jeito nisso.

3)      Manda bilhete para os pais resolverem.

4)      Procura saber o motivo do desinteresse dos estudantes pela escola e coloca em prática um plano para mudar as coisas, envolvendo equipe, pais e alunos.

5)      Articula com a Prefeitura o fechamento da lanhouse que fica perto da escola, porque é para lá  que a turminha vai.

Em São José dos Campos, SP, fecharam a lanhouse. Em Vitória da Conquista, BA, investiram R$ 1,2 milhão na compra de uniformes com um chipe embutido, que avisa aos pais que o filho não passou pelo sensor que fica na porta da escola. É a forma moderna da escola mandar bilhete e transferir o problema para os pais.

Está na hora do Brasil entender que nenhuma solução imediatista vai dar jeito na educação. Alunos cabulam aula porque o lado de fora é muito mais legal que o de dentro.

Ciente do problema, só há um jeito de resolvê-lo: o lado de dentro tem que mudar.

Uia?! Como assim mudar?

Ambiente mais acolhedor, prédios com menos cara de prisão (quem não ia querer fugir?), aulas mais significativas, respeito mútuo, professores continuamente preparados e valorizados, interesse, motivação, esporte, a família verdadeiramente envolvida (e não coagida a agir), autonomia (para alunos e educadores) etc, etc, etc.

O problema é que fazer tudo isso é um grande desafio. Fechar contrato com o fabricante do tal do chipe é bem mais fácil e se faz com uma caneta.

A realidade tem mostrado que não existe e nunca existirá fórmula mágica para a educação. Cada escola precisa encontrar seu caminho, de acordo com a realidade da comunidade na qual está inserida.

É um exercício de transformação que, como nos seres humanos, passa primeiro pelo autoconhecimento.

Parece budismo. Mas é a Dona Vida. Essa sim pode ser chamada de inteligente.

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P.S: Senhores de Vitória da Conquista, não quero estragar prazeres, mas quanto tempo vocês acham que os alunos vão levar para descobrir que é só enfiar a camiseta na mochila do colega para burlar o sistema. Como diria meu adolescente: “Dêr!”

Comentários

Mamandala disse…
meodeos! esses senhores "inventores de soluções" fantásticas deveriam voltar à escola para, talvez, perceberem o tamanho da idiotice!
Camila disse…
AHAHAHHAHAHAHHAHAH

Depois eu faço o dever de casa e volto aqui pra ler o post de novo e refletir seriamente sobre o que você propõe como discussão.

Por enquanto tô aqui me acabando com a opção a ;o)
Cora disse…
Adorei a reflexão.

A escola é assim a 500 anos, precisa urgentemente mudar!!!

Ps:. vou levar sua imagem posso??

*))
Tais Vinha disse…
Oi Cora, a charge é mesmo muito boa, não? Quem me passou foi outra blogueira, a Renata Matteoni. Tentei descobrir o autor, mas não consegui.

Vc lembrou bem. A escola não muda. Mesmo com tudo ao redor mudando. Por que será tamanha resistência?

Bjs
É Tais,

Eu não sei quando é que a Escola vai parar de tapar o sol com a peneira, pq não é uma questão de se adaptar aos novos tempos... isso deveria ter sido feito nos anos 50.

Agora tem que derrubar e começar do zero.

Talvez o deficit de professores e (alunos!) faça isso acontecer, né.

Na verdade, torço muito para isso, afinal sem professor e sem aluno, não há Escola que resista, né.
Anônimo disse…
Oi Tais!
Adoro ler seus posts. Fico super feliz quando recebo e-mail avisando de post novo.

Sou mãe de uma menininha de 2 anos. Assim os assuntos escola e consumo infantil começam a me interessar e acompanhar seu blog tem sido enriquecedor.

A opção feita pela escola da Bahia me lembra muito uma notícia que li há algum tempo em um jornal espanhol). Alguns colégios começavam a enviar mensagem para os pais sobre notas ou faltas dos alunos.

Eu, que nem pensava no assunto "escola", achei um absurdo. Fui muito boa aluna, mas tirei tb notas ruins e já "matei" aulas e acho que faz parte da responsabilidade de um aluno contar para os pais sobre seus erros. O momento de falar com os pais e contar sobre o que aconteceu é, na minha opinião, muito importante. É olhar no olho e assumir o que fez, contar com suas palavras. Sei que muitos alunos tendem a esconder de seus pais as notas baixas e as faltas, claro. Mas, me pareceu tão errado uma escola "dedurar" os alunos sem lhes dar oportunidade de eles próprios contarem pros seus pais.

Até mesmo as notas boas. Quer coisa melhor que contar pro pai que tirou uma nota boa?

Um abraço,

Aline