Sair do armário é libertador.
Assumir que você vai votar num candidato do PT não é fácil. A pressão contrária é imensa.
As pessoas na sala de jantar presumem que por você estar ali, comendo o que eles comem, vestindo o que eles vestem, bebendo do mesmo vinho, você também tem que pensar igualzinho.
Qualquer questionamento gera desconforto e, muitos simpatizantes da estrela vermelha, pelo bem do encontro, preferem escutar a conversa em estado “Ohmmmmmm”, sem se manifestar.
Confesso que essa tem sido eu em muitos pleitos e rodas sociais. Mas dessa vez, escancarei. Saí do armário, mostrei quem sou, liguei o foda-se.
“Vou votar na Dilma!”
E o que aconteceu a seguir foi incrível.
Alguns amigos se afastaram. Tudo bem, não eram amigos.
Outros se aproximaram. Ueba, a fila andou e com gente bem mais interessante.
Alguns discordaram com todo respeito. Continuamos amigos e nossa amizade ganhou transparência e um carinho sincero.
Alguns me ofenderam. Esses devolvi pro Mark Zuckerberg sem direito a retorno. Ele saberá melhor do que eu o que fazer com eles.
Alguns surtaram, deram piti, se decepcionaram. A esses fortemente recomendo um psicólogo.
Uns poucos tentaram me reabilitar. E eu disse no, no, no.
E hoje, no dia derradeiro em que decidiremos o futuro da nossa amada e idolatrada nação, quero dizer que valeu muito a pena.
A vida fora do armário não é fácil, nem livre de questionamentos, mas é mais leve, corajosa, divertida e sempre aparecerá alguém pra te dar a mão e dizer “Tamujunto!”.
Agradeço aos meus amigos gays, às Gadus, Laertes e Willys dessa linda vida. Sempre que um de vocês assume, empoderam não apenas os homossexuais. O armário é imenso e tem gente de todo tipo.
Agradeço também azamigas ativistas, que me ensinam todos os dias que é preciso descer do muro e tomar partido. Literalmente.
Hoje vou votar na Dilma e, ganhe quem ganhar, saio dessa campanha me sentindo vitoriosa. Escolhi meu lado, o defendi e vivi uma experiência incrível de cidadania e de conhecimento. Não apenas próprio, mas também do Brasil, da sociedade que vai muito além dos muros do meu condomínio e das pessoas que estão ao meu redor.
O lado de fora do armário é bem maior que meu umbigo. E é desse lado que quero viver e criar meus filhos.
Comentários
E que ódio é esse aí do sr. anônimo logo na hora do almoço? eu, hein!
Beijo na bunda, querida
E tô contigo em todos os sentidos.
A gente tem que assumir nossa posição e encarar, afinal ninguém consegue manter a neutralidade por muito tempo...e quem consegue acho que tem uma vida infeliz.
Ontem votei Dilma e tô feliz dilmais com o resultado!
Beijos
Priscila Sant'Anna
Mas quando saí do armário geral, exigi respeito. Fui deixada de lado , xingada por primas queridas e tudo mais.
Deixei os insuportáveis grupos do whatsapp, as pessoas não tem menor noção de democracia e educação. Todos devem ser padronizados.
O melhor é que conheci muito bem as pessoas, fiquei seletiva e dispensei quem não me faz falta. Porque se a pessoa não consegue respeitar uma opinião política, não dá pra conviver. Ter amigos só para rir é coisa de criança.
Sair do armário é importante, porque acho que tem gente que vota naquele como quem compra a camiseta da moda só para ter a sensação de pertencimento.
Pra quem não quer ou não se sente na obrigação (porque não é mesmo) é uma imposição ou cobrança, que vai contra essa liberdade e diversidade que só existe na teoria, pois tudo é cartilha, ideologia, política envolvida.
O que temos que nos perguntar é: a quem beneficia sermos identificados?
Minha intimidade eu exponho SE quero com quem eu julgar capaz de respeitar e entender