Sommelier di cazzo!



As feiras de vinho italianas são eventos imperdíveis. A última que fui custava dez euros e você ganhava uma taça que dava direito, durante dois dias, a provar a produção de cerca de 20 vinícolas. Numa delas, conheci um simpático enólogo. Perguntei o que exatamente faz um enólogo e ele me explicou que é um especialista que cuida de todo o processo de produção do vinho, desde o preparo do solo onde serão plantadas as videiras até o vinho pronto, engarrafado e armazenado. Enologia, aqui na Itália, é curso superior. Comentei que deve ser uma profissão difícil, pois envolve inúmeros saberes e está sujeita a variáveis que fogem do controle. Ele confirmou sorrindo, mas disse que é uma profissão apaixonante. E como todo bom italiano, brincou: “O mais difícil da profissão é aguentar as asneiras de alguns sommeliers”. Olhei para ele intrigada. Achava que enólogo e sommeliers andavam de mãos dadas saltitantes pelos vinhedos. Ele explicou: “Mà non…é cada besteira que volta e meia escuto nas degustações! Sabe…no vinho se concentram muitos aromas, de terra, alcachofra, chocolate…mas outro dia um expert di cazzo me diz em êxtase que estava sentindo, num vinho caríssimo, o sabor do granito banhado pelo mar! Mamma mia! Eu moro na praia, conheço mar. Já fui pra ilha de Elba e me sentei numa rocha de granito banhada pelas ondas. Você sente cheiro de alga, de peixe seco...então, posso te dizer, nunca senti cheiro de maresia em uma garrafa de vinho. E, o dia que sentir, jogo fora porque é um vinho de merda!”.
E quem sou eu, nascida e criada na base do Château Duvalier que mamãe diluía com água e açúcar, pra discordar. Tim, tim!

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