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Duas mães.

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Duas mães. O filho pequeno se queixou que havia uma regra na classe que o aborrecia muito. Não podia mais trocar lanche com o colega. E morria de vontade de fazê-lo. A mãe explica que se ele era contra uma regra, deveria manifestar sua opinião e tentar mudá-la. Depois de discutirem estratégias, resolvem escrever um bilhete a ser encaminhado à professora. O pequeno dita, a mãe escreve. Ambos assinam. O bilhete, chega às mãos da professora, que resolve lê-lo em voz alta para a turma. Percebe que a insatisfação com a tal da regra era generalizada. Faz uma votação e os baixinhos derrubam a proibição por unanimidade. A troca de lanche estava liberada, dentro de novas regras combinadas ali mesmo. O menino volta para casa exultante. Tinha se manifestado e conseguido uma vitória significativa contra algo que discordava. Mãe e filho comemoram a conquista. Na outra casa, a menina conta, feliz da vida, que agora podia trocar o lanche. A mãe se aborrece. É daquelas que fazem questão de uma aliment...

A culpa é da mãe.

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A culpa é da mãe. Quando eles são bebês e choram pedindo colo, a culpa é sua porque acostumou mal. Quando eles comem errado, a culpa é sua por não ensinar a comer direito. Quando saem mulambos, a culpa é sua porque não vê como as crianças estão vestidas. Se saem arrumadinhos demais, a culpa é sua por não deixá-los a vontade. Se vão mal na escola, a culpa é sua por não acompanhar. Se xingam, você não bota limite. Se sentem sono, faltou disciplina. Se apareceu cárie, você deixou comer porcaria. Se resfriou, é porque você deixa andar descalço. Se dão piti, falta pulso. Se a doença rescindiu, você não cuidou direito. Se pegou o carro escondido é falta de impôr respeito. Se engravidou a namorada, é porque você não colocou juizo no feijão. Aí um dia, por incrível que pareça, eles sobrevivem a nós e crescem. Viram gente grande. Lindos, donos dos próprios narizes, funcionários de bancos, pais e mães de família, autores de novela. E quando você acha que, finalmente, a vida começa a lhe fazer ju...

Maridos e presentes, a saga continua.

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Para quem deu risada no ano passado, com o texto sobre presentes de marido para o Dia das Mães (os comentários são mais engraçados ainda), prepare-se pois, eles se superam a cada ano. A primeira mãe, no seu Santo Dia, ganhou uma faca. Não era uma faca qualquer. Era uma faca artesanal, francesa. Meio faca, meio canivete. Excelente para uma réplica de Ramba chique. Olhou para o marido com cara de interrogação. Quem colecionava facas daquele tipo era ele. Depois de um tempo veio a explicação. Ele tinha se deparado com uma oferta incrível. Mas a loja só vendia o conjunto com 3 unidades. Ele arrumou alguém que comprasse 1 delas. A outra ficou com ele. E a terceira, ele deu pra ela no Dia das Mães. Ela respirou fundo e aguardou. No Dia dos Pais, comprou-lhe uma panela de pressão. A amiga alertou: - Ele vai te dar uma panelada na cabeça! A resposta veio rápida: - Ele que tente! Eu tenho uma faca! === A segunda mãe já tinha ficado a ver navios no seu Dia. Esse ano, resolveu...

Essa escola me pertence?

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A apropriação do espaço escolar. Outro dia, assisti a uma palestra de um arquiteto sobre a apropriação do espaço público pela população. Ele contava da experiência de Curitiba em revitalizar áreas degradadas, a partir do envolvimento dos moradores. O resumão da ópera é que só há uma ocupação sadia ou a revitalização de uma área, quando os moradores se apropriam do espaço, utilizam e zelam por ele. O raciocínio é simples. Quando os habitantes se sentem "donos" de uma área, ou seja, quando entendem que aquele espaço também lhes pertence, a relação com a região muda completamente. Diminui a sujeira, o vandalismo, a criminalidade, aumenta a sociabilização, a organização e a qualidade de vida de todo o entorno. O aprendizado da palestra me fez pensar no espaço escolar. Quantas vezes a escola falha em fazer o aluno se sentir pertencente à aquele espaço? E isso não se aplica apenas às escolas de periferia. São várias as escolas particulares que não estimulam e até dificultam esta re...

Toma lá da cá.

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Toma lá dá cá. A escola de inglês do meu filho resolveu "incentivar" a participação dos pais. Dão um bônus para cada tarefa que os pais vistarem. Se a criança faz a tarefa, ganha um bônus. Se os pais vistam antes de entregar ao professor, ganha dois bônus. E no final do curso, os bônus podem ser trocados por brindes. Soube desta novidade após efetuar a matrícula. E rosnei como sempre rosno quando discordo de algo. Acho uma aberração esse sistema "supernanístico" de premiar crianças por algo que tem que ser feito. É a fórmula ideal para se formar gente oportunista que só funciona em troca de algo. A tarefa faz parte do processo educacional? Então tem que ser feita e pronto. Esperando-se me troca apenas um melhor aprendizado. Isso se chama responsabilidade. Pior ainda é bonificar o aluno pela participação dos pais. Pai e mãe tem que acompanhar a vida dos filhos. É um dever assumido quando o esperma entrou no óvulo. E ninguém tem que ganhar bônus por isso. ...

Respeito é bom e preserva os dentes.

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Respeito é bom e preserva os dentes. Cena lamentável: filho sendo estúpido com sua mãe. Filho adulto de mãe madura. Já presenciei mais de uma vez. E muitas vezes as malcriações partiram de adultos que enchem a boca para falar da falta de limite que os pais de hoje dão para seus filhos. Ironias da vida. Na frente dos próprios pais, tais pessoas se portam como as crianças birrentas que tanto criticam. Conversei com duas pessoas sobre o assunto. A especialista e a mulher do povo. Da especialista em educação veio a valiosa dica: "é um comportamento que vem da infância. E que se não for bem trabalhado lá, se perpetua e acaba virando uma dinâmica no trato entre os membros da família. Os pais não podem ser condescendentes com estupidez quando os filhos são pequenos, pois eles crescerão agindo dessa forma." Da mulher do povo veio: "Você viu o jeito que eles falaram com a mãe?! A mulher é idosa, mal anda e aquele bando de cavalos falando aquele monte de palavrão pra ela? Pois eu ...

Dei uma de mãe!

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Dei uma de mãe! Essa semana fiz algo inédito. Dei uma de mãe passional. E aviso: cuidado com elas! Sou do tipo que, antes de sair fazendo justiça com as próprias mãos, tento ponderar, procurar o caminho da justiça, da coordenação, da professora, da imprensa, dos discursos inflamados, das cartas para o senado, para o conselho tutelar e o que for. Mas dessa vez deu a louca. Meu filho tem um colega que, repetidas vezes, o humilhou. Até agora, segui os manuais e deixei que ele resolvesse, acompanhando de longe, aconselhando e dando força para que ele fosse à luta. Até que semana passada o tal colega se superou. Humilhou novamente meu garoto, fazendo-o de bobo. E a situação chegou a um ponto que ele não conseguiu mais resolver por conta própria. Era engolir o sapo (e esperar os próximos) ou alguém maior e mais forte dar um jeito. Não tive dúvida. Peguei o telefone e liguei pra mãe dele. Nunca tinha feito isso. Fui educada, tinha que ver, mas contei a ela o que aconteceu e solic...

Meu filho está pronto?

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Meu filho está pronto? Ontem surpreendi meu filho, de 11 anos, atravessando uma avenida de maneira bem imprudente. Foi uma coincidência daquelas que só Deus explica. Eu passava no local, quando vi alguém correndo na frente dos carros. Descobrir que aquele alguém era meu menino, foi como levar um soco no estômago. "Como assim?! Mas faz 11 anos que a gente te ensina a atravessar a rua com cuidado?! Você sabe como deve ser, você sabe do perigo!" Passado o susto, veio o "pensativo" (ele nunca me abandona). Fiquei me questionando se não havíamos dado autonomia a ele cedo demais. Mas atravessar a rua foi algo que nunca imaginei que ele fosse se arriscar. Ensinamos tanto. Recomendamos tanto. Demos exemplo. Somos do tipo que só atravessa na faixa, que espera os carros passarem, que olha para os dois lados. E eu conheço meu garoto. Ele nunca foi imprudente. Achei que, neste assunto, estávamos seguros. Até ontem. Hoje acho que nós, pais, nunca estaremos 100% seguros com rela...

"Mamãe, quero ser sexy!"

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Uma das técnicas mais vis de se expandir o mercado de necessidades surreais, isto é, aquelas que não precisamos mesmo , é adultizar a infância e infantilizar os adultos. Essa teoria foi exposta por Benjamim Barber no 3º Forum Internacional Criança e Consumo . Difícil contestar. Crianças infantis consomem menos. Agora, uma menininha "putinha" - com total respeito ao leitor e uma raiva muito grande dos (ir)responsáveis - consome maquiagem, salto alto, cremes, bolsas, parafernálias eletrônicas, acessórios, roupas etc, etc, etc. Os meninos também estão na mira. Tênis de grife, bonés, agasalhos, correntes, aipodes e aifones, videogueimes, academias, brincos, eletrônicos em geral e etc. E as mensagens de que eles precisam se portar como adultos é passada bem debaixo do nosso nariz. Já parou para assistir a programação infantil? As crianças mostradas se vestem como adultos, se maquiam como adultos, falam e agem como tais. Tem bandas de rock, namoram, são empresários, sacaneiam, são...

Criança e consumo

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Criança e consumo. Semana passada, participei, em São Paulo, do 3º Forum Internacional Criança e Consumo , organizado pelo Instituto Alana. Um evento para debater este tema, por si só, já é uma grande conquista. Numa sociedade onde consumir é sinônimo de "progresso" e de "subir na vida", chama atenção o fato de existir um grupo cada vez maior de pessoas levantando a mão para perguntar se tem mesmo que ser assim. O debate sobre o consumo é polêmico. E se torna mais caloroso ainda sob a ótica da infância. Talvez porque envolva muitos agentes: pais, educadores, publicitários, emissoras de tv, fabricantes, governantes, lojistas, parentes, psicólogos. A lista é longa, somos todos guardiões das próximas gerações. E quando há muita gente para culpar, quase sempre esquecemos de apontar o dedo para o nosso umbigo. Como mãe e publicitária, conheço bem os dois lados da moeda. O lado de lá bota nos pais toda a responsabilidade por "filtrar" as mensagens que chegam às ...

"- Mãe, por que tem dia da mulher e não tem dia do homem?"

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"- Mãe, por que tem dia da mulher e não tem dia do homem?" Porque comprar batom é bem mais divertido que comprar cueca. Porque as mulheres são flores e homens nabos. E você já ouviu falar de fazer festa pra nabo? Porque mulher depila e qualquer ser que faça isso consigo próprio merece ser canonizado. Porque ser mulher é bem mais divertido do que ser homem. Mulher vai em grupo pro banheiro, usa salto, pinta a unha, faz chapinha e compra na Marisa. Porque mulher vive numa eterna luta pelos seus direitos e os homens só precisam lutar pelo direito de assistir aos jogos do Brasileirão de graça no canal aberto. Porque mulher dança e segura a criança. Homem chega em casa cansado demais pra ir ao baile. Porque quando a mulher não tem quem pegue o carro no mecânico, o filho na escola ou o remédio na farmácia, ela se vira. Quando o homem não tem quem pegue a cerveja na geladeira, ele se casa. Porque mulher chora com gracinha de filho, final de novela e bronca do chefe. Homem só chora q...

Mamãe e a perereca.

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Mamãe e a perereca. "- Olha filho, uma perereca! Ali...no cantinho. Que linda, vamos pegá-la? Traz pra mamãe aquele copinho...isso, devagar pra não espantá-la. Devagar...pegamos! Ai que fofa! Que cor é a perereca? Vermelho não, filho. Ela é verde. Não é bonitinha?! Ela sabe nadar, quer ver? Vamos soltá-la na lagoa! Papai, vovô, venham! Nós vamos soltar a perereca no laguinho! Isso, filho...leva até o laguinho e solta. Cuidado pra ela não fugir. Isso, tchau perereca! Pessoal, vamos bater palma pra perereca nadando. Olha...um peixe! Nossa! Que é isso?! O peixe engoliu a perereca! Não nenê, não chora! O quê? Não...a mamãe não consegue pegar o peixe e abrir a barriga dele. Papai, faz alguma coisa. Não...explicar o ciclo da vida não vale. O menino nunca mais vai comer peixe. Ai, Senhor, e pensar que a bichinha estava vivinha, até eu capturá-la. Vocês estão rindo do quê? Não estão vendo que eu e o nenê estamos sofrendo com essa situação? O que?!...a perereca tá sofrendo mais ainda?!! Eu...