Postagens

Bafômetro

Imagem
Bafômetro Mães se encontram para uma tarde de amizade e filhos. “Menina, te contei que fui parada na blitz do bafômetro?” “Não! E aí?” “E aí que eu estava voltando de um jantar e tinha tomado umas cervejinhas.” “Jura?! E você foi pega?” “Vai escutando…eu disse pro guarda que tinha visto um documentário sobre o assunto e que não era obrigada a produzir prova contra mim mesma.” “E ele?” “Ele riu e disse que ia ter que me levar. Não sei pra onde, mas ia me levar. Daí ele me perguntou, bem na boa, se eu tinha bebido.” “E você contou?” “Ah, contei que tinha bebido uma ou duas cervejinhas e que não ia fazer o teste nem morta. Ele foi bem solidário, sabia? Disse pra eu relaxar e soprar que podia dar bem baixo e isso não era tão grave. Eu pedi um tempo para pensar. Encostei o carro e fiquei ali parada sem saber o que fazer. Rezei pra tudo que é santo. Até que passou um tempo e ele voltou dizendo que não dava mais pra esperar. Ou eu soprava ou ele ...

TDAM - Transtorno de Déficit de Atenção de Mãe

Imagem
TDAM - Transtorno de Déficit de Atenção de Mãe O menino sempre foi muito esperto e inteligente. Mas não tinha uma relação tranquila com a escola. Apesar de mais velho da turma, foi um dos últimos a ser alfabetizado. Era distraído, irrequieto, ao mesmo tempo participativo, do tipo que sempre se destaca na classe, mas quando chegavam as notas, estava sempre na média, ou abaixo dela. Em casa, só parava quieto pra jogar videogame. A tarefa era um transtorno. Levava horas para fazer um exercício facilmente solucionável em 15 minutos. E sempre a pulso.  Os pais e a escola conversaram algumas vezes. A conversa sempre muito boa. O menino é mesmo desatento, nada fora do normal, mas é preciso sempre “buscá-lo”. Traçaram combinados de ações conjuntas. E tudo caminhou relativamente bem, respeitando-se o ritmo e o jeito do menino, até que veio o famigerado quarto ano. A escola construtivista não aplicava provas até o terceiro ano. Esse processo de avaliação iniciava-se a...

Miley Cirus, coma feijão.

Imagem
Miley Cirus, coma feijão. Família reunida em volta da mesa para o almoço de domingo. A pequena, de sete anos, começa a cantarolar uma música enquanto se move sensualmente na cadeira e lambe a colher de um jeito suspeito. Um segundo de constrangimento e a mãe entra em cena do jeito mais natural que consegue:  "Filha, que é isso?"  O primo, da mesma idade, responde por ela:  "Tá imitando aquela cantora que canta PELADA aquela música da bola."  "Ãhn?! Que música, que bola?"  As crianças descem da mesa e voltam correndo com um tablet.  "Olha, mãe, o vídeo da Miley Cirus...tá vendo..."  A família se reveza para assistir ao clipe que mostra a ex-personagem da Disney, Hanna Montana, balançando nua numa bola de demolição enquanto lambe um martelo de forma bem sugestiva. Tentando se recompor do susto por "aquilo" estar no tablet dos titicos, a cunhada comenta:  "Nossa, mas por que ela lambe ...

Quem escolhe a escola são os pais.

Imagem
Quem escolhe a escola são os pais. O menino chega em casa afoito:  - Mãe, no ano que vem, quero mudar de escola. Você me coloca no Octógono? - Ué, mas você adora sua escola! É por causa dos seus amigos, não? Alguns vão para lá no ano que vem e você não quer se separar deles.  - É, mãe. Todos os meus amigos vão estudar no Octógono e eu não quero ficar sozinho.  A mãe nega e a batalha começa. O menino pede, implora, tenta negociar, chora e faz malcriação. A mãe argumenta que ele fará novos amigos. Mas nada adianta e a insistência quase a leva à insanidade.  Ela se afasta aborrecida e quando a coisa esfria, chama o garoto pra uma conversa.  - Eu sei que você quer muito ir pro Octógono. É uma boa escola, alguns de seus amigos estão indo e você gosta demais deles. Também estou sabendo que um de seus melhores amigos vai pra lá e isso deve doer muito. Em você e nele. Mas, seu pai e eu levamos muito tempo escolhendo a escola que achamos ...

Mãe, você é incompetente.

Imagem
Mãe, você é incompetente. Você não vai conseguir parir. Mas não se preocupe, médicos treinados e maternidades equipadas tirarão esse bebezinho da sua barriga num piscar de olhos, sem correr risco de você atrapalhar o parto ou o final de semana da equipe.  Você não vai conseguir amamentar. Mas não se preocupe, multinacionais da maior idoneidade produzem mamadeiras e fórmulas sensacionais, que alimentarão seu bebezinho até melhor que essas suas tetas.  Você não vai conseguir cuidar da família e da carreira. Mas não se preocupe. Uma extensa rede de babás, berçários e escolinhas darão café da manhã, almoço, banho, janta e colo, para que seu filho cresça feliz e você não perca o foco.  Você não vai ter tempo para fazer comida caseira. Mas não se preocupe, nas prateleiras das melhores casas do ramo você encontrará potinhos de comida pronta tão deliciosa, que seu bebê nem vai perceber que não foi preparada na sua cozinha.  Você não vai conseguir ...

O lanche no lixo

Imagem
O lanche no lixo O menino começou a devolver a merenda sem comê-la. A mãe estranhou. Normalmente ele era morto de fome, mas o lanche, preparado com tanto carinho, estava voltando intacto. As desculpas habituais "eu tava sem fome", "quis jogar bola no recreio" não colaram. Uma observação atenta e ela percebeu que o adolescente estava com vergonha de levar lanche de casa. Abrir a mochila e enfrentar o olhar da galera diante de um sanduba no pão integral ou de uma fruta, para ele era a morte. Queria comer os salgados da cantina, como os demais colegas.  A mãe, do tipo natureba econômica, argumentou que o lanche que ela fazia era muito mais saudável que o da cantina e, além disso, ela e o marido suavam para pagar a escola particular. Lanche da cantinha era um luxo para os dias em que o despertador falhava e não dava tempo de preparar nada. Um empaca daqui, o outro dali e, passados seis meses de lanches devolvidos, a mãe desiste.  "Olha, ...

A namorada da filha do Sílvio.

Imagem
A namorada da filha do Sílvio. O garoto se aproxima da mãe com cara de aflito. "Mãe, segunda-feira vai ter balada teen no Puxadinho. O Thiago me convidou. Eu posso?" Pela expressão do garoto, a mãe percebe que ele queria muito ir e temia mais ainda que os pais não permitissem. "Balada teeen numa segunda-feira?" "Estamos nas férias, lembra? Deixa mãe, todos os meus amigos vão. E eu nem vou ter que pagar os 25 reais da entrada porque o bar é da namorada da tia do Thiago. Ela coloca nosso nome na lista." O menino continua explicando. Não ia ter álcool, maior de 18 anos não entra etc, etc, etc. Mas a mãe, a partir daí, só vê os lábios dele se movendo e não presta atenção em mais nada. Estava focada na descoberta da namorada, com A no final, da filha do Sílvio, amigo da família e avô do Thiago. Antes que transparecesse o que ia na mente, trata de encerrar o assunto com a resposta padrão para todas as situações saia justa da maternida...

"Filho, se vira."

Imagem
"Filho, se vira."  O menino sai da escola bravo e muito agitado.  "Mãe, me tira dessa escola! Me tira dessa escola, já!"  "Nossa! O que aconteceu?!"  "Eu não aguento mais uns meninos da minha classe. O Fulano e o Beltrano ficam me zoando! Mãe, me põe noutra escola, hoje!"  O mãe fechou os olhos por alguns segundos. Sempre havia sido muito solidária com as queixas do menino, conhecia seus problemas de relacionamento, mas dessa vez não sabia como reagir. Respirou fundo, seguiu sua intuição e a fala veio como se estivesse tomada por outro ser.  "Filho, senta aqui e preste muita atenção no que vou dizer. Eu e seu pai já fizemos tudo o que podíamos pra te ajudar com os amigos da escola. Já conversamos com professora, com coordenadora, te trocamos de escola o ano passado, tornamos a falar com professoras e coordenadoras dessa nova escola, juntamos a turma pra um cinema, convidamos amigos pra brincar em casa. Voc...

Meu filho, seu aluno. Seu filho, meu aluno.

Imagem
Meu filho, seu aluno. Seu filho, meu aluno. Minha irmã, educadora que atua na formação de professores, me conta que sua filhota, de 5 anos, lhe pediu que arrumasse emprego na escola onde ela estuda. Ela repete a justificativa da menina: "Assim, você vai ser minha professora. E eu vou ser sua aluna querida. Vou ser sua ajudante, vou pegar coisas pra você no armário, vou tirar xerox, apagar a lousa, sentar no seu colinho na hora da roda, passear no recreio de mãos dadas com você...nós vamos poder ficar juntinhas o tempo todo!" O lado educadora da minha mana explica: "Identifiquei nessa fala dela algo muito significativo...ela começa a perceber que há um espaço onde ela deixa de ser filha e passa a ser aluna. Olha que legal!" "Legal? Eu achei que ela estava era com saudade de você", comentei. Minha irmã sorri: "Numa análise superficial parece isso mesmo. Mas na verdade ela está é relutante em perder o status de filha. Filhos ocupam uma ...

Mercado Negro

Imagem
Mercado Negro O menino, de dez anos, sai da escola excitado. "Mãe, hoje vendi quatro cartelas de chiclete pros meus amigos! Comprei por um real na padoca e vendi por dois reais. Lucrei quatro reais, mãe!" "Ué, mas não tem uma regra que não pode vender coisas na sua escola?" "Mercado negro, mãe. Mercado negro!" Sem saber como reagir, a mãe decide dar corda para entender melhor a situação. "E ninguém dedurou você?" "Só vendo pros bico fechados. Os X9 da sala estão fora do negócio! Sabe a Fulana e o Sicrano, aqueles que contam tudo pra professora?..." "Sei..." "...então, combinamos de ninguém deixar eles saberem." "Caraca! To impressionada com essa história! Então, deu tudo certo?" "Deu...só tive problema com a Beltrana." A mãe logo pensa que filha de peixe, peixinho é. A mãe da menina, sua amiga, é uma grande ativista anticonsumismo infantil, batalhadora da alimentação...

O pote do palavrão.

Imagem
O pote do palavrão.  A situação na casa estava preocupante. A criançada falava palavrão o tempo todo. E não havia pito ou conversa que desse jeito naquela tropinha boca suja.  Preocupada com o rumo das coisas, a mãe propôs um jogo.  Toda vez que alguém falasse um palavrão, seu nome seria anotado num papelzinho e depositado num pote estrategicamente colocado sobre a estante, ao alcance de todos.  Ao final de sete dias, os nomes seriam contados. E os participantes teriam que pagar um real para cada vez que seu nome fosse para o pote. Resumindo: haveria uma multa de um real por nome feio falado naquela semana. As crianças adoraram a proposta, mas questionaram para quem iria o dinheiro. Houve um debate e ficou combinado que a grana seria gasta em um passeio em família, a ser escolhido por quem menos pontuou, ou seja, o mais boca limpa da casa.  Foi uma semana engraçada. Em meio às atividades, de repente, alguém dizia: "Opa! Falou palav...

O papa no inferno e uma mãe no paraíso.

Imagem
O papa no inferno e uma mãe no paraíso. Aos pais que pediram a censura da Divina Comédia, Quando a professora dos nossos filhos solicitou a leitura da Divina Comédia, do Dante Alighieri, festejei. Não sei se pelo livro em si, um clássico, escrito por um dos maiores autores da humanidade, ou pelo fato de nossos filhos estudarem numa instituição pública e a professora não subestimá-los, indicando um livro que, definitivamente, é para os fortes.  Como muita coisa na vida, minha excitação não contagiou meu filho. O fato do livro ter sido escrito há mais de 700 anos foi motivo para desmotivá-lo. Sem nem virar a capa, achou-o velho e chato. E congelou nisso. Tentei de todas as formas encorajá-lo, mas tudo o que eu dizia parecia dar a ele ainda mais argumentos para rejeitar a leitura.  Na semana passada, como um milagre, tudo mudou. Meu filho voltou para casa empolgadíssimo, contando que vocês se reuniram com a professora para exigir que ela mudass...